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7 argumentos contra as mudanças que Bolsonaro quer no Estatuto do Desarmamento

Neste artigo pretendemos desmontar o discurso utilizado por Bolsonaro, pela Bancada da Bala e apoiado por quem defende a posse e o porte de armas
Gunther Aleksander
Pressenza
Brasília (DF)

Tradução:

Difícil acreditar na ideia de que mais armas geram menos violência, ainda mais sabendo que a bancada da bala deseja aplicar essa flexibilização do Estatuto do Desarmamento aqui no Brasil.

Neste artigo pretendemos desmontar o discurso utilizado pela Famiglia Bolsonaro, pela Bancada da Bala e apoiado por quem defende a posse e o porte de armas:

Neste artigo pretendemos desmontar o discurso utilizado por Bolsonaro, pela Bancada da Bala e apoiado por quem defende a posse e o porte de armas

Pressenza / Laerte
Argumentos da bancada da Bala são frágeis e altamente questionáveis

Confiram:

1. Todos temos o direito de nos defender usando armas de fogo?
Todos tem o direito de se defender, mas ninguém tem o direito de matar.
Existem outras formas não-letais de se defender e de lidar com a segurança pública.

E se existissem leis que te dessem o direito de matar a alguém, seriam leis injustas. Se o conceito atual de justiça permite a vingança ou que o estado delete alguém do mapa, este conceito está errado.  Nenhum bem é mais valioso do que a vida humana e nenhum ser humano tem o direito de tirar a vida de outro. O estatuto do desarmamento não está tirando seus direitos, está impedindo que você faça bobagens e evitando que tire a vida de outras pessoas.

2. Se alguém entrar na sua casa você não vai reagir?
Óbvio que não. Reagir só piora as coisas.

Se quero reagir, tenho que começar agora e não quando uma desgraça ocorra em minha casa. Tenho que construir um estilo de vida menos egoísta e mais coletivo, para morar numa nova sociedade onde não exista a violência, nem a fome, onde exista justiça social, somente aí minha casa estará segura. Ter uma arma é sinônimo de medo. É a prova do quanto temos medo dos que estão a nossa volta.

3. Você desarma a população e não desarma os bandidos?
Todos precisam ser desarmados, aqueles que desejarem poderiam usar armas não-letais.

Até mesmo a polícia deveria usar somente armas não-letais, afinal se um leão está solto não se pode matá-lo. É necessário usar tranquilizantes e jaula nele.  Mas se for um ladrão, este podemos matar?  Um leão deve ser contido, mas um ladrão deve ser morto?  Nem mesmo o estado deveria ter monopólio de armas letais, e os seres humanos deveriam ter suas vidas protegidas contra a violência dos bandidos e também contra violência do estado.

4. Armas não matam pessoas, pessoas matam pessoas? Armas não causam crimes?
As armas de fogo são fabricadas com um único objetivo: matar.

Não servem para outra coisa, ninguém escova os dentes com um revolver. Argumentar que quem não tem revolver pode usar uma faca é balela, porque a maioria das facas é produzida para cortar alimentos e não para matar outras pessoas, já as armas de fogo são construídas unicamente para tirar vidas. Então sim, a culpa também é da arma de fogo. Ela facilita tudo e ainda oferece um enorme risco de acidentes, principalmente quando existem crianças por perto e elas resolvem “brincar” com a arma de fogo. As armas causam crimes sim.

5. O cidadão só utilizará a arma contra bandidos?
Ué, curioso que não se fale dos crimes passionais, acidentes com armas e brigas que geram mortes.

São numerosos casos de pessoas armadas que, num ato de loucura, matam alguém por uma discussão no transito ou no bar, ainda é muito expressivo. O número de crimes passionais e de acidentes também é relevante, principalmente no assassinato de mulheres e crianças por parte de familiares. Esta falsa separação dos “homens de bem” e de outros “bandidos” é bastante subjetiva e discutível, uma vez que um “cidadão de bem” armado se torna um assassino em potencial, basta ele perder a calma, estar bêbado ou drogado, por exemplo. Quem é maior bandido: aquele que rouba ou aquele que mata?

6. Países que tem mais armas tem menos violência?
Isso é mentira, pois os países citados são recordistas de violência em todas as suas formas.

O país mais citado é quase sempre os Estados Unidos, o exemplo preferido de quem defende as armas deveria ser motivo de vergonha em termos de segurança pública, para não estender a explicação simplesmente sugerimos a todos que assistam o documentário “Tiros em Columbine” onde o Diretor Michael Moore vai a fundo na cultura armamentista norte-americana, onde até mesmo as crianças e adolescentes realizam massacres nas escolas. Analisando o discurso de que a “segurança está nas armas”, mostrando quão fácil é obter uma arma de fogo nos EUA mostra as possíveis causas da violência urbana americana e compara com a de outros países.

7. O Governo desarma o povo porque tem medo de uma revolução armada?
A iniciativa do estatuto não partiu do governo e a população armada não representa perigo para o estado.

Primeiro: é importante frisar que a iniciativa do estatuto do desarmamento não partiu do governo federal, foi a sociedade civil organizada, foram os movimentos sociais e as ONG´s que pressionaram o governo para implantar esta lei.  E segundo: é falso o argumento de que o governo tem medo do povo armado com pistolas já que o poder bélico que os governos de hoje têm é imensamente superior, com fuzis, misseis, caças, tanques de guerra, etc.  É muito desproporcional considerar que o povo munido de pistolas vai iniciar uma revolução, se o povo quiser se defender de um  governo corrupto e injusto, precisará aprender com Gandhi sobre a metodologia da não-violência ativa, esse é o caminho.

Difícil acreditar na ideia de que mais armas geram menos violência, ainda mais sabendo que a bancada da bala deseja aplicar essa flexibilização do Estatuto do Desarmamento aqui no Brasil.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Gunther Aleksander

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