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Sergio Massa: “Os que sonham com Argentina livre, justa e soberana reverterão essa eleição”

Após susto com ascensão da ultradireita nas primárias, progressismo se recompõe e pede voto contra obscurantismo: “somos o futuro contra o passado”
Felipe Bianchi
ComunicaSul
Buenos Aires

Tradução:

Aposta total na capacidade de mobilização dos setores progressistas para barrar o retrocesso. Essa é a fórmula que Sergio Massa, candidato à presidência argentina pelo Unión por la Pátria, estabeleceu, nesta quarta-feira (18), para avançar ao segundo turno das eleições no país – a primeira etapa ocorre no domingo (22).

O presidenciável participou do ato de encerramento de campanha de Leandro Santoro, que concorre ao cargo de chefe de governo da cidade de Buenos Aires, em um Luna Park repleto – cerca de sete mil militantes e apoiadores acompanharam a atividade na capital argentina.

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“Estamos construindo a famosa virada, vamos reverter”, brada o candidato e atual ministro da Economia. Há dois meses, quando o eleitorado foi às urnas para escolher seus candidatos favoritos nas PASO (Primarias Abiertas Simultáneas Obligatorias), a surpreendente votação obtida pelo candidato da ultradireita, Javier Milei, resposta argentina a figuras como Jair Bolsonaro e Nayib Bukele (mandatário de El Salvador que estabeleceu o bitcoin como uma moeda corrente em seu país), ligou o alerta máximo no campo democrático e popular.

Para saber mais sobre a disputa eleitoral no país, confira nossa editoria especial: Eleições na Argentina.

Com as pesquisas de intenção de voto revelando tendência de segundo turno entre Milei e Massa, com Patricia Bullrich (Juntos por el Cambio) seguindo-os de perto, o cenário enseja uma busca antecipada pela virada de votos. “Muita força nesses quatro dias que temos pela frente até domingo. Peço que façamos um último esforço e mostremos, em cada rincão do país, que temos projeto e que somos o amor versus o ódio, o futuro frente ao passado”.

De acordo com Massa, ainda que sejam três candidatos no páreo, há dois projetos em disputa: um que coloca o Estado como central para reduzir as desigualdades e promover justiça social e outro, privatista, que visa entregar todos os bens e serviços públicos para os empresários.

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Após susto com ascensão da ultradireita nas primárias, progressismo se recompõe e pede voto contra obscurantismo: “somos o futuro contra o passado”

Foto: Felipe Bianchi/ComunicaSul
“Vamos defender direitos consolidados e que, agora, estão sendo questionados”, garante Massa

“Nós acreditamos no subsídio estatal, como no caso dos transportes. Eles, na privatização”, argumenta Massa. Para elucidar o que significa na prática a agenda ultraliberal, o ministério dos Transportes da Argentina passará a oferecer, a partir de sexta-feira (20), a opção de que os cidadãos paguem o valor cheio da passagem de ônibus, trem e metrô.

Sem o subsídio do governo para “rachar” a passagem com os cidadãos, os valores dos bilhetes de ônibus que hoje custam 60 pesos saltariam para cerca de 700 pesos (algo como sair de R$ 0,90 para R$ 10). Já bilhetes de trem que hoje valem 90 pesos passariam a custar ao redor de 1.100 pesos (de R$ 1,30 a quase R$ 16).

Contra o obscurantismo de seus oponentes, Massa garante: “Vamos defender direitos consolidados e que, agora, estão sendo questionados”. Em um país que acumula cinco prêmios Nobel (1936, 1947, 1970, 1980 e 1984]), complementa, é inaceitável que proponham privatizar e sucatear o sistema de educação. “A educação deve ser pública, de qualidade e inclusiva”.

