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Toggle- Atualizado em 25/02/2025 às 12h30.
O ministro de Relações Interiores da Venezuela, Diosdado Cabello, informou na última quinta-feira (13) que foi desmantelado um plano terrorista de um setor direitista da oposição para desestabilizar o Governo de Nicolás Maduro, que teria contado com financiamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid, na sigla em inglês).
Cabello mostrou um vídeo onde uma pessoa que foi detida explicou a relação desta tentativa — de atentar contra unidades militares e sequestrar um magistrado venezuelano — com o roubo de um lote de armas realizado em 2019, no estado Bolívar, no sul do país.
Segundo seu testemunho, depois de cometer o roubo de armamento na Venezuela, os envolvidos teriam se deslocado para a cidade fronteiriça brasileira de Manaus para depois ir ao Peru.
“Aqui temos falado de onde vem o financiamento destas operações. Agora se soma aberta e publicamente uma nova fonte de renda. Somada ao narcotráfico, agora se soma a USAID”, sustentou o funcionário em uma coletiva de imprensa, na qual deu detalhes do desmantelamento da ‘Operação Ouro’, um conjunto de ações terroristas.
De acordo com as investigações das autoridades e revelações jornalísticas, estas tentativas estavam sob a coordenação de Matthew VanDyke, um mercenário estadunidense envolvido na Primavera Árabe, na guerra civil da Síria e numerosos conflitos na África e no Oriente Médio, que admitiu em suas redes sociais que havia estado “dirigindo operações encobertas na Venezuela junto a um comandante rebelde” desde o ano de 2019.
I’ve been running covert operations with a Venezuelan rebel commander since 2019.
You’ve read about our missions in the media, such as Operation Aurora, but nobody knew who did it.
The Venezuelan team and I agreed to reveal this today.
We’ll continue until #Venezuela is free. pic.twitter.com/OMyi0ay6Sm
— Matthew VanDyke (@Matt_VanDyke) January 10, 2025
Vínculos com a oposição extremista
Assim mesmo, o titular do Interior da Venezuela referiu que as pessoas detidas admitiram abertamente que mantinham vínculos com líderes da ala extremista da oposição, que nos dias prévios à posse de Maduro, asseguraram reiteradamente que haveria “um sinal” que anunciaria seus movimentos para tomar o poder.
“Depois eles [a liderança opositora extremista] começaram com aquilo dos sinais. ‘Uma luz no céu nos dará o sinal’. […]. A senhora María Corina falou de sinais. Lembrem-se, podem buscá-lo. María Corina Machado falou de sinais: ‘Esperem o sinal’. Busquem-no e está a vinculação direta”, recordou.
Ataques terroristas
A ‘Operação Ouro’ contemplava o ataque com explosivos ao forte Conopoima, localizado na cidade de San Juan de los Morros, no início de janeiro. Ex-militares venezuelanos evadidos aos EUA publicaram em suas redes sociais detalhes sobre o tema. Um deles, apelidado ‘Fama’, mostrou um suposto artefato que, em suas palavras, podia conter até 3 mil gramas de C4.
A suposta notícia do atentado foi difundida nas redes sociais e em diversos programas de opinião com linha afim à oposição venezuelana, onde se afirmou que as ações estavam sendo preparadas desde outubro de 2024.
Entretanto, Cabello esclareceu que então “não aconteceu nada” porque, por um lado, as divulgações feitas através das plataformas virtuais ajudaram a localizar os responsáveis e, por outro, as autoridades realizaram mudanças importantes no acervo dos preparativos militares, após os incidentes de 2019.
“Imaginem vocês a mente criminosa de colocar explosivos em uma instalação militar que está em uma cidade. Se isso tivesse sido verdade, se tivessem tido sucesso, [imaginem] a quantidade de mortos naquele lugar. Estamos falando de assassinos para os quais não importa absolutamente nada nem ninguém, apenas a ânsia do lucro”, considerou.
Explicou assim mesmo que uma segunda fase contemplava o passo ao forte Tavacare, no estado Barinas, onde “iriam se infiltrar nessa instalação militar”, com o objetivo de colocar “em um helicóptero uma carga de C4”, mas o plano fracassou. “O sinal era a explosão de um helicóptero em pleno voo. São atos terroristas”, ressaltou.
Sequestro de alto perfil
A última missão da ‘Operação Ouro’ consistia no sequestro do magistrado Maikel Moreno, ex-presidente do Tribunal Supremo de Justiça, mas isso pôde ser evitado graças à atuação oportuna das autoridades.
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“Imediatamente após a informação chegar até nós, nos protificamos, demos proteção especial ao magistrado Maikel Moreno. Estavam o espionando, havia duas pessoas infiltradas em sua segurança” que já foram detidas, relatou Cabello.
Aparentemente, o plano consistia em sequestrá-lo enquanto se deslocava em seu veículo, através da instalação de uma barreira falsa, para depois levá-lo a uma zona costeira onde depois o obrigariam a subir em uma lancha rumo a águas internacionais. A partir desse ponto, afirmou o ministro venezuelano, o obrigariam a embarcar em um helicóptero.
Segundo as investigações e os testemunhos das pessoas capturadas, cada uma destas pessoas receberia como pagamento 300 mil dólares em razão da privação ilegítima de liberdade do magistrado.
* Imagens:
Nicolás Maduro: Reprodução / Facebook
Usaid: Wikimedia Commons