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Como psique de Hitler ajuda a entender sexualidade reprimida de Bolsonaro

Diversos estudiosos investigaram como se desenvolveu o nazifascismo e um dos ramos de pesquisa buscou entender a sexualidade de seus líderes
Carlos Russo Jr
Diálogos do Sul Global
Florianópolis (SC)

Tradução:

Aquele que se diz todo o tempo ser “ïmbrochável” é homofóbico, embora com traços de inconfessa e recalcada homossexualidade; sua misoginia transborda e agora se confessa sexualmente atraído por meninas adolescentes.

Pois bem, Bolsonaro também se cerca de comparsas que transpiram sexualidade reprimida e transtornada, cujo símbolo mais evidente é a figura pública deplorável de Damares Alves.

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Se buscarmos um referencial histórico ao capitão desonrado de nossa Forças Armadas brasileiras, nós nos debruçaremos necessariamente em um também cabo do Exército Alemão, que covardemente escondeu-se de batalhas durante a Primeira Guerra e, posteriormente, tornou-se o Terceiro Reich, fundando a Alemanha Nazista.

Pois bem, após forças aliadas vencerem a Segunda Guerra Mundial, diversos cientistas políticos, psicanalistas, sexólogos e historiadores desenvolveram pesquisas para o entendimento de como se desenvolveu o nazifascismo em uma nação culta como o era a Alemanha. E um dos ramos destas pesquisas buscou compreender a fundo sexualidade dos líderes nazistas.

Hitler e sua sexualidade

Dois relatórios dos Aliados durante a Segunda Guerra Mundial tentaram analisar Hitler psicologicamente. Um relatório de 1943, feito por Walter C. Langer, da norte americana Escritório de Serviços Estratégicos (o berço da CIA), descreveu-o como sendo um homem que possuía tendências homossexuais reprimidas e opinou que Hitler fosse coprofílico (com afinidade por fezes humanas) e com problemas de impotência.*

Em outro relatório, o psicólogo Henry Murray, que chegou a conclusões semelhantes às de Langer. Murray, entretanto, além de afirmar que Hitler era um coprofílico, deu maior ênfase ao fato de que ele sofria de esquizofrenia.**

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O historiador britânico, Ian Kershaw, o descreve como uma pessoa que possuía, especialmente em sua juventude, medo do contato pessoal e do ato sexual, incluindo a homossexualidade e a prostituição.

Já o historiador alemão Hermann Rauschning afirmou ter observado no registro militar de Hitler da Primeira Guerra Mundial um documento da Corte Marcial, onde Hitler foi acusado de práticas pederastas com um de seus oficiais. Rauschning também acrescentou que na cidade alemã de Munique, Hitler fora indiciado por violar o Parágrafo 175, sendo considerado culpado de pederastia, em 1919.

Ernst Hanfstaengl, um dos membros do círculo íntimo de Hitler e amigo pessoal na juventude, escreveu que “eu sinto que Hitler foi um homem que não era nem peixe, carne ou galinha; nem totalmente homossexual e nem totalmente heterossexual… Eu tenho a firme convicção de que ele era impotente, do tipo reprimido, apenas masturbador”.

Pese o fato de que os fundadores assumidos das milícias nazistas de Nuremberg serem quase todos homossexuais, como Ernst Röhm, Hanfstaengl e Emil Maurice, o regime nazista de Hitler, quando no poder, perseguiu os homossexuais; estima-se que 5 a 15 mil foram enviados aos campos de concentração, e destes, aproximadamente 2 500 a 7 500 foram assassinados.

Em agosto de 1941, Hitler afirmou em discurso que “a homossexualidade atualmente é tão contagiante e perigosa como uma praga e deve ser extirpada”.

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Uma família incestuosa

Por outro lado, a análise dos desvios comportamentais e sexuais de Adolf Hitler não pode passar ao largo do fato de que relações incestuosas ocorreram com uma frequência impressionante em sua família, desde os princípios do século XIX.

Seu pai, Alois Hitler, nascido Alois Schicklgruber era, com toda probabilidade, filho de seu próprio tio, Nepomuck, tendo sido pelo mesmo criado após os 5 anos, pois sua mãe perdera as condições de fazê-lo. Aliás, ao progredir em sua carreira como funcionário alfandegário, Alois Schicklgruber fez de tudo para que seu certificado de nascimento retirasse de sua filiação o termo: “pai indeterminado”. E o conseguiu, tornando-se Alois Hitler, o nome do irmão de Nepomuck, casado três anos após o nascimento de Adolf e já falecido.