As imagens em vídeo foram captadas pela coalizão União pela Pátria @porlapatria. A edição é de Vanessa Martina-Silva


Santoro busca segundo turno contra primo de Macri

Na disputa pelo posto de chefe de governo da cidade de Buenos Aires, a Unión por la Pátria apresenta como candidato Leandro Santoro, politólogo, docente e deputado nacional, para frear a hegemonia de 16 anos do Propuesta Republicana (PRO), partido de Maurício Macri.

Santoro tem como bandeiras metrô 24 horas, plano de saúde mental integral, políticas de acessibilidade e uma “verdadeira revolução” no que tem sido, até agora, o plano diretor da cidade. “Buenos Aires é vibrante e pujante, mas também é uma cidade injusta e hostil. Estamos aqui para corrigir essa cidade injusta, cheia de contrastes e que precisa suturar suas feridas. Para corrigir as dívidas éticas da direita, que não fará agora o que não fez em 16 anos”, sublinha.

“É terrível que uma cidade como a nossa tenha o poder passado de mãos em mãos de gente das mesmas famílias, que usam a política para beneficiar a si mesmos e a seus amigos”, critica o politólogo. “Por isso Macri colocou seu primo [Jorge Macri] para concorrer comigo”.

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De acordo com ele, a direita tem utilizado o Estado para o acúmulo privado. “Todos os serviços da cidade foram entregues para os amigos do poder. Privatizaram todos os bens públicos”, dispara.

Quanto ao pleito pelo cargo máximo do país, Santoro é contundente: “A batalha que estamos vivendo em 2023 é contra uma direita radicalizada, fanática. Milei já disse que sua governabilidade seria garantida por Macri, o que revela um bloco que milita pelo egoísmo e também pelo ódio. Temos de derrotá-los”.

* A reprodução deste conteúdo é livre e gratuita, desde que citadas a fonte e a lista de entidades apoiadoras da cobertura

A Agência ComunicaSul está cobrindo as eleições de 2023 na Argentina graças ao apoio das seguintes entidades: jornal Hora do Povo, Diálogos do Sul, Barão de Itararé, Portal Vermelho, Correio da Cidadania, Agência Saiba Mais, Agência Sindical, Viomundo, Asociación Judicial Bonaerense, Unión de Personal Superior y Profesional de Empresas Aerocomerciales (UPSA), Federação dos Trabalhadores em Instituições Financeiras do RS (Fetrafi-RS); Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe-RS); Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos; Federação dos Comerciários de Santa Catarina; Confederação Equatoriana de Organizações Sindicais Livres (CEOSL); Sindicato dos Comerciários do Espírito Santo; Sindicato dos Hoteleiros do Amazonas; Sindicato dos Trabalhadores das Áreas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisa, e de Fundações Públicas do Rio Grande do Sul (Semapi-RS); Federação dos Empregados e Empregadas no Comércio e Serviços do Estado do Ceará (Fetrace); Federação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da CUT Rio Grande do Sul (Fetracs-RS); Intersindical, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores do Paraná (CUT-PR); Associação dos Assistentes Sociais e Psicólogos do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (AASPTJ-SP), Federação dos/as Trabalhadores/as em Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-PR), Sindicato dos Trabalhadores em Água, Resíduos e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema-SP); Sindicato dos Trabalhadores em Água, Resíduos e Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina  (Sintaema-SC), Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada no Estado do Paraná (Sintrapav-PR), Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp Sudeste-Centro), Sindicato dos Escritores no Estado de São Paulo, Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário Federal de Santa Catarina (Sintrajusc-SC); Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário do Estado de Santa Catarina (Sinjusc-SC), Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal em Pernambuco (Sintrajuf-PE), mandato popular do vereador Werner Rempel (Santa Maria-RS) e dezenas de contribuições individuais.

Felipe Bianchi | De Buenos Aires (Argentina), para a ComunicaSul


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Felipe Bianchi É jornalista e atua no Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé desde 2011. Também integra o coletivo ComunicaSul e faz parte do Fórum de Comunicação para a Integração de Nossa América (FCINA).

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