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ToggleQuando se fala de República Dominicana, muitos a associam de imediato a suas praias, entre as mais belas do Caribe, mas também ao merengue, um contagiante ritmo considerado a dança nacional.
Apesar das tentativas de colonização cultural dos Estados Unidos sobre a América Latina e o Caribe, os povos destas regiões defendem suas raízes que, até hoje, em sua maioria, dominam a arte nacional. Os habitantes da República Dominicana assumem com orgulho sua soberania e identidade própria, ainda que, em sua história, a presença estrangeira tenha sido notável (incluindo guerras e invasões estrangeiras, entre elas a dos Estados Unidos, em 1965).
A população dominicana atual, estimada em cerca de 11 milhões de pessoas, é alegre e calorosa e, como ocorre em outras nações integradas por distintas culturas, gosta especialmente de música e dança.
Os dominicanos curtem seus ritmos, em que se mesclam os instrumentos trazidos da África, França — pela influência da colônia europeia na vizinha Haiti — e Espanha, via territórios próximos, como Cuba, Colômbia e Venezuela.
Alguns historiadores indicam que o merengue tomou o nome emprestado de um doce da época em que surgiu, em meados do século 19, e outros afirmam que procede dos vocábulos muserengue ou tamtan mouringue, conhecida dança de algumas culturas africanas trazidas por pessoas escravizadas das costas da Guiné, e que se espalhou pelos territórios próximos.
Dia do Merengue
O dia 23 de junho foi declarado o Dia do Merengue, coincidindo com a história e a origem desta música, segundo conclusões oficiais. A data recorda o nascimento do coronel dominicano Juan Bautista Alfonseca, em 1810, reconhecido pelos historiadores locais como o primeiro intérprete e compositor do ritmo. No entanto, em círculos intelectuais ainda existem outras teses que mostram dúvidas a respeito.
Alguns, como a musicóloga Flérica de Nolasco, defendem a autoria de Alfonseca, enquanto outros creem que sua origem e seu aparecimento nunca poderão ser conhecidos com exatidão, como afirma o compositor de música folclórica Julio Alberto Hernández.
O jornalista e intelectual Rafael Vidal considera que nasceu como melodia crioula, depois da batalha travada contra invasores haitianos, de que Alfonseca participou.
Por sua vez, o folclorista, ensaísta e pesquisador Fradique Lizardo defende que vem de uma música cubana, pois uma de suas partes era conhecida como merengue. A URPA de Havana passou a Porto Rico e daí a outras ilhas do Caribe.
Merengue repudiado
O que concordam os estudiosos é que, em 1844, a contagiante melodia — que atualmente tem sua versão hip-hop — era repudiada pelas elites dominicanas, e só seis anos depois passou das zonas rurais às urbanas para deslocar a também famosa Tumba francesa.
As primeiras composições do merengue são atribuídas ao coronel Alfonseca (1810-1875). Ele, como músico, levou sua inspiração ao pentagrama, segundo afirma o jornalista dominicano Beltrán Nicolás de Nagua.
Depois da troca de impropérios contra as melodias merengueiras e depois de ser aceito e bem acolhido pela sociedade elitista, o coronel escreveu peças com títulos muito populares como “¡Ay, Coco!”, “El sancocho”, “El que no tiene dos pesos no baila”, e “Huye Marcos Rojas que te coge la pelota”.
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A estrutura musical do merengue constava de passeio, corpo e agitação. A música, desde suas origens, se escreve em um ritmo de 2 x 4, e as letras que a acompanham são comuns e divertidas na arte popular.
Em princípio, os intérpretes o tocavam com bandurrias, o Três e o Quatro. Mas depois adotou o Cibao (Santiago de los Caballeros), o acordeão diatônico de origem alemã, que por seu fácil manejo deslocou a bandurria.
Sempre juntos
Um dos elementos que deslocou a Tumba foi o jeito de dançar o merengue, que se mantém até hoje, com uma coreografia reduzida e sensual, em que o casal nunca se separa e todo o movimento passa por cadeiras e tornozelos, em cadência para a esquerda e para a direita. Podem girar, caminhar de lado e até se soltar, mas sempre de mãos dadas.
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Famosos artistas como Olga Tañón, Marc Anthony (os dois porto-riquenhos) ou o dominicano Juan Luis Guerra têm o merengue entre seus temas de êxito.
Na República Dominicana, continua sendo o prato forte das festas. Um ritmo que passou por séculos, sem perder sua essência e seu sabor.