Com o argumento de que o governo colombiano realiza negociações paralelas com suas estruturas no departamento de Nariño, o Exército de Libertação Nacional (ELN) na última terça (20) anunciou que retiraria sua delegação da mesa de diálogos e advertiu que as conversações entrarão em uma fase de congelamento.
Depois de 15 meses de diálogos com uma delegação nomeada pelo presidente Gustavo Petro, os insurgentes se queixaram de que “tendo pactuado um processo nacional de participação da sociedade, o governo monta um diálogo regional em Nariño alheio ao processo nacional e desconhecendo a delegação do ELN e a mesa onde participa a comunidade internacional como garantia, assim como a ONU e a Conferência Episcopal Colombiana”.
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Em um comunicado de cinco parágrafos firmado por seu Comando Central, a organização guerrilheira também acusou ao governo, ao comissionado de paz, ao ex-guerrilheiro do M-19 Otty Patiño, às forças armadas e à polícia de cometer “ações que violentam o pactuado na mesa de conversações com a delegação oficial do ELN”.
Fontes próximas ao processo disseram ao La Jornada que o “ELN interpreta mal o fato de que o governo faça esforços para aclimatar acordos territoriais com o fim de diminuir os índices de violência e levar desenvolvimento às regiões mais afetadas pelo conflito armado”.
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No entanto, o ELN assegurou que já havia advertido no recente ciclo de diálogos realizado em Havana sobre esta situação, e revelou ter dito à delegação do governo que “seguir esse caminho faria o processo entrar em crise ao violar os acordos pactuados”. Segundo o Comando Central dos rebeldes “era algo que se previa”.
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Foto: Delegación de Paz del Gobierno de Colombia
Os diálogos com o ELN fazem parte da estratégia governamental denominada Paz Total
Situação de congelamento
Em declarações ao La jornada, Danilo Rueda, que atuou como comissionado de paz até novembro de 2023, afirma que faltou transparência ao pronunciamento dos elenos (como se conhece popularmente esta guerrilha) e assegurou que “é possível reconduzir a situação de congelamento para fortalecer a mesa de diálogos”.
Desde novembro de 2022, quando se iniciaram as conversações formais em Caracas, o governo e o ELN tiveram seis ciclos de trabalho, dois deles no México, dois em Havana e um na capital venezuelana, logrando avanços importantes como a participação de amplos setores sociais no processo e – sobretudo – um pacto de cessar-fogo que já completa quase sete meses.
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Não obstante, também houve momentos críticos, como o registrado após o sequestro, em setembro de 2023, de Manuel Diaz, pai do ídolo de futebol local Luis Diaz, que desatou um forte rechaço da sociedade colombiana e pôs sobre a mesa o espinhoso tema do uso dos sequestros como método para obter finanças.
Os diálogos com o ELN fazem parte da estratégia governamental denominada Paz Total, que inclui a aproximação com a complexa amálgama de grupos armados irregulares que operam em campos e cidades da Colômbia.
Além da mesa com os elenos, há conversações formais com duas dissidências das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) que se negaram a se juntar aos acordos de paz de 2016: o denominado Estado Maior Central (EMC) e a Segunda Marquetália, liderada por Iván Márquez.
Jose Enrique Botero | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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