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O ano de 2017 teve números alarmantes e foi outro ano de adesão feminina. Foi um ano em que América Latina levantou sua voz contra a violência machista com movimentos feministas que ecoaram por toda a região, criando laços com outros movimentos de mulheres ao redor do mundo.
Por Andrea Arzaba, no Global Voices
Esses movimentos se repetiram em todo o mundo e foram reconhecidos pelos principais meios de comunicação. O dicionário de inglês Merriam Webster escolheu “feminismo” como a Palavra do Ano e a revista Time elegeu o movimento #MeToo, pelo qual milhares de mulheres compartilham suas histórias pessoais de assédio sexual, a Personalidade do Ano.
O Global Voices seguiu ao longo de 2017 muitos movimentos que sacudiram a América Latina e, com o final desse ano, destacamos alguns momentos em que a luta das mulheres esteve no centro das atenções.
O mês de março foi trágico para a Guatemala, com a morte de 41 meninas no incêndio de um abrigo estatal nos arredores da Cidade da Guatemala. A tragédia desencadeou muitas iniciativas de grupos da sociedade civil e levou ao mundo a campanha #56Dói (NosDuelen56). A iniciativa reuniu um grupo de artistas internacionais que criaram retratos de cada uma das meninas que morreram no incêndio e exigiu uma atitude das autoridades guatemaltecas.
#56Dói é um grito por justiça por meio da arte, do jornalismo, da mídia-ativista e dos movimentos feministas. É um exercício de memória coletiva e de dignificação pelas 56 meninas que foram presas e queimadas em um abrigo do Estado em 8 de março de 2017, na Guatemala. Das 56 meninas, 41 morreram como resultado desse feminicídio e 15 ficaram gravemente feridas.
Em julho, a etapa principal foi uma iniciativa independente de dados abertos para mapear feminicídios no México (em espanhol, MFM). O mapa fornece dados geográficos dos feminicídios ocorridos desde 2016. No final de 2017, o mapa havia registrado 1.824 casos.
Em agosto, todo um movimento que acompanhou a denúncia de uma estudante de medicina da Universidade de Assunção, no Paraguai, revelou uma rede complicada e poderosa que coloca em risco as carreiras de mulheres estudantes de medicina.
Em setembro, o feminicídio de Mara Castilla por um motorista da Cabify chocou todo a América Latina. A morte de Castilla provocou protestos em 11 estados do México. Os manifestantes criticaram o Estado pela falta de medidas de segurança e a impunidade existentes em torno da violência contra as mulheres. Muitas hashtags conectaram sua morte a casos anteriores de violência contra mulheres (a campanha #IfTheyKillMe) [#SeMeMatarem] exigindo segurança para as mulheres e o fim da culpabilização de vítimas online.
Abertura de espaços, resistência:
Na edição do Miss Peru de 2017, as participantes chamaram atenção para o número alarmante de casos de violência contra as mulheres no país. A iniciativa surpreendeu a mídia internacional, mas os internautas peruanos rapidamente adicionaram nuances à história.
Outras iniciativas artísticas denunciaram abusos, como a da série fotográfica que criticou clínicas ilegais para “corrigir” mulheres homossexuais no Equador. Outros projetos deram foco às contribuições de cientistas mulheres latino-americanas. Ao mesmo tempo, esses movimentos e iniciativas abriram espaços de diálogo (tanto online como offline) sobre interseções de raça e de gênero e a necessidade de conversas difíceis sobre a discriminação dentro dos mesmos movimentos que lutam pela igualdade de gênero.
Traduzido por Marilia Gazola