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Gabriel Boric (Foto: Reprodução / X)

Renúncias, fracassos, instabilidade e promessas vazias marcam os 3 anos de Boric no Chile

Crises políticas, escândalos de corrupção e a saída de ministros estratégicos enfraquecem o governo, enquanto o presidente Boric tenta afastar a imagem de debilidade em seu último ano no cargo
Aldo Anfossi
La Jornada
Santiago del Chile

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Com o aniversário contaminado pelas renúncias forçadas, em questão de horas, de seu principal conselheiro e da ministra da Defesa, o presidente chileno Gabriel Boric iniciou, na última terça-feira (11), seu quarto e último ano no poder, rechaçando a noção de que seu governo está debilitado e de que este seria o início de sua despedida.

“Alguns falam, desde a comodidade dos diários ou programas de televisão, que o governo começa a se despedir. Eu lhes digo: não há despedida até o último dia de mandato. Este é um ano de muita gestão, de concretização, de dar debates importantes sobre o que queremos que seja o futuro do Chile, avançar na garantia de direitos sem retroceder”, declarou Boric em um ato com moradores do município de Renca, na capital.

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Enquanto Boric fazia sua defesa, a crise ainda pairava no ar. Apenas um dia antes, a ministra Maya Fernández Allende, neta do ex-presidente Salvador Allende (1970-1973), foi afastada de forma abrupta devido às repercussões do vergonhoso fracasso da tentativa de compra, em janeiro, da casa de seu avô pelo fisco chileno por UUS$ 930 mil (o equivalente a R$ 5,51 milhões) com a intenção de convertê-la em um museu.

A transação precisou ser anulada porque tanto ela quanto sua tia, a senadora socialista Isabel Allende, têm proibição legal de celebrar contratos com o Estado enquanto ocupam cargos públicos.

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Alertas ignorados  e acusações constitucionais

Longe de se apaziguar, e ao contrário do que inicialmente se argumentou, advertências jurídicas indicaram que a operação não poderia ser concretizada, alertas que aparentemente foram ignorados. Agora, a ex-ministra enfrenta uma acusação constitucional que pode inabilitá-la por até cinco anos para exercer cargos públicos.

Ao mesmo tempo, o sociólogo Miguel Crispi, chefe de assessores e figura próxima de Boric, entregou seu cargo em meio a sucessivos desgastes. Entre eles, se destacam-se o próprio fracasso na aquisição da residência de Allende e o repúdio de deputados opositores por sua recusa em prestar depoimento a uma comissão que investiga outro escândalo da administração: a denúncia penal contra o ex-subsecretário do Interior, Manuel Monsalve, atualmente preso, acusado de assediar uma subordinada.

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Boric saiu em defesa de seus ex-colaboradores, afirmando que Fernández “tem o direito de defender sua honra” e, acrescentou: “tenho plena confiança de que ela jamais, sob nenhuma perspectiva, tentou se enriquecer com o caso da casa”. Sobre Crispi, destacou: “foi acusado de muitas coisas, mas nenhuma delas foi provada. Tenho a convicção de que fez um bom trabalho […] Havia uma rejeição por parte de certos setores à sua figura, já haviam sido ultrapassados os limites aceitáveis”.

Recentemente, também renunciou a ministra do Interior e chefe de gabinete, Carolina Tohá, que pretende disputar a candidatura presidencial pela centro-esquerda.

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Favoritismo dos candidatos de direita

As pesquisas indicam o favoritismo de três candidatos da direita – dois deles da ultradireita – que estão em uma disputa acirrada e prometem chegar ao primeiro turno das eleições de novembro. Caso essa divisão se mantenha, poderá favorecer o candidato da centro-esquerda, que terá eleições primárias em junho.

Boric, porém, afirmou estar “totalmente” convencido de que a centro-esquerda pode vencer em novembro.

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“Previam um desastre nas eleições passadas, o que não aconteceu. A sabedoria do povo chileno demonstrou que não queria um extremo nem o outro, mas que chegássemos a um acordo. O progressismo está em condições de disputar a eleição presidencial de maneira muito competitiva e com grandes chances. Ainda há muita corrida pela frente, e quem representar o progressismo tem grandes chances de vencer.”

La Jornada, especial para Diálogos do Sul Global – Direitos reservados.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Aldo Anfossi

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