O presidente do Equador Daniel Noboa anunciou em sua conta na rede X (ex-Twitter), na última terça-feira (11), uma “aliança estratégica” para o combate ao narcotráfico com apoio de Erik Prince, fundador da empresa de segurança privada Blackwater, organização envolvida no massacre de 17 civis em Bagdá, em 2007.
“O crime organizado semeou medo e crê que pode operar com impunidade. Acabou sua hora. Começa a ajuda internacional no Equador”, declarou Noboa ao lado de uma foto com Prince, ex-militar estadunidense frequentemente descrito como mercenário e fundador de dita organização paramilitar.
Ao solicitar mais informações sobre o acordo, a Secretaria de Comunicação do Equador não ofereceu detalhes sobre o tipo de cooperação estabelecida, se seria uma contrato privado, qual o valor envolvido ou quais os prazos de execução.
A falta de informações gera incertezas sobre o impacto desse pacto, especialmente considerando que Noboa pode deixar o cargo no próximo dia 24 de maio caso não seja reeleito.
Fundada em 1996, a Blackwater — atualmente conhecida como Academi — é uma das principais contratadas do Departamento de Estado dos Estados Unidos e de agências como a CIA para operações de segurança.
No entanto, suas ações costumam ser marcadas por polêmicas devido ao alto número de mortes e ao impacto sobre populações civis.
Fracasso na privatização do maior campo petrolífero do Equador
O que já constava no Orçamento Geral do Estado como uma receita de 1,5 bilhão de dólares se esfumou após o fracasso da privatização de Campo Sacha, a maior jazida petrolífera equatoriana, que seria concedida ao consórcio sino-canadense Sinopetrol. A falta de transparência na negociação gerou uma onda de críticas, pois uma das empresas do consórcio seria sócia de uma firma pertencente a uma tia de Daniel Noboa.
O presidente equatoriano impôs um prazo até as 21h da última terça-feira (11) para que a Sinopetrol efetuasse o pagamento inicial de 1,5 bilhão de dólares, montante que, segundo Noboa, seria investido em saúde, educação, segurança e bem-estar para a população.
No entanto, os próprios executivos da empresa admitiram que seria difícil reunir essa quantia em tão pouco tempo. “Diretamente nós não temos, mas temos o financiamento e os acionistas. Nenhuma companhia tem 600 milhões de dólares em caixa”, afirmou Ramiro Páez, representante da Petrolia Ecuador.
A Sinopetrol é composta pelas empresas Petrolia Ecuador, subsidiária da canadense New Stratus Energy, com 40% de participação, e Amodaimi Oil Company S.L., subsidiária da estatal chinesa Sinopec, com 60% de participação. Nenhuma das duas empresas tinha registro vigente em Quito, o que tornaria a adjudicação passível de contestação legal, conforme já haviam anunciado representantes dos trabalhadores petroleiros e organizações contrárias à privatização.
Com o fim do prazo estipulado por Noboa, nenhuma das partes fez um anúncio formal sobre o colapso do acordo. A ministra de Energia, Inés Manzano, declarou que a situação permaneceria inalterada e que, no futuro, poderia haver uma nova tentativa de privatização.
Por enquanto, a operação de Campo Sacha seguirá sob controle da estatal Petroecuador. O campo, considerado “a joia da coroa” do setor petrolífero equatoriano, tem uma produção de 77.191 barris diários e reservas provadas de 350 milhões de barris de petróleo.
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