A conta do Papa Francisco em português no Twitter fez, neste domingo (16), postagens que faziam referência ao Dia Mundial da Alimentação. O texto faz um elogio à caridade: “Deus Todo-Poderoso abençoe abundantemente aqueles que dividem o pão com os famintos”
Foi a senha para que dezenas de perfis bolsonaristas iniciassem uma reação em massa. A publicação teve mais de 1,5 mil comentários, muitos deles com críticas e ataques à Igreja Católica e à figura do Papa.
Deus Todo-Poderoso abençoe abundantemente aqueles que dividem o pão com os famintos. #WorldFoodDay
— Papa Francisco (@Pontifex_pt) October 16, 2022
A ofensiva bolsonarista contra a Igreja Católica, no entanto, já havia sido deflagrada em 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida. Bolsonaro esteve presente na missa em homenagem à santa.
?URGENTE ?
No dia de Nossa Senhora da Aparecida, bolsonarista agridem e causam confusão com a imprensa da TV Aparecida.
Eles não respeitam a fé, não respeitam o povo brasileiro e jorram desumanidade. pic.twitter.com/0jMiVpc4pX— União Brasileira dos Estudantes Secundaristas ✏️ (@ubesoficial) October 12, 2022
Seus apoiadores, que estavam do lado de fora do santuário, aparentemente alcoolizados, hostilizaram a equipe da TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo, que estava no local fazendo a cobertura. Houve ainda relatos de que uma pessoa vestida de vermelho foi hostilizada pelos bolsonaristas.
Agência Brasil
Após episódio em Aparecida (SP), casos de agressão de militantes de extrema-direita bolsonaristas a igrejas católicas se multiplicaram
Outro grupo de bolsonaristas entrou na sacristia da Basílica para exigir que os sinos da igreja fossem paralisados, pois o som estaria atrapalhando o ato deles.
Esse aqui eu não tinha visto ainda: algumas bolsonaristas invadiram a sacristia da Basílica de Nossa Senhora, em Aparecida do Norte para EXIGIR que o padre parasse de tocar OS SINOS (o que estava na programação) porque segundo elas isso era um ATAQUE a manifestação bolsonarista. pic.twitter.com/NEyGWTE5XC
— William De Lucca (@delucca) October 14, 2022
Para o frei Marcelo Toyansk, assessor da Comissão de Justiça e Paz da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o uso eleitoral da religião é preocupante. “A religião não está a serviço da política. Ela vem para iluminar a vida da gente, a vida da sociedade, mas não é para ser usada por um partido ou outro”, afirma.
Ele diz ainda que a estratégia da campanha bolsonarista de usar assuntos de uma “pauta de costumes”, como igreja, aborto e banheiros unissex – usualmente com o uso de notícias falsas – pode ser uma tentativa de esconder os defeitos do governo.
“As pessoas se ligam muito a questões imediatas, como a família, a igreja que frequenta, o grupo que participa. Falta, muitas vezes, um conhecimento do todo, da sociedade e da política”, acredita. “As pessoas não têm clareza de que as questões que acontecem em Brasília refletem diretamente na sua vida cotidiana”.
A partir do episódio da Basílica de Aparecida, os casos de agressão de militantes de extrema direita bolsonaristas a igrejas católicas se multiplicaram. Relembre alguns casos:
16/10 – Fazenda Rio Grande – PR
ACONTECEU DE NOVO
Bolsonaristas interrompem a sagrada missa e padre é hostilizado após homilia em Fazenda Rio Grande (PR).
Eles querem acabar com a Igreja Católica.
DIVULGUEM pic.twitter.com/UhDjAXbCSh— Ana Vilarino (@anavilarinol) October 16, 2022
18/10 – Jacareí – SP
Em Jacareí, interior de São Paulo, uma mulher completamente alterada interrompeu a missa e gritou com o padre após ele citar o nome de Marielle Franco. pic.twitter.com/bx5teQK81h
— Jornalistas Livres (@J_LIVRES) October 19, 2022
13/10 – Padre Zezinho fecha redes sociais até 31 de outubro por ataques virtuais
O Padre Zezinho está deixando as redes sociais até o fim das eleições em razão dos ataques que vem recebendo dos bolsonaristas. Cantor e compositor, o sacerdote é imensamente admirado entre os católicos e tem o respeito de muitos evangélicos.
— Andrade (@AndradeRNegro2) October 14, 2022
Thalita Pires | Brasil de Fato
Edição: Rodrigo Gomes
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