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"A memória é uma ferramenta de transformação. Mujica compreendia isso como poucos" (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

Tributo e gratidão: série “Operação Condor” vai dedicar episódio à memória de Pepe Mujica

Pepe Mujica "viveu para que nunca nos esquecêssemos da importância da democracia, da verdade, da memória e da justiça", afirmam diretores

Guilherme Ribeiro
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

Em homenagem ao ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica, que morreu aos 89 anos nesta terça-feira (13), no Uruguai, os diretores da série “Operação Condor” anunciaram a dedicação de um dos episódios da produção ao revolucionário uruguaio.

Segundo Cleonildo Cruz e Luiz Gonzaga Belluzzo, Mujica “foi muito mais que um presidente: um símbolo ético e humano da América Latina” que, “após a redemocratização, converteu sua dor em ação transformadora”.

Como presidente da nação sul-americana, Pepe optou por um “estilo de vida simples e compromisso profundo com a justiça social”, acrescentam os produtores: “Viveu com coerência, doando a maior parte de seu salário, morando em uma chácara modesta e dirigindo um fusca azul”.

O capítulo dedicado a Pepe, intitulado “Uruguai: Voos da Morte”, será o quarto da série “Operação Condor” e vai abordar os crimes cometidos durante a ditadura uruguaia, como os voos clandestinos que lançavam presos políticos ao mar, revelando os mecanismos do terror, mas também a resistência e a dignidade daqueles que ousaram enfrentá-lo.

Ex-integrante do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros, Pepe resistiu ao regime, sendo preso e submetido a mais de 12 anos de cárcere sob condições brutais. Sobreviveu, retornou à política e, como presidente, legalizou o casamento igualitário e o aborto e regulamentou o uso da cannabis — sempre guiado por princípios de liberdade, responsabilidade e dignidade humana.

Leia mais sobre Pepe Mujica na Diálogos do Sul Global

Nesse sentido, a decisão de homenagear Pepe Mujica, afirmam os diretores, é uma demonstração profunda de reverência e compromisso com a memória histórica. “Ele viveu para que nunca nos esquecêssemos da importância da democracia, da verdade, da memória e da justiça — e para que ninguém mais tivesse que viver o que ele viveu”, observam.

Ainda segundo Cruz e Gonzaga, o legado de Mujica é um chamado à consciência latino-americana e ao repúdio permanente a qualquer forma de autoritarismo: “Nosso compromisso é seguir seu exemplo, fazendo da arte um instrumento de resistência, verdade e reparação histórica.”

Pepe Mujica, presente! Hoje e sempre!


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Guilherme Ribeiro Jornalista graduado pela Unesp, estudante de Banco de Dados pela Fatec e colaborador na Revista Diálogos do Sul Global. Mais conteúdos em guilhermeribeiroportfolio.com

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