“Você suportaria ficar mais um pouquinho?” diz a juíza Joana RIbeiro Zimmer a uma criança de 11 anos, vítima de estupro, persuadindo-a a não interromper a gravidez e impedindo-a de abortar, mesmo que nesse caso o aborto esteja previsto em lei. Joana praticamente insiste com chantagem psicológica e palavras que aterrorizam a criança para que ela concorde em não abortar e esperar mais “uma ou duas semanas” para retirar o feto com vida, o que a criança responde assustada e monossilabicamente.
Depois da mãe descobrir a gravidez, por conta dos enjôos repentinos e do crescimento da região abdominal da filha, ela logo procurou o Hospital Universitário da UFSC para abortar, que negou o procedimento para a menina, porque a gravidez ultrapassava as 20 semanas. Recorrendo à justiça, tudo piorou.
Na contramão da América Latina, projetos de lei tentam regredir direito ao aborto no Brasil
A juíza também negou o direito à criança e a mãe e concedeu um abrigo para que a criança não fizesse o aborto, dizendo que “O risco é que a mãe efetue algum procedimento para operar a morte do bebê”, ou seja, para ela, a vida de uma criança vítima de estupros não vale nada.
O absurdo é tamanho, que a asquerosa juíza tenta induzir a menina a desistir de querer abortar, chamando o feto de “nenezinho” e dizendo que se ela fizesse o aborto o “bebezinho” iria nascer chorando e elas teriam que vê-lo “agonizar até a morte”. É inaceitável tamanho abuso de uma juíza conservadora que, além de privar uma criança vítima de violência sexual o direito garantido por lei de abortar, violenta-a psicologicamente.
É extremamente nojento que essa juíza, alinhada com a corja machista e conservadora de Bolsonaro e Damares, impeça uma criança de abortar, o que prova que o judiciário está à serviço dos interesses das classes dominantes. A vida de uma menina, filha da classe trabalhadora, nada vale segundo a lógica dos que nos dominam.
Foto: Solon Soares/Agência ALESC
Juíza Joana Ribeiro Zimmer "tem que ter licença cassada e temos que ir às ruas contra essa atrocidade", disse um usuário do Twitter
Esse judiciário faz coro agora com Bolsonaro, Damares, essa que já quis impedir uma menina, de também 11 anos e vítima de estupro, de abortar, são os representantes dessa direita nojenta que quer que as mulheres e meninas morram vítimas de estupros ou sejam obrigadas a gerar um filho mesmo que isso coloque a sua saúde em sério risco. Essa direita e o judiciário humilham essas vítimas, assim como fizeram com Mari Ferrer, provando que veem nas mulheres trabalhadoras e meninas, meras reprodutoras de mão de obra barata.
Esse judiciário, mais uma vez, mostra sua face autoritária e machista mais nojenta quando, mesmo num caso previsto em lei como este, simplesmente priva arbitrariamente, conforme sua própria vontade, uma criança de seguir um procedimento para salvaguardar sua vida.
“A Bíblia não é a Constituição e tampouco nela está escrito que o aborto é um pecado”
É necessário tomar as ruas contra essa atrocidade e exigir a cassação da licença de Joana Ribeiro Zimmer, lutando contra essa direita, mas sem confiança nas instituições desse regime, nesse congresso e judiciário reacionários que se alinham com Bolsonaro para nos atacar. Também, não podemos confiar que a chapa Lula-Alckmin irá avançar nessa pauta, quando o PT já provou nos seus 13 anos no poder que prefere abrir caminho à bancada evangélica do que garantir esse direito às mulheres.
É com a força da organização das mulheres e trabalhadores que se conquista esse direito, como fizeram nossas irmãs argentinas que conquistaram o direito ao aborto, como fizeram as colombianas, que conquistaram a descriminalização e como fazem hoje as mulheres nos Estados Unidos, que lutam contra o retrocesso nos seus direitos reprodutivos. É necessário lutar para arrancar o direito ao aborto legal, seguro e grauito, por uma sociedade que as meninas e mulheres tenham direito de disfrutar de uma vida livre de opressão e exploração.
Assisti o vídeo estarrecedor da juíza Joana Ribeiro em sessão de tortura apadrinhada por Bolsonaro e Damares pedindo pra menina de 11 anos estuprada e grávida “aguentar mais um pouco”. A juíza tem que ter licença cassada e temos que ir às ruas contra essa atrocidade. #AbortoLegal
— Diana Assunção (@DianaAssuncaoED) June 20, 2022
Brasil de Bolsonaro e Damares: Uma menina de 11 anos é estuprada, engravida e é impedida de ter direito ao aborto legal, depois é presa em um abrigo para “garantir o direito do feto” enqto sofre violência psicológica e sua vida é colocada em risco por esse justiça misógina.Basta!
— Maíra Machado (@MairaMRT) June 20, 2022
Chocante! Uma juíza de SC decidiu impedir o aborto de uma menina de 10 anos q foi estuprada. A juíza chega a perguntar a menina sobre o “nome do bb” e a mantém num abrigo p evitar o aborto. Bolsonaro, Damares e o Judiciário juntos pra atacar nossos direitos. Aborto legal já!
— Flávia Telles (@FlaviaTellesED) June 20, 2022
11 anos, vítima de estupro e impedida de fazer o aborto por uma juíza de SC. Mais uma vez o autoritarismo machista do judiciário se escancara e mostra que estão lado a lado com a extrema direita bolsonarista. A luta das mulheres vai arrancar aborto legal, seguro e gratuito!
— Leticia Parks (@letparks) June 20, 2022
Brutalíssimo o caso da menina de 10 anos que depois de ser estuprada foi impedida por uma juíza de SC de realizar o aborto. O Judiciário mostra sua cara autoritária, machista e do lado da extrema direita bolsonarista. Precisamos impor o direito ao aborto na luta!
— Marcello Pablito (@PablitoMarcello) June 20, 2022
Gabriela Mueller é estudante de Psicologia UFRGS.
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