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Confira cinco obras nacionais para entender a ditadura civil-militar no Brasil

Em tempos de atos antidemocráticos, olhar para o passado pode nos dar uma perspectiva de que futuro queremos
Catarina Barbosa
Brasil de Fato
Belém

Tradução:

Em 1º de Abril de 1964, o Brasil dava início a um período que marcaria a sua história: a ditadura militar (1964-1985). No dia anterior, 31 de março, tanques do exército foram enviados ao Rio de Janeiro, onde estava o presidente João Goulart, e deram início ao golpe.

Três dias depois, o presidente partiu para o exílio no Uruguai e uma junta militar assumiu o poder no Brasil.

Em 15 de abril, o general Castello Branco tomou posse, tornando-se o primeiro de cinco militares a governar o país durante esse período. Assim, iniciou a ditadura militar.

Para entender mais sobre esse período da história brasileira, o Brasil de Fato separou uma lista com cinco livros e filmes que podem ajudar a entender melhor o regime militar.

Em tempos de atos antidemocráticos, olhar para o passado pode nos dar uma perspectiva de que futuro queremos

Divulgação
Wagner Moura dirige Seu Jorge na cinebiografia "Marighella".

Seleção de livros

1. A Ditadura Envergonhada, de Elio Gaspari

Durante 30 anos, o jornalista Elio Gaspari reuniu documentos sobre os militares no Brasil. Os arquivos deram origem a um conjunto de cinco volumes que contam a história da ditadura no país.

O título se deve ao fato de que “nos primeiros anos após o golpe de 1964, o governo militar ainda relutava em se assumir como uma ditadura, por isso o título A Ditadura Envergonhada.

Na obra, o autor reconstitui os momentos mais cruéis do regime, como a prática da tortura contra os opositores e a violência contra os guerrilheiros do Araguaia.

Outros títulos que compõem a série de livros elaborados pelo autor são: A Ditadura Escancarada; A Ditadura Encurralada; A Ditadura Acabada; e A Ditadura Derrotada.

2. A Noite da Espera, de Milton Hatoum

O livro é o primeiro de uma série com três volumes, um drama familiar que se mescla com a história da ditadura militar.

A história conta a saga de Martim, um jovem paulista, que se muda para Brasília com o pai depois de uma separação traumática da mãe. Na capital do Brasil, recém-inaugurada, Martim vira amigo de jovens que são filhos de altos e médios funcionários da burocracia estatal.

As descobertas de Martim fazem oposição à dor que sente pela separação da mãe, da qual passa longos períodos sem notícias.

3. Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo, de Mário Magalhães

A biografia que inspirou o filme Marighella, dirigido pelo ator Wagner Moura, levou nove anos para ser escrita.

Em 784 páginas, a obra conta a vida, a produção e a militância do baiano que foi deputado federal, poeta e estrategista da guerrilha no Brasil. A biografia de Marighella (1911-69) é também um livro sobre a história política entre as décadas de 30 e 60 do século 20.

O militante foi vigiado pela CIA (Agência Central de Inteligência) e monitorado pelo KGB (o Comitê de Segurança do Estado da União Soviética), e ainda assim se manteve ativo ao longo de seus quase quarenta anos de militância.

Suas obras são conhecidas mundialmente, principalmente o Minimanual do Guerrilheiro Urbano.

4. A ditadura militar e os golpes dentro do golpe, de Carlos Chagas

O jornalista Carlos Chagas (1937-2917) explorou a história contada por jornais e jornalistas para destrinchar o período entre 1964 e 1969, além dos anos que precederam a tomada de poder pelos militares.

5. Infância Roubada: crianças atingidas pela ditadura militar no Brasil, da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”

O livro, produzido pela Comissão da Verdade do Estado de São Paulo, revela histórias privadas e álbuns das famílias vítimas da ditadura  militar, com foco nas crianças filhas de militantes perseguidos ou mortos.

O material tenta rememorar, a partir das histórias das vítimas, como o Estado militar tratou os filhos de seus opositores. A versão digital pode ser lida aqui.

1. Cabra Marcado Para Morrer (1984), Eduardo Coutinho

Em 1962, Eduardo Coutinho chegou à Paraíba junto com um grupo de integrantes da União Nacional dos Estudantes (UNE). Dias antes, João Pedro Teixeira, líder de uma liga camponesa, foi assassinado a mando de latifundiários da região. O fato atraiu o cineasta, que começou a fazer um documentário sobre a vida de João.

Com o Golpe Militar de 1964, as gravações foram interrompidas e, após confisco dos militares, o conteúdo só pode ser resgatado em 1981.

Eduardo Coutinho, então, passou a resgatar as memórias dos participantes originais trazendo um panorama do que mudou desde o início das filmagens. Assista ao trailer aqui.

2. O Que é Isso, Companheiro? (1997), Bruno Barreto

O filme conta a história um grupo de jovens que se organizam para a luta armada após o decreto do Ato Institucional número cinco (AI-5). Eles decidem sequestrar o embaixador dos Estados Unidos no Brasil para negociar o resgate de militantes presos.

O filme retrata o fato verídico na visão de Fernando Gabeira, que participou do caso e relatou em um livro com o mesmo nome. Assista ao trailer aqui.

3. O Dia que Durou 21 Anos (2013), Camilo Tavares

O documentário mostra como o governo dos Estados Unidos esteve diretamente envolvido com o Golpe de 1964 e com a ditadura militar no Brasil.

O período durou 21 anos até a redemocratização, em 1985. Assista ao trailer aqui.

4. Tatuagem (2013), Hilton Lacerda

Em 1978 um grupo de artistas provoca a moral e os bons costumes policiados pela ditadura militar. Em um teatro/cabaré, localizado entre duas cidades do Nordeste do Brasil, eram realizados os espetáculos da trupe, conhecida como Chão de Estrelas.

O filme mostra um esfacelamento do regime militar, mas ainda a força da repressão. Assista na Netflix.

5. Zuzu Angel (2006) de Sérgio Rezende

O filme que retrata a história de uma mãe que decidiu fazer justiça com as próprias mãos ao descobrir que seu filho foi torturado e morto pela ditadura. Assista ao trailer aqui.

Edição: Rebeca Cavalcante


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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