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Três empresas controlam US$ 22 tri nos EUA, fortuna equivalente ao PIB estadunidense

BlackRock, State Street e Vanguard são ainda as maiores acionistas entre os principais setores econômicos, de bancos e farmacêuticas à agroindústria
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Três empresas administradoras de ativos em Wall Street hoje controlam fundos equivalente a quase o produto interno bruto dos Estados Unidos, concentrando um imenso poder econômico e político em um momento em que “nunca na história dos Estados Unidos tão poucos foram donos de tanto e tiveram tanto poder sobre nossa economia”, declarou o senador Bernie Sanders.

Em uma audiência perante o Comitê do Orçamento que ele preside, Sanders agregou que BlackRock, State Street e Vanguard controlam US$ 22 trilhões em ativos – pouco menos dos quase US$ 24 trilhões que é o PIB dos Estados Unidos e uma cifra que é 5 vezes o PIB da Alemanha.

Estas três empresas são os principais acionistas em mais de 96% das 500 empresas do índice S & P na Bolsa de Valores. São os maiores acionistas em quase todos os principais setores econômicos, desde bancos, linhas aéreas, farmacêuticas, hospitais e agroindústria, informou o senador.

Estas administradoras massivas de fundos de investimento, junto com as firmas de fundos de capital privado, às quais chamou de “fundos abutres”, também controlam aproximadamente 50% dos periódicos do país. A tomada de empresas por estes fundos de capital privado resultou na anulação de quase 1,3 milhões de empregos, o fechamento de mais de 20 mil lojas, e ao controlar cada vez mais o mercado de bens raízes nas cidades, elevaram os aluguéis em até 30%.

Sanders sublinha que nem o Congresso nem os meios falam o suficiente sobre “a incrível concentração de poder em um punhado de firmas de investimento de Wall Street sobre nossa economia inteira e o impacto que têm sobre trabalhadores, consumidores e quase todos em nosso país”. 

Como exemplo das consequências do manejo econômico destas grandes administradoras de investimentos privados, Sanders convidou o presidente do sindicato nacional de mineiros(UMWA), Cecil Roberts (de uma família de 6 gerações nas minas) e Braxton Wright, um dos mais de mil mineiros que estiveram em greve em uma mina de carvão no Alabama por mais de 11 meses. 

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Afirmou que os executivos da empresa mineira e os executivos em chefe de Blackstone e Apollo, duas das firmas de Wall Street que compraram a mineradora, declinaram o convite a se apresentar a esta audiência, mas estes dois mineiros “não tiveram medo de apresentar-se diante do público e responder perguntas”. 

BlackRock, State Street e Vanguard são ainda as maiores acionistas entre os principais setores econômicos, de bancos e farmacêuticas à agroindústria

aga2rk – Pixabay
Quantia de US$ 22 tri controlada por empresas equivale a 5 vezes o PIB da Alemanha

Trabalhadores em greve

Os trabalhadores explicaram que se declararam em greve para recuperar uma remuneração justa e melhores condições de trabalho depois de há cinco anos terem feito concessões para ajudar a salvar a empresa com o acordo de que seus sacrifícios seriam temporários.

Mas quando as grandes firmas de investimentos de Wall Street compraram a mineração Water Energy em 2016 quando ela se declarou em bancarrota e a converteram em Warrior Met, com a ajuda dos tribunais cancelaram o contrato coletivo, reduziram em 20% os salários, anularam licenças médicas e benefícios de aposentadoria, incluindo 2.800 mineiros já aposentados. 

“Podem imaginar tratar de negociar com alguém que chegou de Nova York para tomar as minas, que não sabe de que cor é o carvão, que não tem ideia do que acontece em uma mina de carvão?”, perguntou Roberts. “Só sabem que havia que lucrar aqui, e depois vão embora”. E isto ocorreu em umas 60 minas de carvão nas Appalachia, afirmou.

“A empresa à qual ajudei a ganhar bilhões durante a última década deu as costas aos trabalhadores durante nossa greve… Mas continuaremos lutando por nossos irmãos e irmãs no UMWA… aí e em outras minas… continuaremos falando contra a exploração de trabalhadores por empresas financiadas pelas firmas de fundos privados [de Wall Street]”, agregou Braxton.

Trabalho escravo

Braxton declarou diante dos senadores que as jornadas chegaram a ser de 12 horas, às vezes 6 ou 7 dias por semana e enquanto isso, os investidores elevaram a dívida e distribuíram entre eles uns 800 bilhões de dólares. Diante de tudo isso, explodiu a greve. 

A senadora Elizabeth Warren assinalou que isto é o que fazem estas firmas de investimento privado de Wall Street ao redor do país, custando empregos, benefícios e gerando um deterioro em condições e qualidade. 

A economista Nomi Prins, uma das críticas mais reconhecidas de Wall Street a qual foi anteriormente diretora administrativa em Goldman Sachs e trabalhou em níveis altos de outras empresas financeiras, sublinhou na audiência que as empresas gigantescas de investimento e administradoras de fundos têm “uma magnitude de influência sobre valores e empresas que não tem comparação histórica”.

Embora “os bancos de Wall Street permaneçam tão poderosos e influentes como sempre…agora, administradoras de valores… com trilhões de dólares à sua disposição se tornaram mais influentes em governos e nas entidades reguladoras responsáveis por mantê-las sob controle”, agregou. 

Prins informou que na cume desta hierarquia financeira está BlackRock, “um Golias financeiros que maneja 10 trilhões em ativos, isso é mais dinheiro que o tamanho do PIB de qualquer país do mundo, outro que não a China ou os Estados Unidos”.

Adverte que essa magnitude de poder destas empresas “representa uma influência tipo monopólio sobre a competição de ativos e transações e eleva o risco sistêmico enfrentado pelo sistema financeiro global, deixando as pessoas comuns, investidores individuais, trabalhadores…expostos ao risco que representam estas instituições multibilionárias”.

Na quarta-feira, perante o plenário do Senado, Sanders “parabenizou a classe multimilionária, informando que “vocês são donos de mais renda e riqueza em termos de porcentagem do que em qualquer momento na história dos Estados Unidos… 1% agora tem mais riqueza que 92% da população”.

David Brooks é correspondente do La Jornada em Nova York.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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