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Volodymyr Zelensky (Foto: Presidência da Ucrânia / Flickr)

Zelensky admite realidade e descarta retomada de territórios como condição para paz

Regiões de maioria russa integradas pela Rússia seriam recuperadas posteriormente por uma suposta via diplomática, afirmou Zelensky a empresários
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Beatriz Cannabrava

O presidente da Ucrânia, Volodymir Zelensky, admitiu na última quinta-feira (3), pela primeira vez, que Kiev poderia aceitar uma fórmula de compromisso que lhe permita recuperar os territórios ocupados com o tempo e pela via diplomática.

“Se pudéssemos encontrar uma fórmula de compromisso que assegure o regresso desses territórios (Donetsk, Lugansk, Kherson, Zaporíjia e Crimeia, que o Kremlin já incorporou à sua Constituição como parte da Federação Russa) mais adiante e pela via diplomática, creio que, provavelmente, em relação a alguns desses territórios essa será a única via possível”, afirmou Zelensky ao reunir-se com empresários da região de Chernígov, no norte da Ucrânia.

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O mandatário mencionou, de acordo com despacho da agência noticiosa Interfax-Ucrânia, o que seu governo considera duas linhas vermelhas: não reconhecerá como russos nenhum dos territórios ocupados, nem reduzirá seu exército — exigências da Rússia, junto com a renúncia da Ucrânia ao ingresso na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), para iniciar negociações de paz.

“É território ucraniano, parte inalienável da Ucrânia”, enfatizou em relação à primeira linha vermelha, e acrescentou sobre a segunda: “Para nós é prioritário ter um exército forte. Por isso, essa também é uma linha vermelha, e não haverá nenhuma redução de nossas forças armadas”.

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Zelensky mostrou-se otimista quanto à possibilidade de alcançar “nas próximas semanas ou meses” um cessar-fogo completo. “Hoje, os estadunidenses e os europeus têm seus próprios interesses, mas todos coincidimos em alcançar o quanto antes um cessar de hostilidades”, indicou, e explicou por que isso ainda não foi alcançado: “Tudo depende da pressão sobre os russos, de chegar a isso. Creio que é possível fazê-lo ao máximo nas próximas semanas ou meses. Sim, pode acontecer de modo diferente. Às vezes tudo se resolve num instante”.

Enquanto isso, o Ministério da Defesa da Rússia reforçou as acusações de que Ucrânia viola diariamente e de maneira unilateral a moratória energética. Segundo um comunicado do departamento militar russo, na semana passada o exército ucraniano atacou ao menos “quatro instalações energéticas nas regiões de Kursk e Belgorod”, deixando milhares de pessoas sem eletricidade.

Rearmamento europeu culpa Rússia, enriquece indústria bélica e faz povo pagar a conta

O Estado-Maior do exército ucraniano respondeu com outro comunicado, classificando as acusações como “falsidades” e afirmando que é a Rússia quem violou a trégua em repetidas ocasiões.

Tanto Moscou como Kiev aguardam a reação de Washington às respectivas listas de violações do cessar-fogo energético cometidas pelo inimigo, que foram enviadas ao secretário de Estado, Marco Rubio, e ao conselheiro de segurança nacional, Mike Waltz.

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Enviado do Kremlin em Washington

Na que é considerada a primeira visita oficial a Washington de um funcionário russo de tão alto escalão desde 24 de fevereiro de 2022, quando começou a operação militar especial russa na Ucrânia, Kiril Dmitriev, emissário do Kremlin para investimentos e cooperação econômica, se encontrou com funcionários da administração dos Estados Unidos, nos dias 2 e 3 de abril, para debater projetos de cooperação.

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Às vésperas do encontro, Dmitriev declarou que a viagem seria um caminho para “restabelecer uma interação construtiva em muitos países do mundo”, e acrescentou: “há forças interessadas em manter a tensão. Essas forças distorcem deliberadamente a posição da Rússia e buscam impedir qualquer passo rumo ao diálogo, sem poupar dinheiro nem recursos para isso”.

Para poder entrar nos Estados Unidos, a Casa Branca suspendeu as sanções contra Dmitriev, que também é presidente do Fundo de Investimentos Diretos da Rússia e cuja esposa, Natalia Popova, é amiga íntima e sócia de uma das filhas de Putin.

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La Jornada, especial para Diálogos do Sul Global – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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