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Yamandú Orsi durante campanha presidencial (Foto: Reprodução / Facebook)

Campanha de Yamandú “varreu” Uruguai e conquistou votos cruciais no interior do país

Segundo presidente da Frente Ampla, Fernando Pereira, foram mais de 300 localidades percorridas no Uruguai, conversando com diversos setores sociais, produtivos e políticos
Orlando Oramas León
Prensa Latina

Tradução:

Ana Corbisier

Orsi venceu o candidato do oficialismo, o ex-secretário da Presidência do Uruguai, Álvaro Delgado, que se apresentou como o continuador do governo do presidente Luis Lacalle Pou, a quem o líder da Frente Ampla (FA), Fernando Pereira, considerou o grande derrotado na jornada eleitoral de 24 de novembro.

Ambos os candidatos chegaram a esta jornada com vantagem estreita para Orsi, ainda que várias pesquisas decretassem “empate técnico”. Foi no final de uma longa, ainda que tranquila, campanha eleitoral, que teve em 30 de junho as internas partidárias e em 27 de outubro as eleições presidenciais e parlamentares.

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Na ocasião, Orsi foi o candidato mais votado, mas não conseguiu maioria acima de 50% dos votos como demanda a lei, o que levou ao segundo turno. O escrutínio primário da Corte Eleitoral deu ao candidato da Frente Ampla 49,84% das cédulas, e 45,87% para Delgado, que aceitou sem problemas sua derrota.

A Corte Eleitoral registrou 38.478 votos em branco, 64.500 anulados e 35.761 observados. Houve participação de 89% do total de pouco mais de 2,7 milhões de habilitados, em um país onde a lei estabelece a obrigatoriedade de votar.

Crescimento no interior

A FA aprendeu com erros que lhe custaram a presidência em 2019. Seu presidente, Fernando Pereira, destacou que durante a campanha foram mais de 300 as localidades percorridas e os cenários dos encontros com representantes de diversos setores sociais, produtivos e políticos, muitos deles no contexto do programa “A Frente Ampla te Ouve”. E se por um lado o voto urbano continua decisivo para a Frente, por outro, o escrutínio consignou o avanço da aliança de esquerda no interior do Uruguai.

É uma das leituras do que ocorreu no segundo turno, em que o binômio Yamandú Orsi-Carolina Cosse venceu o de Álvaro Delgado-Valeria Ripoll com uma diferença de 95.502 votos. No segundo turno, a FA captou 125 mil adesões novas, 59% no interior. Por trás destes dados, esmaecem declarações nos últimos dias de campanha do ex-candidato presidencial do Partido Colorado, Andrés Ojeda, que prognosticou que a Frente perderia a eleição devido à fuga de votos conseguidos no primeiro turno.

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Em 24 de novembro, ocorreu o contrário. Segundo o escrutínio primário da Corte Eleitoral, a FA passou de 1.071.826 votos para 1.196.798 entre 27 de outubro e 24 de novembro. A chapa cresceu cinco pontos percentuais, de 44 a 49%, salto com que ganhou sua quarta vitória presidencial. Na contramão da FA, o voto somado por Partido Nacional, Colorado, Cabildo Abierto, Partido Independiente e Constitucional Ambientalista, em coalizão, caiu três pontos percentuais, de 48 a 45%. A Coalizão perdeu 60 mil votos entre outubro e novembro, 97% deles no interior.

Em nível departamental, a FA foi maioria em cinco. A coalizão governamental teve mais votos em 14, ainda que em quase todos sua fatura eleitoral tenha caído. Em maio de 2025, ocorrem as eleições departamentais e se analisa como fica a Coalizão Republicana, na qual o Partido Nacional, do presidente Lacalle Pou e do derrotado Álvaro Delgado, agora senadores eleitos, pretende seguir mandando.

O que está por vir

No primeiro turno, a FA fez maioria no Senado e ficou a dois votos de conseguir o mesmo na Câmara dos Deputados. Tanto Orsi como Delgado tinham expressado antes a necessidade de conseguir consensos em temas de transcendência nacional. A pobreza infantil e o combate ao crime organizado, em particular o narcotráfico, são dois desses assuntos.

O Parlamento pode ser o cenário de tais tratativas. Sobre isso, se manifestou também o ex-presidente José Mujica, que acrescentou que para isso é preciso criar o ambiente favorável que o partido hoje governante não propiciou. Orsi prometeu cumprir cinco compromissos essenciais caso ganhasse a eleição:

“Apelar sempre ao diálogo”, tanto com a sociedade como com as empresas e os distintos atores políticos. O segundo foi gerar “crescimento econômico e estabilidade”. Ao mesmo tempo, garantir proteção e bem-estar social, porque “o crescimento é possível se a sociedade avança”. Em quarto lugar, sobre o tema que mais preocupa seus compatriotas, afirmou que se “se encarregará” da segurança: “Está claro que é preciso ser muito duro com o delito e suas causas”. Em quinto, declarou: “Que governe a honestidade e a decência. Não pode haver nada para ocultar, não se pode varrer nada para baixo do tapete”.

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Os uruguaios se expressaram nas urnas e, ainda que se tenha confirmado que persistem dois blocos políticos, uma maioria decidiu pela mudança. Orsi reiterou em seu discurso de vitória que governará para todos, e Fernando Pereira observou que a Frente tem o objetivo de transformar o país. “Já o demonstrou quando foi governador”, declarou Pereira, lembrando que Orsi conseguiu os maiores crescimentos salariais dos últimos 40 anos, além de mudanças estruturais em saúde e educação, entre outros temas.

O retorno da FA pôs o Uruguai no centro do interesse internacional, e em particular no continente, onde sua vitória é interpretada como um passo do chamado progressismo na América Latina.

Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul Global – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Orlando Oramas León

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