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ToggleConflitos armados, em especial durante a era da comunicação globalizada, acabam impactando a cobertura de muitos veículos jornalísticos, em especial daqueles que têm a capacidade de atingir um grande público. Diferente do que muitos podem pensar, veículos de comunicação de massa acabam não sendo imparciais, como muitas vezes gostam de aparentar. Em especial, as grandes empresas privadas do ramo possuem seus interesses e alianças. No caso da grande mídia brasileira, é histórica a sua aproximação e cooperação com grandes veículos de países do chamado Ocidente, a exemplo de EUA e países da Europa Ocidental. Quando o assunto é o conflito entre Rússia e Ucrânia, é clara a preferência destas empresas pelas versões que exaltam e focam atenção na experiência ucraniana, não permitindo ao lado russo mostrar a sua realidade dos fatos.

Neste ano, a Revista Intertelas participou de uma teleconferência realizada no dia 5 de junho de 2025, em que a temática foi a libertação de Kursk. Essa região da Rússia foi invadida e ocupada por uma ofensiva das forças armadas ucranianas, no período de 2024 a 2025. Este fato demonstrou que, muito além de se defender, a Ucrânia parece ter o objetivo de também atacar. Conforme será exposto nesta publicação, soldados ucranianos cometeram crimes contra a população civil local. Os relatos dos acontecimentos, em especial dos residentes que testemunharam e sofreram com as atrocidades cometidas, precisam ser também divulgados, para que o público em geral possa ter uma visão maior e mais detalhada do contexto presente de uma guerra que já impactou a economia e a estabilidade global de forma profunda.
O dia 26 de abril de 2025 foi um dia histórico para as Forças Armadas da Federação Russa, pois derrotaram os grupos armados ucranianos que haviam lançado a incursão em terras russas. Ao abrir a teleconferência, a chefe da Delegação da Federação Russa para as Negociações de Viena sobre Segurança Militar e Controle de Armas, Iulia Zhdanova, relembrou que a região de Kursk foi centro de batalhas estratégicas contra as forças da Alemanha nazista, durante a Segunda Guerra Mundial. Décadas depois, mais uma vez, a localidade serviu de cenário para novos ataques que, tanto do ponto de vista ideológico, quanto das ações cometidas remontam ao período de extrema violência do passado.

Conforme Zhdanova, o regime de Kiev agiu de forma terrorista. “Este ataque foi apresentado à comunidade global como uma operação para demonstrar a capacidade militar do exército ucraniano e melhorar as posições de negociação da Ucrânia. No entanto, os civis tiveram que abandonar suas casas, perderam o contato com seus parentes e, durante os combates da ocupação, enfrentaram atrocidades e torturas por parte de combatentes ucranianos. No estágio atual, a propaganda ucraniana e ocidental tentou ocultar os crimes do regime de Kiev. Infelizmente, essas atrocidades são ignoradas pelas organizações internacionais, incluindo as Nações Unidas e a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa”.
Já o embaixador-geral do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Rodion Miroshnik, que representou a República Popular de Lugansk e o subgrupo político do Grupo de Contato sobre a Ucrânia, buscando soluções políticas e diplomáticas para a futura coexistência pacífica entre Donbass e a Ucrânia, salientou que o ataque ucraniano durou quase nove meses e atingiu em torno de 200 mil civis. Conforme ele, mais de 155 mil pessoas foram evacuadas da região, capturadas por combatentes ucranianos ou sofreram em áreas inseguras devido aos constantes bombardeios e provocações das unidades armadas da Ucrânia. De acordo com ele, não foi por acaso que a cidade de Sudzha foi escolhida como ponto de partida para a incursão, pois o país possuía um gasoduto operacional importante que bombeava 40 milhões de toneladas de gás natural por dia da Rússia para a Europa.


