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Foto: UNRWA / X

186 mil palestinos assassinados: Lancet divulga estudo alarmante sobre vítimas em Gaza

Estimativa da revista científica The Lancet leva em conta possíveis cadáveres sob escombros e afirma: "número de palestinos mortos é subestimado"
Roberto Bordón, Jaime Castán
Esquerda Diário
Tel Aviv

Tradução:

Ana Corbisier

A revista científica The Lancet publicou um informe onde se calcula que o número de palestinos assassinados em Gaza seria de entre três e quinze vezes maior que a cifra de 37 mil mortes informada pelo Ministério da Saúde de Gaza. Segundo a investigação dos médicos Rasha Khatib, Martin McKee e Salim Yusuf em “Counting the dead in Gaza: difficult but essential” (Contando os mortos em Gaza: difícil, mas essencial).

“Aplicando uma estimativa conservadora de quatro mortes indiretas por cada morte direta às 37.396 mortes informadas, não é inverossímil estimar que até 186 mil ou até mais mortes poderiam ser atribuídas ao atual conflito em Gaza“, segundo os autores do informe. Esta cifra seria obtida levando em conta as estimativas dos 10 mil cadáveres que se encontram sob os escombros de Gaza (a ONU considerava em 29 de fevereiro de 2024 que 35% dos edifícios da região tinham sido destruídos). Assim como pelas mortes causadas não só pela violência bélica direta, mas devido a consequências indiretas para a saúde, como enfermidades, fome e outros problemas.

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“Mesmo que o conflito termine imediatamente, continuará havendo muitas mortes indiretas nos próximos meses e anos por causas como enfermidades reprodutivas, transmissíveis e não transmissíveis”, explicam os autores. As elevadas cifras que menciona o informe nos aproximariam melhor da realidade, “dada a intensidade deste conflito, a infraestrutura de atenção à saúde destruída, a grave escassez de alimentos, água e refúgio, a incapacidade da população de fugir para lugares seguros e a perda de financiamento para a UNRWA, uma das poucas organizações humanitárias que ainda estão ativas na Faixa de Gaza”.

Magnitude do conflito em Gaza

É preciso considerar que devido à magnitude do conflito, “a recopilação de dados está se tornando cada vez mais difícil para o Ministério da Saúde de Gaza devido à destruição de grande parte da infraestrutura”. O que levou o Ministério a complementar seus registros baseados nas mortes em hospitais e nos traslados de cadáveres, com informação procedente de meios de comunicação confiáveis e dos serviços de emergência, para dar conta das mortes não identificadas (que representavam 30% das 35.091 mortes registradas em 10 de maio de 2024).

Este recurso do Ministério da Saúde de Gaza, que permite um melhor acompanhamento das cifras, foi utilizado, no entanto, por alguns funcionários e agências de notícias para tirar veracidade dos dados. Ainda assim, como insistem os autores do informe, “é provável que o número de mortes notificadas esteja subestimado“, e ainda que as autoridades israelenses não aceitem as 37 mil mortes registradas, os serviços de inteligência israelenses as aceitaram como exatas de fato.

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A partir desta cifra de mortes informadas, e seguindo as estimativas do informe de 186 mil ou até mais as que poderiam ser atribuídas ao genocídio em Gaza, as cifras de mortes chegariam a cerca de 7,9% da população total (a partir dos dados aproximados de população da Faixa de Gaza de 2022 de 2.375.259 habitantes).


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Roberto Bordón Jornalista no portal Esquerda Diário.
Jaime Castán Jornalista no portal Esquerda Diário.

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