Na segunda-feira (3), Daniel Noboa anunciou a aplicação de uma tarifa de 27% aos produtos que o Equador importa do México, país com o qual rompeu relações diplomáticas em 5 de abril de 2024, após a invasão à embaixada em Quito.
Para o mandatário equatoriano – em plena campanha para sua reeleição –, o objetivo é “promover nossa indústria e garantir um tratamento justo para nossos produtores”, afirmou em uma mensagem na rede social X. “O Novo Equador (lema de sua campanha) sempre esteve aberto à integração comercial, mas não quando há abuso”, escreveu.
Sem esclarecer qual foi o abuso, acrescentou: “Ratificamos nossa postura de firmar o Tratado de Livre Comércio com o México. Mas, até que seja concretizado e seja uma realidade, vamos aplicar uma taxa de 27% aos produtos que importamos, com o objetivo de promover nossa indústria e que exista um tratamento justo aos nossos produtores”.
Vale lembrar que, no governo de Guillermo Lasso, as negociações para um acordo comercial com o México chegaram a 99%, segundo as autoridades equatorianas. No entanto, em dezembro de 2022, os dois governos decidiram não concluir o acordo. O próprio ministro de Comércio Exterior da época, Julio José Prado, afirmou que as negociações não foram finalizadas por decisão do então presidente Andrés Manuel López Obrador, que não permitiu o acesso de bananas e camarões equatorianos ao México, com preferências tarifárias.
Equador sai perdendo
Agora, o próprio Prado questiona a decisão de Noboa: “Impor tarifas de 27% ao México não faz o menor sentido e é um péssimo precedente. Afeta muito mais o Equador do que o México. E deixa mais interrogações e incertezas”.
O Equador tem uma balança comercial negativa com o México. Entre janeiro e novembro de 2024, as importações do país totalizaram 573 milhões de dólares, enquanto as exportações chegaram a 337 milhões de dólares, segundo o Banco Central. O Equador importa do México principalmente produtos farmacêuticos, máquinas e aparelhos mecânicos, veículos e autopeças, máquinas e aparelhos elétricos, além de cosméticos.
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Por isso, a maioria dos analistas concordam que a aplicação de uma tarifa de 27% será sentida com muito mais força no Equador do que o México, uma vez que, com essa medida, subiriam os preços dos produtos afetados ou se tornariam escassos no mercado.
O ex-ministro Prado afirmou ainda: “a medida não protege nossa indústria, encarece a muitas delas o acesso a insumos, afeta o consumidor, e gera um regresso sem sentido às estratégias fracassadas de substituição de importações”.
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