O governo dos Estados Unidos confirmou que Édgar Valdez Villarreal, La Barbie, foi transferido de sua prisão na Florida e um de seus ex-advogados adverte que provavelmente foi enviado a Nova York para assistir os promotores na preparação do caso contra Genaro García Luna.
O Bureau de Prisões (BOP), agencia dentro do Departamento de Justiça, respondeu ao La Jornada que Valdez Villarreal não está “atualmente na custódia” do BOP, mas sublinhou que “há várias razões pelas quais um réu poderia ser referido como “não em custódia do BOP”.
Um porta-voz do BOP, Benjamin O’Cone, explicou que “réus que previamente estavam em custódio do BOP e que não completaram suas condenações poderiam estar fora da custódia do BOP por um período de tempo para audiências ante tribunais, tratamento médico ou por outras razões”.
Montagem
Édgar Valdez Villarreal, ‘La Barbie’
A ausência de Valdez Villarreal na lista de réus em prisões federais administrados pelo BOP é o único fato confirmado, mas isso foi suficiente para detonar intensa especulação – e desinformação – em meios e redes sobre o paradeiro do ex-operador do cartel dos Beltrán-Leyva desde segunda-feira (28).
O Departamento de Justiça e o BOP não comentam sobre casos particulares nem a localização dos réus que não estão atualmente sob sua custódia “por razões de segurança ou privacidade”. Mas Kent Schaffer, um ex-advogado de Valdez Villarreal, indicou em entrevista ao La Jornada que seguramente seria impreciso dizer que seu ex-cliente foi libertado. “Frequentemente, o que acontece é que, se hipoteticamente vai se declarar contra alguém, os federais o transfeririam a um centro de detenção, por exemplo Rikers Island ou o MCC [cárceres em Nova York]”. Schaffer sublinhou que não sabe se isto é exatamente o que aconteceu, mas é o que se suspeita.
O ex-advogado especula que seu ex-cliente poderia estar oferecendo cooperar como testemunha no julgamento programado para janeiro contra o ex-secretário de Segurança Pública, Genaro García Luna, em Nova York, embora os promotores ainda não tenham revelado os nomes de sua lista de testemunhas.
“Quando eu o representei há 10 anos, [as autoridades estadunidenses] já estavam perguntando sobre García Luna nessa época”, comenta Schaffer. “Tivemos várias inquisições do governo sobre García Luna. Por isso poderia ter sentido, se o julgamento de García Luna é em Nova York, que eles os transferiram a essa cidade para que os promotores tivessem tempo de conversar” com Valdez Villarreal, comentou em entrevista telefônica a partir de seu escritório em Houston.
Porém, Schaffer recusou comentar sobre a informação que Valdez Villarreal poderia ter sobre García Luna, mas compartilhou que havia estado suficientemente preocupado pelo que seu ex-cliente sabia a ponto de solicitar assistência do governo estadunidense para proteger Villarreal enquanto estava encarcerado no México. “Recordem, nesse tempo, que García Luna formava parte do governo”.
Vale recordar que ainda antes de sua extradição aos Estados Unidos, Valdez Villarreal acusou García Luna de ter recebido subornos de seu cartel desde 2002.
É prática comum das autoridades estadunidenses envolvidas na luta contra o crime organizado utilizar capas e outros narcotraficantes capturados e extraditados aos Estados Unidos como testemunhas “cooperantes” e/ou protegidos na perseguição de outros líderes, como foi o caso de El Chapo Guzmán, entre outros. As negociações com essas testemunhas podem se desenvolver de diversas maneiras, mas em geral firam em torno a oferecimentos de uma redução de acusações ou penas carcerárias em troca de informação, declarações e/ou testemunhar contra outros narcotraficantes que estão ante o sistema de justiça criminal nos Estados Unidos.
Por isso, e como disse seu ex-advogado Schaffer, existem razões e antecedentes para supor – entre outras possibilidades – que Valdez Villarreal poderia haver sido transferido da custódia do BOP a outras autoridades como o Serviço de Meirinhos dos Estados Unidos.
O ex-narcotraficante tem uma longa história de buscar negociar com as autoridades estadunidenses, desde tentativas com a DEA pouco depois de 2006, a contatos com o FBI em 2009, aos quais aparentemente brindou informação contra seus ex-colegas do cartel dos Beltrán Leyva, entre outros.
Váldez Villarreal – que é cidadão estadunidense nascido no Texas – foi capturado no México em 2010 e extraditado aos Estados Unidos em 2012. Foi condenado por um juiz federal em Atlanta a 49 anos e um mês de prisão em 2018, depois de ter se declarado culpado em 2016 de acusações de conspiração de tráfico de cocaína e lavagem de dinheiro.
David Brooks | Correspondente do La Jornada em Nova York.
Tradução: Beatriz Cannabrava.
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