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Alois Hitler, por seu lado, teve relações sexuais precoces com todas as suas três meias irmãs mais velhas, dentre as quais cresceu na família de Nepomuk. De uma destas relações nasceu Klara Hitler.

Anos após, em seu segundo casamento com a adolescente Franziska Matzelberger, do qual nasceriam Alois Junior e Angela, Alois Hitler trouxe então, como tio, sua filha de dezesseis anos para trabalhar como criada e babá.

Quando Franziska, a mãe de Ângela e Junior morreu, Alois casou-se com a própria filha, a bela e carinhosa Klara, que acreditava ter-se casado com um tio e nunca com seu próprio pai. Deste casamento nasceram 6 filhos, dentre eles, Adolf Hitler, o único que chegou vivo à idade infância.

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Adolf Hitler, por sua vez, aos 36 anos teve pela sua linda meia-sobrinha, a adolescente Geli Raubal, de 16 anos de idade, “a primeira e maior paixão da vida”. Ambos começaram a viver juntos em 1925, quando a mãe dela, a meia irmã Ângela, tornou-se a dona-de-casa da residência de Adolf Hitler.

A relação amorosa, permeada pelo comportamento ciumento, possessivo e violento de Hitler, terminou com um nunca elucidado suicídio da jovem com um tiro no peito, utilizando um pesado revólver, o do próprio Hitler.

Um dos opositores de Hitler no Partido Nazi, Otto Strasser afirmou aos interrogadores da OSS que o ditador nazista forçava a meia-sobrinha dele, Geli Raubal, a urinar e defecar sobre ele, para que sentisse prazer e gozasse se masturbando.

O pianista Putzi Hansfstaengl disse sobre seu amigo e Geli: “Adolf, só gosta de tocar nas teclas negras. ”

O desenlace da relação teria se dado quando a sobrinha passara a gostar de um jovem “normal”. Em 1930, já importante na política alemã, ninguém se importou com o fato de que a bala que matara Geli nem ao menos chamuscara sua roupa, o que seria inevitável em um tiro a curtíssima distância, no caso de suicídio.

Hitler, antes de Eva Braun, teve um curto caso de relacionamento com a atriz alemã Renate Muller. Nas poucas noites em que ela passou com ele, relatou atitudes estranhas contando que o líder nazista se masturbava no chão, desde que ela o chutasse.

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Outras evidências históricas, no entanto, mostram uma possível abstinência heterossexual de Hitler. O proprietário de uma das casas em que o líder alemão e sua esposa, Eva Braun, passavam a noite, revelou que, depois do início da guerra, todas as vezes que, pela manhã ia arrumar a cama do casal, não encontrava sinais de atos sexuais. Além disso, o próprio ditador confessou “superar o desejo de possuir uma mulher fisicamente”, declarando que a Alemanha era a sua verdadeira noiva.

O livro “A mente de Adolf Hitler” é uma obra única por se tratar de uma biografia psicológica construída a partir de entrevistas com pessoas que conviveram com o líder nazista. Muito já foi escrito sobre a vida do Führer, mas poucos estudiosos se dedicaram a entender tão a fundo seus padrões de comportamento e modos de pensar quanto Walter Langer.

“A mente de Adolf Hitler” é também peça fundamental para a compreensão psíquica de determinados líderes fascistas do século XX, assim como dos protofascistas do século XXI.

E quando analisamos a sexualidade da personalidade que levou à morte, em “nome de deus e da pátria”, mais de oitenta milhões de seres humanos, nos deparamos em um plano de tragicomédia com a figura repugnante de Bolsonaro e de seus asseclas!

Bibliografia:

*O trabalho de Walter C. Langer foi lançado sob o título de The Mind of Adolf Hitler: The Secret Wartime Report, em 1972.
**Henry Langer: Analysis of the Personality of Adolph Hitler: With Predictions of His Future Behavior and Suggestions for Dealing with Him Now and After Germany’s Surrender.
Obs.: Em 2004, a rede de televisão HBO produziu um documentário baseado intitulado Hidden Führer: Debating the Enigma of Hitler’s Sexuality (em português: Fuhrer Oculto: Debatendo o Enigma da Sexualidade de Hitler).

Carlos Russo Jr. | Colaborador da Diálogos do Sul


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Carlos Russo Jr Carlos Russo Jr., coordenador e editor do Espaço Literário Marcel Proust, é ensaísta e escritor. Pertence à geração de 1968, quando cursou pela primeira vez a Universidade de São Paulo. Mestre em Humanidades, com Monografia sobre “Helenismo e Religiosidade Grega”, foi discípulo de Jean-Pierre Vernant.

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