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ToggleNeste domingo (25), a Venezuela elegeu 24 governadores, 285 deputados à Assembleia Nacional e 260 legisladores estaduais em uma jornada marcada pela tranquilidade, embora nos dias anteriores tenham sido emitidos alertas sobre ameaças “terroristas” que pretendiam sabotar o processo.
O governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) obteve a vitória ao conquistar 23 das 24 governadorias, incluindo a do novo estado Guiana Esequiba. Da mesma forma, na Assembleia Nacional (AN), a aliança governante ficou com 40 dos 50 cargos confirmados, correspondentes à lista nacional.
A partir das 6 horas da manhã, abriram-se os 15.736 centros eleitorais em todo o território nacional, onde estavam habilitados para votar 21.485.669 cidadãos. A participação foi de 42,63%. Mais de 400 convidados internacionais atuaram como observadores credenciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
“Conseguimos; conseguimos realizar as eleições sem incidentes e conseguimos derrotar a violência que os terroristas haviam preparado para o país, os derrotamos novamente”, declarou o presidente Nicolás Maduro após exercer seu direito ao voto.
As eleições deste domingo representam um dia histórico para a Venezuela, pois, pela primeira vez, foram eleitas autoridades para a Guiana Esequiba, território de 160 mil km² em disputa com a Guiana há mais de 100 anos e que agora está legalmente constituído como o 24º estado federal venezuelano.
Maduro celebrou esse aspecto especial da jornada e assegurou que foi reafirmado o direito e a soberania sobre um território que sempre foi e será venezuelano.
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“Mais cedo ou mais tarde, Irfaan Ali, o presidente da Guiana, empregado da ExxonMobil, terá que se sentar comigo para conversar e aceitar a soberania da nação bolivariana”, afirmou.
Por sua vez, o ministro da Defesa, Vladimir Padrino, declarou que o que ocorreu nas urnas foi “um mandato do povo da Venezuela, como quando expressou, em 3 de dezembro de 2023, que havia a necessidade de constituir o 24º estado, a Guiana Esequiba”.
Negou que, desde a Guiana, isso seja visto como uma ameaça: “Não estamos empunhando fuzis, apontando ou agredindo a Guiana, estamos convocando o voto popular para que o povo se manifeste e para que cumpramos esse mandato constitucional”.
O primeiro governador da Guiana Esequiba é Neil Villamizar, militar da reserva com patente de almirante, que foi comandante-geral da Armada Nacional Bolivariana. Também neste domingo, Villamizar afirmou: “ratificamos, por meio do voto, que o Esequibo é nosso”.
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Reforma eleitoral a caminho
Maduro informou que entregará à Comissão para a Reforma Constitucional do Poder Legislativo uma proposta que inclua a modificação do sistema eleitoral venezuelano. Indicou que é necessária “a reforma de todas as leis eleitorais e que se crie o sistema eleitoral dos circuitos comunais como novo sistema de consulta e eleição na Venezuela”.
Expôs que esta proposta será apresentada à nova Assembleia Nacional surgida das eleições. Esse parlamento começará suas funções em 5 de janeiro de 2026.
Para o escritor, antropólogo e jornalista venezuelano José Negrón Valera, o mais importante foi a consolidação da legitimidade de instituições políticas tão importantes como a Assembleia Nacional. “O presidente disse: estamos no limiar de uma nova sociedade, à qual devemos dar uma arquitetura distinta em termos institucionais, e para isso essa Assembleia será fundamental”, afirma.
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Valera acrescenta que a composição do próximo Poder Legislativo definirá a forma como essa nova arquitetura institucional aprofundará a democracia na Venezuela: “Tem que avançar para o aprofundamento do poder popular e da democracia direta e participativa, cada vez mais ancorada nos territórios.”

Ainda na visão do analista, a partir de hoje, “vem aí um grande debate público, e o país vai se somar a esse debate.”
Do boicote à participação
A oposição chegou a este momento político com uma clara divisão entre a ala extremista e a moderada. Enquanto María Corina Machado apelou por um “boicote massivo” às eleições, a aliança opositora liderada por Henrique Capriles Radonski participou e convocou todos os seus seguidores a votar.
Capriles ressaltou a importância do voto como forma de se opor ao governo de Maduro e a necessidade de estar no parlamento quando for discutida a reforma constitucional: “Vamos simplesmente deixar o caminho livre ou vamos lutar para que aqui não se imponha uma constituição ao estilo cubano?”.
As mesas eleitorais fecharam uma hora depois do previsto, por determinação do CNE, para que pudessem votar os eleitores dos centros que ainda apresentavam filas às 18h.
O presidente do órgão, Elvis Amoroso, caracterizou a jornada como impecável. “Estamos muito contentes com o desenvolvimento desta jornada eleitoral; mais uma vez o povo da Venezuela dá exemplo de civismo e diz ao mundo que o que quer é paz e tranquilidade”, acrescentou.