Pesquisar
Pesquisar

Qual o preço da aprovação do furo do teto dos gastos? Saiu barato para o centrão!

O famigerado “teto de gastos” só atende ao interesse das corporações e empresários aficionados, fanáticos pelo mercado
Claúdio di Mauro
Diálogos do Sul
Uberlândia (MG)

Tradução:

A colocação na Constituição Federal de um “TETO PARA OS GASTOS” com Educação, Saúde, Cultura, Segurança Pública, Direitos Sociais é um desastre que nunca poderia ter sido digerido pela população brasileira. Mudar conteúdos da Constituição, tem que ocorrer com aprovação de outra Emenda Constitucional.

O empresariado, os “reis do mercado” enfiaram “goela a baixo” uma emenda na Constituição de difícil possibilidade para ser revogada. Depende de uma maioria no Congresso Nacional, que  está muito acima das possibilidades do Governo Lula, que não teve eleitos Deputados Federais e Senadores para que lhe dê tais condições.

O famigerado “teto de gastos” só atende ao interesse das corporações e empresários aficionados, fanáticos pelo mercado.

O governo eleito precisaria ter partido com a proposta de revogação do abjeto “teto de gastos”. Precisaria mostrar todas as implicações causadas por esse desprezível procedimento legal e orçamentário. Oferecer argumentos para a mobilização dos Movimentos Populares e de toda a população que garantiu mais de 60 milhões de votos para eleger a chapa Lula/Alckmin. 

O famigerado “teto de gastos” só atende ao interesse das corporações e empresários aficionados, fanáticos pelo mercado

Michel Jesus/Câmara dos Deputados
Discussão e votação de propostas. Dep. Arthur Lira PP – AL.

Para mais do que isso, houve um erro de estratégia, na partida para a Transição, ao projetar pouco? É pouco, projetar para o que seria obviamente viabilizado, o pagamento do Bolsa Famílias de R$ 600  mais R$ 150  por crianças até seis anos, a recomposição das Farmácias Populares, a Merenda Escolar, o reajuste do salário mínimo. Isso dificilmente seria negado mesmo pelos radicais da direita? Sabem os congressistas do centrão que negando isso, teriam um desgaste irrecuperável para suas imagens políticas!

Agora o que temos, aparentemente, é isso: garantir a Emenda Constitucional e ter a autorização, por Lei, o furo no “teto de gastos” para os próximos quatro anos de governo. Isso é o mínimo necessário.

Nada demais. Afinal, foi o Orçamento preparado pelo governo Bolsonaro para 2023 que deixou um déficit de aproximadamente R$ 400 bilhões. Deve-se lembrar que Bolsonaro já furou o teto defendido e “protegido” por ele e Paulo Guedes em quase R$ 800 bilhões. Foram “pedaladas fiscais”? Isso não contou para Bolsonaro?

Para aceitar a continuidade do Lira na Presidência da Câmara, deveria ser cobrada uma fatura muito mais elevada, com o rompimento definitivo do “teto de gastos”. Com todo o respeito ao grupo que cuida dessas negociações, o “sarrafo a ser pulado” pelo centrão, está ficando muito baixo. 

É óbvio que não sabemos tudo e o que mais está sendo negociado. Mas se foi apenas a aprovação da Emenda Constitucional… está ficando muito “barato” para o centrão. Com isso, as negociações e concessões poderão se perpetuar durante os anos de governo. E, no final entregaremos o governo para a “extrema-direita”. Se essa for a realidade, os governantes não terão a manutenção dos apoios populares.

O alerta que precisa ser dado é que sem apoio do Movimento Popular e sem movimentação nas ruas e praças, o governo não terá base para seguir em frente. Foi muito importante fazer discurso com sangue nos olhos durante a campanha. Mas, na prática, ao negociar com o centrão, o comportamento não pode ser de “tchutchuca”.  Não tem o mínimo cabimento. Negociar, sim, mas não se pode ceder desde o primeiro momento do diálogo. Conhecer os limites para o apoio popular deve estar no radar da equipe que negocia.

Os Movimentos Populares e a cidadania em geral precisam confirmar os apoios para governantes eleitos e seus representantes nas negociações, mas, devem cobrar, fazer pressão. Demonstrar que há vigilância para garantir a continuidade dos apoios. Para isso, os discursos de campanha precisam estar em processo de viabilização.

Os movimentos populares, compostos por mulheres, negros, indígenas, ambientalistas, jovens, precisam se sentir atendidos e prestigiados pelo governo que terá início em janeiro de 2023. Não se pode perder e enfraquecer as lutas populares, as lutas dos setores subalternizados.

As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na TV Diálogos do Sul


Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:

  • PIX CNPJ: 58.726.829/0001-56 

  • Cartão de crédito no Catarse: acesse aqui
  • Boletoacesse aqui
  • Assinatura pelo Paypalacesse aqui
  • Transferência bancária
    Nova Sociedade
    Banco Itaú
    Agência – 0713
    Conta Corrente – 24192-5
    CNPJ: 58726829/0001-56

       Por favor, enviar o comprovante para o e-mail: assinaturas@websul.org.br 


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
Claúdio di Mauro

LEIA tAMBÉM

60c4bd06-ab9f-4bd3-8926-d6d97b0e6289
Por mentir descaradamente durante eleições, Jovem Pan perde monetização no YouTube
a1478090-ccd2-4be6-a65e-9208a13c3341
Com derrota à crueldade fascista, RS dá fôlego à esquerda e retoma diálogo democrático
d3908a35-5d39-49e0-8e1b-a5eb2078d981
Fascistas nas ruas, serviço público precário e prefeito negligente: Porto Alegre volta a 1964
be0aa216-c9b1-4172-b8ec-5a177f39afea
Eduardo Leite nem reassumiu governo do RS e Porto Alegre já virou um inferno