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Sociedade/classes/fotografia.
Como nos auto-representamos, como continente, como classe, como fotógrafos?
Iatã Cannabrava e Claudi Carreras*
Tradicionalmente, a classe fotográfica voltou suas câmeras à denúncia e defesa dos direitos da classe menos favorecida em nossa injusta sociedade latino-americana. Sem pretender desvalorizar este papel fundamental do fotógrafo, o III Fórum Latino-Americano de Fotografia e a exposição que o acompanha se propõem a discutir diversos temas colocados e vistos em outros andares da pirâmide social, principalmente na capa média, ou classe média – não por acaso, o andar a que pertence a grande maioria dos fotógrafos – numa espécie de autorretrato.
A fotografia documento-arte, vigente nos dias de hoje, é instrumento à altura para desemaranhar o complexo novelo, ou novela, da definição de uma América Latina por seus índices econômicos, sociais e culturais. Sutil e direta, navega entre a razão e a inconsciência, possibilitando ao espectador uma boa chance de não cair em ideias prontas, e sim, sensibilizar-se com uma reflexão menos dogmática sobre tão importante assunto quanto é este das discussões que selam o drama social do continente.
Dentro desta discussão, outras perguntas se cruzam: quais são nossas referencias sociais? Que imagem queremos vender de nós mesmos enquanto latinoamericanos, enquanto fotógrafos e enquanto classe?
Não pretendemos apenas trazer trabalhos que gerem uma reflexão sobre as questões de classe, mas aprofundar a reflexão sobre trabalhos de artistas que vêm desenvolvendo novas imagens que de certa maneira correm à margem do registro tradicional de assuntos relacionados ao folclore espiritual, mágico-sensual e da pobreza que pesam sobre o continente
Como vivemos agora?
Qual o reflexo de nossa época?
Que imagem queremos refletir e preservar?
A fotografia continua sendo uma ferramenta social na nossa época?
No processo de pesquisa as perguntas se eternizam. A exposição não poderá dar respostas, mas sim gerar estas e muitas mais questões e despertar reflexões.
* Iatã Cannabrava e Claudi Carreras, curadores