As forças políticas tradicionais ganharam os principais governos e prefeituras nas eleições regionais efetuadas na Colômbia, segundo os escrutínios entregues pela Registradora Nacional apenas duas horas depois do fechamento das votações, neste domingo (29).
As eleições transcorreram no meio de uma clima de grande expectativa e sem maiores tropeços, exceto por casos isolados nos quais algumas expressões de violência obrigaram ao fechamento das urnas.
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Analistas locais consideraram que a vitória no primeiro turno do candidato Carlos Fernando Galán à prefeitura do Bogotá, que obteve mais de 50% dos votos, constituiu uma clara mensagem da cidadania contra a gestão do presidente Gustavo Petro, cujo candidato ao cargo, Gustavo Bolívar, obteve os 20% dos sufrágios.
Minutos depois de ser conhecido o triunfo de Galán, Bolívar interpretou os resultados como “um voto castigo” às forças que apoiam a Petro, mas assegurou que nos próximos anos, quando o governo executar plenamente o orçamento nacional, o presidente receberá de novo o apoio dos colombianos.
O prefeito eleito, que tomará posse em primeiro de janeiro de 2024, pediu ajuda ao presidente Petro para levar adiante a primeira linha de metrô da cidade, assunto que esteve no centro do debate pois o chefe do Estado se opõe ao atual traçado elevado do sistema massivo de transporte e se inclina por um metrô subterrâneo.
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Carlos Fernando Galán ganhou a eleição para a Prefeitura de Bogotá no primeiro turno
Nem uma vitória
Os aspirantes do Pacto Histórico, a coalizão de governo que levou Petro à presidência em junho de 2022, não conseguiram nenhuma vitória importante nas principais capitais do país, nem nas 32 governações que estavam em disputa.
Questionadas por organismos independentes devido a práticas corruptas como a compra de votos, as eleições regionais mobilizaram 60% dos 40 milhões de colombianos habilitados para votar, cifra similar à de quatro anos atrás, quando a abstenção chegou a 38%.
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Os prognósticos sobre o êxito dos candidatos de direita às prefeituras de Medellín e Barranquilla se cumpriram com folga, enquanto Cali, a terceira cidade do país, ficou também em mãos de forças tradicionais, que apoiaram Alejandro Eder, delfim de uma tradicional família de empresários do sul ocidente do país.
Fontes próximas à coalizão de governo reconheceram que os resultados eleitorais refletem a ausência de execuções concretas do governo nas regiões, assim como a falta de um trabalho organizativo dos partidos e forças que integram o Pacto Histórico.
Por sua vez, porta-vozes dos partidos tradicionais qualificaram o “surra ao governo” dos resultados da jornada, e aventuraram uma lista de possíveis candidatos às eleições presidenciais, apesar de que elas terão lugar só dentro de dois anos e meio, em 2026.
De acordo com as cifras entregues pelo Registro, vários candidatos investigados por corrupção, ou com turvos apoios provenientes de economias ilegais, foram eleitos neste domingo, especialmente na região Caribe onde operam clãs políticos estreitamente ligados à máfia.
No início da noite de domingo, o presidente Gustavo Petro felicitou os colombianos “por sua disposição democrática” e sublinhou que a oposição quis “construir uma ambiente de medo nas cidades para ter resultados eleitorais, mostrando altíssimos níveis de risco nestas eleições”.
“A capacidade da força pública e os avanços na construção da paz garantiram eleições tranquilas em todo o território nacional”, acrescentou Petro.
Jorge Enrique Botero | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
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