Conteúdo da página
ToggleA guerra se perfila perigosamente no horizonte dos povos, não só como uma ameaça imensa, mas também como uma realidade tangível.
Além dos discursos incendiários, das ameaças agressivas e das proclamações exaltadas, estão os fatos, e eles se expressam em cidades bombardeadas, céu iluminado por mísseis e explosões, numa crescente soma de mortos e afetados pela insensatez de um conflito que se desenvolve pela vontade de alguns, mas que compromete a sorte de muitos.
A guerra – costuma-se dizer – é um fenômeno em que pessoas que se odeiam não se enfrentam; e em que pessoas que não têm razão alguma para se odiar, se enfrentam e se matam.
Essa é um pouco a diferença entre governantes que orquestram operativos militares e governados que simplesmente vão à frente com a ideia de que acabar com a vida do rival será o único modo de assegurar a própria vida.
Irã, a fortaleza persa
Hoje ninguém duvida de que a guerra escalou um passo mais alto desde que Israel atacou de surpresa o Irã – um país muito rico em petróleo e urânio – provocando inclusive a morte de cientistas nucleares altamente qualificados e de chefes revolucionários de primeiro escalão, como o comandante geral da Guarda Revolucionária Islâmica, Hossein Salami.
Curiosamente, o Irã não é propriamente uma nação árabe, mas persa, com cultura e história próprias, e que por optar por soberania e independência, carrega sobre os ombros o mesmo ódio dirigido por Israel.
Terra de Dario – “aquele que busca sempre o bem” – a Pérsia de hoje é um dos países mais importantes da região e um dos mais poderosos. Une às riquezas naturais que possui uma vasta cultura, uma história lendária e um povo igualmente lendário que se abriu caminho lutando duramente contra a adversidade.
Ainda se recorda a tragédia de Mohammad Mosaddegh, derrubado por um golpe de Estado em agosto de 1953, preparado pela inteligência britânica e pela CIA, por ter nacionalizado o petróleo. Hoje, além do petróleo, o Irã tem urânio. E por isso é um bocado saboroso e apetecido pelo “Ocidente”.
O governo sionista de Israel, melhor armado e com mais experiência de guerra que seu adversário de hoje, decidiu golpeá-lo de surpresa, atacando o regime dos aiatolás.
Aparentemente, apenas Donald Trump sabia da ação, motivo pelo qual determinou a retirada de seu pessoal diplomático de Teerã 24 horas antes que caíssem os primeiros projéteis enviados desde Tel Aviv.
Forças subestimadas
Desde então, não cessaram os ataques, nem sobre o céu iraniano, nem sobre o céu israelense. E a destruição registrada em um e outro país tem sido tão ostensiva que ninguém pôde ocultá-la. Pela primeira vez, Netanyahu encontrou verdadeira resistência.
Em suas incursões anteriores, destinadas a bombardear solo palestino, tudo lhe saiu mais fácil. As crianças não lhe responderam com fogo cruzado. Simplesmente morreram.
Agora os habitantes de Israel têm que suportar, como nunca antes, o ataque de adversários decididos e bem armados, que não estiveram dispostos a lhes ceder a iniciativa e lhes responderam golpe a golpe. Dotados de mísseis balísticos de primeiro nível, os governantes de Teerã jogaram de igual para igual com seus pares de Tel Aviv na cancha da morte.
A crise gerou o alinhamento automático das forças que operam no âmbito mundial. Rússia e China expressaram sua vontade solidária com o país atacado. A mesma predisposição veio da República Popular Democrática da Coreia e, naturalmente, do Vietnã. Mas o mundo árabe, incluindo a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, também fechou filas com a antiga Pérsia.

Os governantes de Israel – a camarilha sionista de Netanyahu – parecem não se dar conta da magnitude da força que têm pela frente. E por isso cometem erros quase infantis: recentemente enviaram à China aviões caça furtivos para missões de espionagem. Detectados, estes foram apagados do espaço, como se nunca o tivessem visitado. E isso deve ser levado muito a sério por aqueles que os enviaram para uma morte certeira. Parecem não ter consciência de que, num enfrentamento com a República Popular da China, não durariam nem cinco minutos.
Ucrânia, uma guerra perdida
De todo modo, Israel tem aliados. Os Estados Unidos são o primeiro, mas também a União Europeia e a Inglaterra. Por ora, essa aliança anda ocupada na Ucrânia, onde sabem que têm uma causa perdida, mas ânimo bélico não lhes falta. Soma-se também a Argentina de Milei, que se sente parte do trio de uma amarga aliança. Um trípode sinistro, com Israel e os Estados Unidos.
A Casa Branca, principal aliado de Israel, não está em seu melhor momento. E não é para menos: enfrenta duras crises econômicas, sociais e políticas, além de ser golpeada por severas contradições internas que a levaram a um sério enfrentamento entre o governo federal e a administração estadual da Califórnia, que encontrou respaldo em vastas regiões e numerosas cidades da União.
Irã, China e Nova Rota da Seda: entenda como agressão de EUA/Israel também mira o Brics
Hoje, curiosamente, nas terras do Tio Sam, a instabilidade e o desgoverno são expressões paralelas. Nas ruas, há violência e caos. Também morte – e nos mais altos níveis.
A Ucrânia, governada por uma tenebrosa camarilha neonazista, perde a cada dia dezenas de quilômetros no território que formalmente administra. Na prática, o avanço das tropas russas por aquele solo torna-se indetenível. Por saberem disso, os meios de comunicação optaram por se calar, uma sutil maneira de “defender” a liberdade de imprensa: reservar-se o direito de não informar quando estão perdendo.
Que tal acompanhar nossos conteúdos direto no WhatsApp? Participe do nosso canal.
É previsível que, em algumas semanas, Zelensky se veja forçado a capitular ou fugir. Sua administração já não se sustenta. E seus próprios aliados lhe vaticinam uma derrota anunciada.
Não obstante, a grande estratégia do Império não mudou. Em Washington, continua-se pensando que a guerra já iniciada culminará no enfrentamento com a China. Resta se perguntar, no entanto, se o mundo chegará a esse momento ou se perecerá antes, vítima da carga nuclear que hoje assoma na ponta dos mísseis.
Terrorismo, estupros, torturas: o que não te contaram sobre a ofensiva “ucraniana” em Kursk
À medida que passam os dias e se tensionam ainda mais as relações entre os Estados beligerantes, aumentará o risco à sobrevivência da humanidade.
Neste contexto, a bandeira dos povos é a paz. No entanto, é lícito recordar também a diferença que fez Lenin entre guerras justas e guerras injustas. A agressão israelense contra os povos árabes e contra o Irã é o típico exemplo de uma guerra injusta.
E a que enfrenta o Irã, em defesa de sua independência e soberania, ou o povo palestino, por seu direito a existir, são guerras justas.
E também é justa – justíssima, sem dúvida – a que o mundo trava contra o ressurgimento do fascismo. Não devemos esquecê-lo.