Ainda de acordo com ele, saques desenfreados ocorreram nas moradias que os combatentes conseguiam alcançar e, depois que os objetos de maior valor foram levados pelos militares, para concluir o trabalho, nas aldeias saqueadas, grupos inteiros de civis foram levados. Depois disso, as aldeias saqueadas foram incendiadas rua por rua, usando drones e lança-chamas portáteis.
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Nas palavras de Miroshnik, um Comitê de Investigação instaurou 480 processos criminais e 186 acusações criminais foram levadas aos tribunais. 87 foram concedidas e sentenças foram proferidas contra 162 pessoas. O número exato de mortos e torturados por combatentes ucranianos só será conhecido após o fim da investigação. Ele conclui:
Representando a alta comissária para os Direitos Humanos na Federação Russa, Tatiana Moskalkova, Sergei Romanovitch relatou que sua equipe tem trabalhado intensamente, e não apenas fornecendo ajuda humanitária. Entre as demais iniciativas estão a reacomodação temporária de 2 mil pessoas, a busca por desaparecidos e o auxílio em trazer de volta para a Rússia cidadãos que foram levados para a Ucrânia pelos soldados invasores.

Os relatos dos sobreviventes
Nikolai Ivanovitch Kozlov não conseguiu fugir quando as tropas ucranianas chegaram a sua aldeia, onde diversas casas foram saqueadas.
O mesmo grau de violência e barbárie foi relatado por Elena Ivanovna Zhadanova, chefe do Conselho do Distrito de Sudzhanski, na região de Kursk. Segundo ela, desde os primeiros dias da invasão pelas forças armadas ucranianas, diversos assentamentos, principalmente as aldeias de Ivashkovskii, Pravda, Cherkasskoe, Porechnoe, Russkoe Porechnoe, Kasitsa, Kireevka, Bakhtinka e Leontvika foram ocupados.
Conforme Zhadanova, os sobreviventes contaram histórias realmente assustadoras, como a de moradores que permaneceram na região e sofreram ataques de drones FPV. Famílias inteiras foram mortas. Segundo ela, os soldados ucranianos não deixaram os moradores nem pegar água nos poços próximos, limitando muito liberdade de ir e vir.
Elena Anatolyevna Drugan, que foi atingida por tiros, teve de fugir de seu prédio que colapsou após uma explosão, e viu pessoas serem mortas, também descreveu seus momentos de horror para o público. Nas palavras dela, os soldados chegaram no dia 6 de agosto de 2024. Por dois meses, eles não permitiram que sua família fosse ao centro da cidade para pegar mantimentos.
O pai de Drugan ficou com parte do corpo paralisado durante a ocupação e teve assistência de uma ajudante, chamada Olga. De acordo com Drugan, ela permaneceu em uma nova casa com outras pessoas e seu pai ficou morando em outro imóvel com outras pessoas e a ajudante.


A responsabilidade do ocidente e o apoio da Otan
Para o especialista e autor de publicações sobre conflitos armados recentes e sobre a história das Forças Armadas da Federação Russa, Ivan Konovalov, a incursão na região de Kursk foi, na verdade, uma ação de relações públicas de Zelensky e seus cúmplices. Contudo, em vez da demonstração de conquistas militares, a Ucrânia perdeu a iniciativa militar na linha de conflito e, sob pressão das forças militares russas, foi forçada a recuar.
🚨NATO must be held RESPONSIBLE for supplying weapons to Ukraine – 🇷🇺Military analyst at Int’l teleconference on ‘Liberation of Kursk Region’ pic.twitter.com/lzZculzukI
— Sputnik India (@Sputnik_India) June 5, 2025
Já o chefe do Departamento de Projetos Especiais do Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos na Federação Russa, Igor Kashin, apresentou uma análise jurídica da situação. Para além de violações das Convenções de Genebra e outros protocolos internacionais, ele disse que evidências foram submetidas à ONU e ao TPI, contudo não resultaram em ações concretas dessas organizações. Por fim, Olga Kirii, cineasta e documentarista russa, apresentou em suas imagens um cenário de devastação com escolas destruídas e residências e prédios em chamas. O documentário, que você pode conferir com áudio e legendas em inglês ao clicar na imagem abaixo, conta com depoimentos de soldados ucranianos admitindo terem matado, estuprado, roubado e atacado civis. Seu filme retrata uma realidade que muitos no ocidente pareceram querer ignorar, ou pior, escolheram compactuar com mais uma barbárie histórica contra inocentes.
