Neste domingo (8), dezenas de milhares de pessoas se manifestaram em Barcelona contra a “anistia” e o “referendo” de autodeterminação negociados por formações nacionalistas catalãs com o presidente do governo em funções e líder do Partido Socialista Obreiro Espanhol (PSOE), Pedro Sánchez, para facilitar sua reeleição no cargo.
O protesto, um dos mais multitudinários dos últimos anos, foi convocado pela plataforma civil Sociedade Catalana (SCC), que advoga pela vigência do atual modelo territorial no Estado espanhol. Durante a marcha, foram escutadas consignas do tipo “Puigdemont, a prisão”, e “Sánchez, traidor” em alusão ao ex-presidente catalão Carles Puigdemont, e ao chefe de governo espanhol, respectivamente.
Rei da Espanha recomenda reeleição de Sánchez, mas decisão depende dos catalães
SCC defende a vinculação da Catalunha à Espanha, em sua condição atual de autonomia. Há seis anos, em pleno processo de secção unilateral, levou às ruas centenas de milhares de pessoas para se opor à declaração de independência, que finalmente faliu. Naquele protesto também participaram destacados líderes socialistas. O encarregado de fato de pronunciar o discurso central foi Josep Borrell, que agora é o alto representante de política exterior da União Europeia (UE) e antes foi chanceler do Executivo de Pedro Sánchez.
Seis anos depois, SCC centrou suas críticas contra o governo de Sánchez, por seus pactos na anterior legislatura com o separatismo Catalão e Basco, mas sobretudo pelas negociações abertas para lograr sua investidura, na qual o personagem central e determinante é Puigdemont, que reside em Bruxelas desde outubro de 2017 e se encontra na qualidade de imputado pelos tribunais espanhóis.
Segundo as cifras da Guarda Urbana barcelonesa, a marcha congregou mais de 50 mil pessoas. As estimativas da organização que a convocou elevam a participação a mais de 300 mil pessoas; em qualquer hipótese, se trata de uma manifestação massiva e uma das mais multitudinárias dos últimos anos, em que o movimento independentista perdeu presença em seus protestos.
Direita e extrema-direita
Os partidos da direita e da extrema-direita espanhola foram os principais suportes da manifestação, com a presença dos principais líderes de ambas as formações. Do Partido Popular, participaram desde seu líder máximo, Alberto Núñez Feijóo, até vários dos presidentes autônomos mais importantes, como a madrileña Isabel Díaz Ayuso, o andaluz, Juanma Moreno, o aragonês, Jorge Azcon, e o murciano, Fernando López Miras.
Núñez Feijóo apontou que o protesto serviu para dizer “sim à liberdade dos cidadãos, sim à palavra dada, sim à política com princípios, sim à Constituição, sim ao Estatuto e sim a todos os catalães que foram abandonados pelo Partido Socialista. Não se trata de uma anistia que busque a reconciliação. O que se busca exclusivamente é a Presidência do Governo”.
Pelo ultradireitista Vox, compareceu seu líder nacional, Santiago Abascal, e os principais membros de sua Executiva, entre eles o dirigente regional na Catalunha, Ignacio Garriga.
Armando G. Tejeda | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
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Foto: Societat Civil Catalana/Twitter