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Foto: Reprodução / Twitter

Ucrânia acumula perdas de território e está cercada pela Rússia em Donbass

Avanços da Rússia são lentos, mas constantes, e é apenas uma questão de tempo para que a Ucrânia seja expulsa de mais áreas sob seu controle
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Beatriz Cannabrava

No decorrer deste ano, exceto por sua incursão surpresa no início de agosto passado na região russa de Kursk, onde permanece até hoje, o exército da Ucrânia, em linhas gerais, conseguiu manter suas posições ao longo dos 1.200 km da linha da frente de combates, ao mesmo tempo em que, na parte de Donetsk sob seu controle – equivalente a dois terços de sua extensão quando começou o conflito há dois anos e meio –, vem, sobretudo nos dois últimos meses, perdendo território diante dos ataques das tropas russas, cujos avanços são lentos, mas constantes.

Nesse contexto, surge a pergunta inevitável: a Ucrânia está perdendo a guerra? Aqueles que respondem afirmativamente – em primeiro lugar os blogueiros-Z, como são chamados os promotores da campanha militar russa na Ucrânia, usando o distintivo do exército russo, a última letra do alfabeto latino – enumeram que, desde janeiro e levando em conta as localidades vistas como bastiões das tropas ucranianas, Kiev perdeu Marinka, depois Avdiivka e, mais recentemente, Vuhledar.

Isso faz com que a discussão nas redes sociais, entre os partidários da operação militar especial lançada pelo Kremlin em fevereiro de 2022, se concentre em acertar qual será a próxima praça ucraniana a cair, considerando que esta é uma tendência irreversível, embora ninguém possa prever quando Pokrovsk, aparentemente o objetivo mais cobiçado nos últimos tempos, será acrescentada à lista de conquistas russas.

Exército ucraniano sob cerco no Donbass

Além de Pokrovsk, a lista de lugares de relativa importância estratégica para a Ucrânia é longa. O exército ucraniano está sob cerco no Donbass (Donetsk e Lugansk), embora o exército russo, com superioridade de efetivos e armamento de pelo menos 3 para 1, não esteja em condições de iniciar uma ofensiva simultânea. Em vez disso, ataca separadamente e de forma indistinta Konstiantinovka, Dobropolie, Selidovo, Kurakhovo, Velika Novosilka, Chasiv Yar e Toretsk, entre outros, segundo se depreende dos comunicados oficiais do comando militar russo.

As cidades e povoados mencionados – explicam especialistas como Yuri Fiodorov, Ruslan Leviyev, Yan Matveyev e Valeri Shiriayev, com base no acompanhamento diário dos campos de batalha – são parte dos distintos níveis de defesa que a Rússia teria que superar, e depois expor suas tropas a percorrer dezenas de quilômetros em campo aberto, à mercê dos drones e da artilharia inimiga, antes de poder se aproximar da zona mais fortificada de Donetsk, que é a grande aglomeração urbana de Kramatorsk e Sloviansk, com sua ramificada periferia industrial.

Em outras palavras, para alcançar a meta fixada pelo presidente Vladimir Putin de libertar toda a área administrativa que Donetsk e Lugansk tinham como parte da Ucrânia em 1991, após o colapso soviético, o exército russo – que nos últimos dois meses ocupou 699 quilômetros quadrados nessa região – precisaria expulsar as tropas ucranianas de mais 10.359 km² segundo Pasi Paroinen, analista do Black Bird Group, da Finlândia, que se dedica a interpretar dados e imagens geolocalizadas de fontes abertas.

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Estratégia de desgaste

Muitos observadores independentes se perguntam por que o governo de Volodymir Zelensky insiste em manter suas tropas em Kursk, o que não faz sentido militar, além de constranger o Kremlin enquanto não consegue expulsá-las. Ao mesmo tempo, Kiev se apega à defesa de bastiões até que sejam reduzidos a ruínas pelo fogo da artilharia e das bombas guiadas da aviação russa.

A resposta foi dada recentemente por Kiev em reportagem do The New York Times, diretamente da capital da Ucrânia, que cita militares do país envolvidos na defesa de Vuhledar. Segundo eles, faz parte de uma estratégia para desgastar o exército russo, causando-lhe o máximo possível de perdas em pessoal e equipamento. Por esse motivo, dizem, seguem até o limite e só abandonam um local quando o risco de serem cercados é iminente.

Um membro do Instituto de Estudos Estratégicos, vinculado ao governo ucraniano, Mykola Bielieskov, dá a entender que a estratégia é “trocar território por perdas russas”. Kiev confia que, mais adiante, poderá recuperar o território cedido e também que a temporada de chuvas do outono vai transformar o terreno em lama intransitável, retardando os ataques russos, enquanto chegam as novas remessas de armamento prometidas pelos Estados Unidos e seus aliados.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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