Com 50 anos, Ricardo Lombana concorre novamente à disputa eleitoral panamenha no dia 5 de maio. Em 2019, Lombana alcançou a terceira posição na intenção de votos como candidato presidencial por livre postulação.
Nesta ocasião, é indicado pelo Movimento Outro Caminho (MOCA) e seu companheiro de chapa é o jovem empresário Michael Chen. Advogado de profissão, Lombana foi cônsul do Panamá em Washington (2004-2007) e ocupou a vice-presidência do jornal La Prensa.
Entre suas prioridades, caso vença nas urnas, sobressai o combate à corrupção e à narcopolítica. Neste sentido, explicou que desde o primeiro dia [caso seja eleito presidente] espera fortalecer o Conselho de Segurança para garantir que este órgão não seja utilizado politicamente.
Além disso, tem como prioridade a aprovação da Lei de Extinção de Domínio para que os bens apreendidos com os narcotraficantes possam estar a serviço do Estado.
Por outro lado, aposta em um programa de depuração e limpeza nas instituições de segurança do país, porque, a seu ver, estão penetradas pelo crime organizado. Ainda enfatizou pretender tirar a Unidade de Análise Financeira da Presidência para que tenha autonomia, e também criar a autoridade nacional de investigação de casos de corrupção.
Com o MOCA, mudarão as regras do jogo, disse em relação a reformas do Estado por meio da elaboração de uma nova Carta Magna por uma assembleia constituinte.
Profetizou que, se alcançar uma maioria importante na Assembleia Nacional (parlamento), poderia reconsiderar convocar a constituinte. No entanto, na atual circunstância, afirmou, sem esperar, consultaria o povo, perguntando-lhe sobre um pacote de reformas, para ganhar legitimidade.
Sobre as possíveis perguntas, mencionou o tamanho do legislativo, seus poderes para investigar juízes ou vice-versa, e a necessidade ou não de um segundo turno eleitoral que não existe, entre outras, para mudar os atuais pactos de impunidade.
Acerca da criação de emprego, seu plano pretende gerar confiança, conseguir mais investimentos e para isso, “o Estado deverá pagar contas pendentes”, em alusão a 1.600 milhões de dólares devidos a credores.
Afirmou ainda os setores logístico e turístico como as duas principais áreas a priorizar e onde vai se gerar a maior quantidade de postos de trabalho. Por meio de leis anti-monopólio, indicou, enfrentaria este flagelo que hoje afeta áreas como energia, medicamentos, combustível e insumos para o setor agropecuário.
“Vamos com tudo”
Um dos candidatos presidenciais que enfrenta constantes críticas por parte da população panamenha é o indicado pelo Partido Revolucionário Democrático (PRD), no governo, o advogado José Gabriel (Gaby) Carrizo, de 40 anos de idade, atual vice-presidente da República.
Sua defesa em todos os fóruns da atual administração, de Laurentino Cortizo (2019-), que alguns consideram falida, é objeto de questionamento pelas principais organizações sociais, ambientalistas e sindicais.
Seu companheiro de chapa é o doutor Camilo Alleyne e a campanha foi denominada “Vamos com Tudo”, título sobre o qual o presidente parafraseou “Como você não vai…”, referente a uma suposta intenção de lhe ultrapassar na votação.
Um de seus eixos foi não fechar a empresa Minera Panamá, algo que a população em manifestações pediu e conseguiu em outubro e novembro de 2023, em repúdio à mineração metálica a céu aberto.
Diante de tamanho desafio, disse que pretende apresentar à Assembleia Nacional (parlamento) uma consulta popular para adotar ou rejeitar a continuidade da mineradora, por meio de uma empresa mista em que o Estado tenha a maioria das ações.
Ao contrário da maioria dos outros sete candidatos presidenciais, Gaby, como também é chamado, descarta um processo constituinte para a elaboração de uma nova Carta Magna.
Sobre este texto, vigente desde 1972, garante que a elaboração de outra Constituição geraria instabilidade no país, e opta por modificações parciais em títulos específicos sobre o funcionamento dos poderes do Estado.
Explicou ainda que para conseguir as mudanças que a sociedade almeja nos três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – convocará o Pacto de Estado pela Justiça e outros atores a fim de redigir reformas pontuais e desta forma evitar a incerteza.
Frente à crise das pensões na Caixa de Seguro Social (CSS), Carrizo identificou como um caminho para solução retomar a exploração minerária no país, como sua fórmula depois de uma consulta cidadã para atender o déficit do Programa de Invalidez, Velhice e Morte (IVM), questão que foi rejeitada por manifestações populares no ano passado.
Em matéria econômica considera prioritário o setor agropecuário, as indústrias criativas e o empreendimento. Propõe implementar incentivos fiscais e trabalhistas para reduzir a informalidade e impulsionar que a jornada de trabalho seja de quatro dias na semana, com 10 horas de trabalho.
Aspira ainda a criar um centro penitenciário de províncias centrais para diminuir o superlotamento nos cárceres. Outra de suas propostas é estabelecer a Direção Nacional de Cibersegurança, que ficaria encarregada de identificar, recuperar e responder com dados do setor público.
Inclusive anunciou que sugerirá integrar as pessoas em situação de rua por meio de uma base de dados que os identifique, reabilite, reconecte com seus familiares e lhes facilite obter um emprego. Também se comprometeu a construir um novo Hospital Oncológico na província ocidental de Chiriquí.
Acerca da criação de novas praças, comentou que quer criar uma plataforma nacional chamada “Panamá Trabalha” que registre todos os setores de produção no país usando a inteligência artificial.
Isto, para “estabelecer conexões em tempo real entre as ofertas e as demandas” de emprego, além de criar um registro nacional de trabalhadores independentes que lhes permita usufruir dos benefícios da seguridade social.
Em torno à consigna de seus detratores, “Como você não vai…”, garante que têm razão porque “conosco você não vai estar sem emprego, não vai ter baixa aposentadoria, não vai ver fechamento de ruas, não vai perder tuas colheitas, não vai pagar por seus medicamentos, não vai ver obras abandonadas, não vai ver Panamá sem futuro”.
No dia 5 de maio, oito candidatos, cinco em nome de partidos políticos e três por livre postulação, aspiram a tomar as rédeas do país no Palácio das Garças (sede do Governo).
Protagonizam essa corrida, além dos já descritos, o ex-presidente (2004-2009) Martín Torrijos (Partido Popular), Rómulo Roux (Cambio Democrático y Panameñista) e José Raúl Mulino (Realizando Metas y Alianza), pelas organizações políticas.
Aspirando à presidência da República também disputam de forma independente a economista Maribel Gordón, a deputada Zulay Rodríguez e o advogado Melitón Arrocha.
Revisão: Carolina Ferreira