Pesquisar
Pesquisar

30 anos após morte de Pablo Escobar, “indústria” da coca segue viva na Colômbia

Ao longo das décadas, no entanto, houve mudanças significativas, como a participação de cartéis mexicanos no envio da cocaína ao exterior
Jorge Enrique Botero
La Jornada
Bogotá

Tradução:

Graças a uma aliança entre mafiosos, a DEA e autoridades colombianas, há 30 anos caiu abatido sobre o telhado de um bairro de classe média em Medellín Pablo Escobar, o capo dos capos que associou para sempre o nome da Colômbia ao narcotráfico e que chegou a figurar na lista da revista Forbes como um dos homens mais ricos do mundo. Era 2 de dezembro de 1993.

Depois de sua morte, muitos se aventuraram a prognosticar o começo do fim da “indústria” que mais dano fez a este país em toda a sua história. Mas, três décadas depois, as cifras das Nações Unidas continuam situando a Colômbia como o maior produtor e exportador de cocaína do mundo.

Cultivo de coca na Colômbia pode 'narcotizar' política ambiental na Amazônia, diz especialista

Nascido em Medellín em um lar bastante modesto, Escobar iniciou cedo no mundo delinquente, primeiro roubando carros e participando de pequenas operações de contrabando, atividade que o aproximou ao então nascente, mas já próspero, negócio do envio de cocaína aos Estados Unidos, convertendo-se no amo e senhor da exportação do alcaloide.

Continua após o banner

Situação totalmente distinta à que, segundo os organismos de inteligência, consta de pequenos cartéis que operam em várias regiões da muito diversa geografia colombiana, algumas propícias para o cultivo, outras para a conversão da pasta em cocaína e outras perfeitas para o envio da droga ao exterior, por vias aéreas, marítimas e terrestres.

Um recente informe de inteligência da polícia colombiana acrescenta que – após sucessivas mutações internas dos cartéis nacionais que levaram à sua atomização – há cinco anos “são os cartéis mexicanos que dominam o negócio do narcotráfico transfronteiriço”, sem dúvida, o elo mais produtivo do negócio. De acordo com o citado informe, os principais são o cartel de Sinaloa e o Jalisco Nova Geração.

Continua após a imagem

Ao longo das décadas, no entanto, houve mudanças significativas, como a participação de cartéis mexicanos no envio da cocaína ao exterior

Aventuras da História
Forças de seguranças colombianas no telhado em que Pablo Escobar foi morto a tiros em 2 de dezembro de 1993




Franquias e representações comerciais

Em declarações ao El Confidencial, o especialista Maurício Rico explicou que “há um sistema de franquias e de representação comercial” que inclui o fornecimento de segurança pessoal e logística aos mexicanos por parte de organizações delitivas colombianas.

Em recentes percursos por zonas cocaleiras de periferia geográfica, este correspondente constatou o impacto cultural da chegada dos cartéis mexicanos a esses territórios remotos, onde a tradicional aguardente nacional deu passagem à tequila e a música local foi substituída pelos chamados narco-corridos.

Segundo estudiosos do narcotráfico, a grande diferença entre hoje e a dourada época de ascensão do cartel de Medellín, que era liderado por Pablo Escobar – quando todas as esferas econômicas, políticas, militares e até futebolísticas da sociedade colombiana eram permeadas pelos jorros de dinheiro provenientes do narcotráfico – é que ainda não se haviam unido ao negócio as guerrilhas que expandiam seu poder territorial, convertendo enormes extensões da Colômbia profunda em pequenos estados sob seu controle.

Jorge Enrique Botero | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na TV Diálogos do Sul



As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Jorge Enrique Botero Jornalista, escritor, documentarista e correspondente do La Jornada na Colômbia, trabalha há 40 anos em mídia escrita, rádio e televisão. Também foi repórter da Prensa Latina e fundador do Canal Telesur, em 2005. Publicou cinco livros: “Espérame en el cielo, capitán”, “Últimas Noticias de la Guerra”, “Hostage Nation”, “La vida no es fácil, papi” y “Simón Trinidad, el hombre de hierro”. Obteve, entre outros, os prêmios Rei da Espanha (1997); Nuevo Periodismo-Cemex (2003) e Melhor Livro Colombiano, concedido pela fundação Libros y Letras (2005).

LEIA tAMBÉM

Com Trump, EUA vão retomar política de pressão máxima contra Cuba, diz analista político
Com Trump, EUA vão retomar política de "pressão máxima" contra Cuba, diz analista político
Visita de Macron à Argentina é marcada por protestos contra ataques de Milei aos direitos humanos
Visita de Macron à Argentina é marcada por protestos contra ataques de Milei aos direitos humanos
Apec Peru China protagoniza reunião e renova perspectivas para América Latina
Apec no Peru: China protagoniza reunião e renova perspectivas para América Latina
Cuba luta para se recuperar após ciclone, furacão e terremotos; entenda situação na ilha (4)
Cuba luta para se recuperar após ciclone, furacão e terremotos; entenda situação na ilha