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Foto: Jorge Luis Baños/IPS

Cidadãos e governo debatem desafios e soluções para a economia cubana em 2024

Governo de Díaz-Canel foca em redução do déficit e estabilização econômica em 2024; população insiste em baixa dos preços e em uma melhor interrelação entre os setores estatal e privado da economia cubana
Redação IPS
La Jornada
Cuba

Tradução:

Ana Corbesier

A recente análise do governo sobre a implementação das medidas “para corrigir distorções e impulsionar a economia cubana” durante 2024 gerou novos debates na população, a favor de encontrar soluções tangíveis para os problemas.

Diante do Conselho de Ministros, o presidente da República, Miguel Díaz-Canel, afirmou: “as complexidades econômicas que atravessa a nação repercutem, por exemplo, nos atrasos [no abastecimento] que se manifestaram durante os últimos meses.”

Problemas econômicos e prioridades

Díaz-Canel reconheceu dificuldades na “entrega da cesta básica normatizada, na instabilidade no Sistema Elétrico Nacional, na inadequada relação entre o setor estatal e o não estatal, assim como no aumento dos preços de maneira desmedida, o que nem sempre é fruto da oferta e da demanda, sendo uma questão totalmente especulativa”.

Também indicou como prioridade a redução do déficit orçamentário, enfatizando a necessidade de “ter mais controle sobre os gastos, e até mesmo cancelar um grupo deles, o que hoje não se pode fazer”.

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O mandatário ressaltou “os pagamentos excessivos” do setor estatal ao privado, ao mesmo tempo em que aconselhou dar maior participação às empresas estatais “na hora de contratar serviços, sempre que sejam capazes de realizá-los com eficiência”. Também insistiu em fortalecer o processo de bancarização e seu impacto em cada território para enfrentar a evasão de impostos, “de maneira que não escape nem um centavo do orçamento do Estado”, afirmou.

Revisão da economia cubana

O ministro de Economia e Planejamento, Joaquín Alonso, afirmou que a economia cubana decresceu em 2023 em relação ao ano anterior. Segundo disse, o assunto será debatido nas próximas sessões parlamentares.

Sobre os resultados nos primeiros seis meses de 2024, comentou que foram cumpridas as exportações em itens como tabaco mecanizado, carvão, lagosta, enguia e outros produtos pesqueiros, assim como os biofarmacêuticos.

No entanto, as produções de níquel, mel de abelha e tabaco torcido e em rama “não alcançam as cifras previstas”, afirmou Alonso. Também decresceram as exportações de serviços de telecomunicações, mas aumentaram no setor de saúde e turismo. “Calcula-se que ao encerrar-se o primeiro semestre do ano cheguem ao país 1.321.900 visitantes”, disse, sem mencionar outras cifras.

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Novas medidas econômicas

Durante a reunião mensal do Conselho de Ministros foram apresentadas novas medidas que “buscam, essencialmente, corrigir desequilíbrios macroeconômicos”, explicou Mildrey Granadillo, primeira vice-ministra de Economia e Planejamento.

A funcionária destacou o interesse “em incrementar a captação de divisas para o país por diferentes vias e conceitos; incentivar a produção nacional, com ênfase na produção de alimentos, e ordenar o funcionamento das formas de gestão não estatal.” Fez alusão a “um ajuste nas condições de economia de guerra” no setor estatal.

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Em relação ao setor privado, orientou calcular o impacto fiscal de suas importações e conceder benefícios tarifários, inclusive isenções pela importação de matérias primas e insumos para produzir, além de concluir o sistema tributário para o comércio eletrônico.

Granadillo anunciou o estabelecimento de “uma política de preços única, inclusiva e em igualdade de condições para todos os sujeitos da economia”, de regulamentações para reduzir o lucro nas compras de produtos e pagamentos de serviços e insumos que realiza o setor estatal ao não estatal.

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“Será necessário fomentar o encadeamento e não ceder capacidades produtivas”, enfatizou. O primeiro-ministro, Manuel Marrero, considerou que as novas medidas correspondem “a uma etapa superior na implementação de projeções em temas macroeconômicos, com impacto em assuntos sensíveis para a população”.

Opiniões da cidadania

Em um fórum digital da imprensa cubana, grande quantidade de comentários defenderam medidas governamentais que protejam sobretudo os aposentados e em situação de vulnerabilidade, que não podem pagar os altos preços dos produtos oferecidos em lojas estatais e privadas.

A usuária com as iniciais YQG, que se apresentou como aposentada, de 73 anos de idade, opinou que se requerem com urgência “resultados e sobretudo alimentos a preços que seja possível pagar pela população”.

Em sintonia com esta opinião, Nora Elena escreveu: “Vi a lista dos preços em Pinar del Río para as micro, pequenas e médias empresas (mipymes); os aposentados que ganhamos mil e tantos pesos não poderemos ter acesso a isso. Espero que o valorizem.”

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Por sua vez, Jesús propôs “buscar consensos e formas de colaboração reais para que (os novos atores econômicos) participem mais ativamente de todo o processo; até agora o que se esteve fazendo foi responsabilizar as mipymes e os trabalhadores por conta própria por todas as desgraças por que estamos passando”.

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Outro participante do fórum chamado Luis advertiu: “A situação econômica continua piorando e chegará a um ponto de inflexão, pondo em risco a soberania” do país.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Redação IPS

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