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ToggleO tráfego incessante de informação nos coloca à beira de um total ceticismo.
O mundo se encontra sumido em um luta solapada, em cujas frentes não existe o fogo nem se observa a queda de vítimas. É um cenário produzido para o desconcerto dos mais espertos e estruturados de tal modo que identificar os verdadeiros contendentes seja uma tarefa impossível.
Apoiado por um sistema de tecnologia de ponta a cujos meandros jamais poderemos aproximar-nos os seres normais, invadem nossos espaços físicos, nossas percepções da realidade e nossa capacidade de compreensão diante de um quadro repleto de armadilhas conceituais.
As relações humanas também têm entrado nesse jogo perverso de suposições e medos fabricados de propósito, dificultando ainda mais a tarefa de praticar a sensatez.
Talvez nossa dependência da tecnologia e das comunicações globais nos tenha tirado uma boa parte da capacidade de análise, essa habilidade que nas boas universidades nos enfrentava à tarefa de separar – intelectualmente – o joio do trigo.
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Hoje estamos condicionados a engolir a pílula inteira daquilo que é elaborado pelos mais sofisticados centros de poder, com o propósito de acreditar. Assim, simplesmente. Acreditar em verdades sobre as quais nada nos consta.
Acreditar na bondade dos “bons” e na maldade dos “maus”, sem nem sequer aproximar-nos às fontes dessas certezas, tal como Hollywood nos fazia acreditar em um mundo bipolar, onde o bem estava sempre de um lado só.
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Dependência da tecnologia e das comunicações globais nos tenha tirado uma boa parte da capacidade de análise
DNA
É provável que em nosso DNA esteja gravada essa urgência de acreditar, pela facilidade com a qual costumamos responder aos truques do discurso. Questionar tudo é considerado um sinal de rebeldia incompatível com os valores sociais e a boa conduta cívica.
A obediência se impõe como conduta exemplar a partir das instituições consideradas “nobres”, como as doutrinas religiosas e as castrenses, desde cujos centros se santifica a submissão e a guerra. Em ambos, o heroísmo se vincula à morte. A guerra, então, se transforma em um ato próximo à divindade.
Este sistema de imposição ideológica no qual se sumiram os hemisférios do planeta, só produz vítimas. O domínio das comunicações, com sua cauda de perda de confiança na verossimilhança do discurso e da informação jornalística, tem se tornado uma das piores formas de ditadura.
Enquanto nos contam a história da liberdade e da democracia, nos tiram a liberdade de aceder a esses valores supremos, impondo um sistema de iniquidade e submetendo os povos a regimes carentes de oportunidades, condenados a sustentar a pirâmide do poder.
Enigma
O enigma proposto para o futuro da Humanidade é, então, impossível de decifrar. Quando um só homem – como é o caso de Elon Musk- tem a capacidade material para oferecer acabar com a fome no mundo utilizando sua fortuna pessoal, deveríamos ser capazes de analisar esse fato com a sagacidade suficiente para distinguir sua monstruosidade implícita e não admirar semelhante apropriação da riqueza.
O que esperar de compra do Twitter por Elon Musk? Rede vai se tornar menos democrática?
Programados para acreditar na palavras daqueles que possuem maior poder e naqueles que reproduzem seus discursos, no fundo sabemos que este universo comunicacional é reflexo do mundo concreto, com suas verdades e falsidades, com suas vantagens e riscos. Aprender a navegá-lo é um exercício novo e complicado, sobretudo por ser um recurso inevitável de sobrevivência.
Distinguir a verdade entre tanta falsidade é um recurso elementar de sobrevivência.
Carolina Vásquez Araya, Colaboradora de Diálogos do Sul da Cidade da Guatemala.
Tradução de Beatriz Cannabrava.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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