O mapa político da Venezuela se tingiu quase por completo de vermelho após a esmagadora vitória do chavismo nas eleições regionais e parlamentares de domingo. Apenas a governadoria do estado Cojedes ficou nas mãos de um líder opositor, Alberto Galíndez, que foi reeleito com 55% dos votos. O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) recuperou as governadorias de Zulia, Barinas e Nueva Esparta, que também estavam sob controle da oposição desde 2021. Ao somar a nova governadoria da Guiana Esequiba, o esquema de poder territorial mostra um domínio quase absoluto do setor governista, com 23 dos 24 governos regionais.
As palavras do presidente Nicolás Maduro em um comício realizado minutos depois do primeiro boletim do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) destacavam essa realidade. “Hoje a revolução bolivariana está mais vigente e forte. Demonstramos o poder do chavismo e do bolivarianismo do século 21”, expressou diante de uma multidão de seguidores na Praça Bolívar de Caracas.
Em seguida, estendeu a mão a Alberto Galíndez: “Quero reconhecer a vitória do governador de Cojedes, líder opositor que nos venceu nos llanos; vou ligar para ele para me colocar à disposição. Estendo as mãos para trabalharmos de maneira conjunta.”
Nesta segunda-feira (26), diversos líderes políticos fizeram um balanço da jornada eleitoral. Diosdado Cabello, secretário-geral do PSUV, considerou que o mais importante é que se consolidou a paz e a tranquilidade, fazendo alusão às ameaças de sabotagem e terrorismo dos dias anteriores às eleições. Felicitou a atuação de seu partido, ratificado como o mais forte do país ao obter 82% dos votos. “Este partido nos dá razões para estarmos felizes”, acrescentou.
O governador eleito da Guiana Esequiba, Neil Villamizar, descreveu sua vitória como “a expressão do sentimento nacional” que representa a recuperação do território disputado com a Guiana. “Não valeram ameaças, campanhas midiáticas nem pressões internacionais; demonstramos nossa firmeza.”
A oposição, por sua vez, sentiu o golpe do boicote promovido por María Corina Machado. O dirigente do partido União e Mudança, Henrique Capriles, que foi eleito deputado, disse que o ocorrido “era um resultado previsível: venceu a abstenção, e com ela o regime e os que a promoveram.”
O direitista acrescentou que aqueles que conclamaram os antichavistas a não votar acabaram por fazer o jogo do governo, resultando em uma imensa maioria do chavismo no Parlamento e nas governadorias. No entanto, prometeu fazer “uma oposição firme” a partir de seu lugar na Assembleia Nacional.
María Corina Machado atribuiu a baixa participação da oposição como uma vitória. “Desobedecemos a este regime e dissemos não… O povo fez o que eles temiam, os desobedeceu massivamente”, declarou nas redes sociais.
Para Chúo Torrealba, que foi secretário-geral da MUD quando a oposição venceu as eleições parlamentares de 2015, o que fez a ala mais radical do antichavismo foi um erro: “María Corina não mobilizou o povo, ao contrário, o imobilizou.” Afirmou que o resultado foi o retorno ao cenário de 2005, quando a oposição também boicotou as eleições e o chavismo ficou com 100% do Parlamento, deixando os opositores sem representação política formal.
É importante destacar que ainda faltam ser eleitos três deputados representantes dos povos indígenas, que serão escolhidos por métodos tradicionais de cada comunidade no próximo 1º de junho.
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