A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) emitiu um alerta sobre os prejuízos cada vez mais crescentes aos que estão expostos os países dependentes da exportação de produtos básicos.
Segundo a diretora da Divisão de Comércio Internacional e Produtos Básicos, Pamela Coke-Hamilton, quando a economia de um país não é diversificada, fica à mercê das flutuações dos preços do mercado internacional.
“Quando os preços baixam, o emprego, as exportações e os ingressos sofrem”, disse.
A Unctad define um país como dependente dos produtos básicos quando eles representam mais de 60 por cento de suas exportações totais de mercadorias em termos de valor.
Abordar o desafio que significa a dependência dos produtos básicos é fundamental em qualquer esforço significativo para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, desde reduzir a pobreza e promover a igualdade até proteger o planeta e preservar a paz, reconheceu Coke-Hamilton
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"Quando os preços baixam, o emprego, as exportações e os ingressos sofrem”
Cinquenta e quatro por cento de todos os países dependem dos produtos básicos. No entanto, só 13 por cento dos países desenvolvidos, inclusive Austrália, Nova Zelândia e Noruega, se encontram nesta situação.
Em contraste, esta proporção aumenta a 64 por cento para os países em desenvolvimento, e é ainda maior, 85 por cento, para os países menos desenvolvidos do mundo. Em outras palavras, quanto maior é a dependência, menor é o desenvolvimento do país, medido por seu Produto Interno Bruto (PIB) per capita, argumentou.
Em certos casos, a dependência é extrema. Existem 35 países no mundo para os quais mais de 90 por cento de suas exportações são produtos básicos.
Em Angola, Iraque, Chade, Guiné-Bissau e Nigéria essa participação superou os 98 por cento e, em alguns casos, um só produto constitui mais de três quartos de todos os ingressos de exportação, revelou Coke-Hamilton.
De acordo com uma pesquisa da Unctad, as nações cujos ingressos procedem fundamentalmente de bens derivados do setor primário, tais como produtos agropecuários, pesqueiros e minerais aumentaram de 92 entre 1998 e 2002 a 102 entre 2013 e 2017.
Segundo revelou Coke-Hamilton, entre 2008 e 2017, a dívida externa de 17 países em desenvolvimento que dependem dos produtos básicos aumentou em mais de 25 por cento do PIB. Na Mongólia, o caso mais extremo, a relação da dívida diante do PIB disparou de 39 por cento a 245 por cento.
Existe uma necessidade urgente de ajudar os países em desenvolvimento a diversificar suas economias e aumentar o valor de suas exportações. A vulnerabilidade desses países se converterá na vulnerabilidade de nossas ambições de desenvolvimento, entre elas, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, concluiu a funcionária.