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ToggleVocê já deve ter se deparado com algum comentarista de extrema-direita comparando o Nazismo ao Comunismo, havendo quem chegue ao ponto de dizer que o segundo teria matado mais pessoas na história. Apesar de a analogia ter surgido em razão da atribuição de conceitos como totalitarismo, personalidade e ideologia a ambos os movimentos, eles tem mais diferenças do que semelhanças.
O Comunismo se caracteriza como uma ideologia, mas pode ser também uma corrente filosófica, um movimento político ou econômico. O objetivo desse sistema, como já se pode presumir, é estabelecer uma sociedade igualitária, sem divisão de classe, dinheiro e estado.
Já o Nazismo, tão relativizado pela extrema-direita, tem ideais claramente antissemitas, que nada mais é do que o ódio envolto do preconceito contra o povo judeu. É importante ressaltar que os nazistas não perseguiam, matavam e torturavam só judeus: durantes os anos do regime, foram perseguidos todos os que não eram considerados por eles uma “raça pura” ou “raça ariana”, como negros, homossexuais, pessoas com deficiência e os próprios comunistas.
O objetivo final do Nazismo, criado e comandado por Adolf Hitler, era a construção de um mundo composto por apenas uma “única e verdadeira raça”, nas palavras do próprio líder nazista, que também considerava os arianos intelectualmente superiores e fisicamente imbatíveis em relação aos demais.
Arte Diálogos do Sul
Analogia entre Nazismo e Comunismo é equivocada; movimentos têm mais diferenças do que semelhanças
Imaginem só a surpresa dos nazistas quando um de seus atletas perdeu a olimpíada para um homem negro
O corredor negro americano Jesse Owens participou dos Jogos de Berlim em 1936, berço da Alemanha Nazista, onde foi hostilizado pela torcida e ignorado por Adolf Hitler.
Neto de escravos, originário do Alabama e com apenas 23 anos, Owens foi a Berlim não para bater um, mas quatro recordes olímpicos: 100 e 200 metros rasos, revezamento de 400 metros e salto em distância. Nessa última modalidade, a vitória foi sobre o alemão Lutz Long.
No Brasil
Segundo reportagem do portal UOL, entre 1933 e 1945 existiu um partido nazista do Brasil, que teria operado de forma legal e disseminado ideias totalitárias e antissemitas através de jornais, eventos e até escolas. Leia a matéria completa Brasil teve maior partido nazista fora da Alemanha, apontam historiadores, do UOL, aqui.
O assunto veio à tona após mais uma declaração criminosa do podcaster Monark. Entenda o caso:
Quem é Monark e por que ele é perigoso para o debate democrático?
Nos últimos anos, tivemos uma enxurrada de manifestações e reprodução de discursos nazistas na mídia e pelo atual governo. Um dos secretários da cultura de Jair Bolsonaro, Roberto Alvim, chegou a reproduzir um discurso nazista em uma live, com música nazista de fundo, enquanto o assessor do governo, Filipe Martins, fazia o símbolo supremacista branco “white power” durante coletiva.
Roberto Alvim, secretário da cultura do governo bolsonaro, ao som de Richard Wagner (o compositor favorito de Adolph Hitler, trilha sonora da propaganda nazista, exaltado no Terceiro Reich), plagiou o discurso de Joseph Goebbels, ministro da propaganda Nazista, em pronunciamento pic.twitter.com/5AGaWIXMn8
— llovilhena ?? ?️?? (@llovilhena) February 9, 2022
O comentarista Adrilles Jorge, da Jovem Pan, depois de um discurso onde dizia que o Comunismo matou muito mais gente do que o Nazismo, encerrou o programa na emissora fazendo uma saudação nazista – que foi percebida pelo apresentador William Travesso. Adrilles negou o gesto e foi demitido no dia seguinte pela empresa.
Assista até o final e chegue à conclusão sobre a saudação de Adrilles na @JovemPanNews. Alguém está surpreso? pic.twitter.com/YDZW27RCMh
— Jesus Da Goiabeira ??? (@da_goiabeira) February 9, 2022
Quem derrotou o Nazismo foi o Comunismo
Segundo o historiador José Levino, para o site A Verdade, quando o nazismo se apossa da Alemanha, o que se esperava das grandes potências mundiais era combatê-lo. Mas não foi o que aconteceu. Pelo contrário, quase todas as potências, incluindo os Estados Unidos, se omitiram e em alguns casos até incentivaram o monstro nazista a direcionar seu ataque contra a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Em 1939, a URSS tentou estabelecer um pacto com França e Inglaterra para realizar ações militares em conjunto contra o bloco nazifascista composto por Alemanha, Itália e Japão. Não houve uma rejeição formal à proposta, mas tanto os franceses quanto os ingleses não deram nenhum passo em direção ao pacto. Tempos depois, França e Inglaterra firmaram acordos de não agressão com Alemanha e Japão.
Em junho de 1942, os nazistas avançam, mas encontram uma barreira intransponível em Stalingrado. Durante sete meses de combate, os invasores perderam 700 mil soldados e oficiais, mais de mil tanques, dois mil canhões e morteiros e 1.400 aviões. Os alemães eram tecnicamente superiores, mas, em novembro de 1942, os números já se invertiam a favor dos soviéticos. Os alemães estavam com 6,2 milhões de soldados, os soviéticos com 6,2 milhões; 5 mil tanques invasores contra 7 mil soviéticos; 51 mil peças e morteiros contra 77 mil russos.
Na derrota de Stalingrado, os nazistas perderam 1,5 milhão de soldados e oficiais. “Do ponto de vista moral, a catástrofe que o exército alemão sofreu nos acessos de Stalingrado teve um efeito sob o peso do qual ele não pôde mais se reerguer”, explica B. H. Liddell Hart na obra “A segunda guerra mundial”.
Depois, ocorreu a vitória do Cáucaso e se iniciou processo de expulsão em massa dos ocupantes nazistas. “A União Soviética pode orgulhar-se das suas heroicas vitórias”, escreveu o presidente dos EUA, Franklin Roosevelt, acrescentando: “os russos matam mais soldados inimigos e destroem mais armamentos do que os outros 25 estados das Nações Unidas no conjunto”.
O final de 1943 marca a virada na frente soviética e na Segunda Guerra em geral. O movimento contra o nazifascismo se consolidou e se ampliou em todo o planeta.
Em junho de 1944, com o exército alemão batido em todas as regiões da URSS, as tropas anglo-americanas desembarcaram no Norte da França, dando início à frente ocidental proposta pelo governo soviético desde o início da invasão.
Veja matéria completa Exército Vermelho salvou humanidade do nazismo, do portal A Verdade, aqui.
Não há comparação
Como via de regra, o Comunismo é um regime que luta contra uma “classe opressora” para que todos tenham acesso a serviços, conhecimento e bens de maneira igualitária, tudo gerido pelo estado, o Regime Comunista. O Nazismo vai na direção contrária, pregando não só a preservação de uma elite, mas sua criação a partir do extermínio e escravização de todas as outras camadas que não se encaixem em seu manual sádico.
Ah Pronto?
Nazismo e Comunismo são igualmente abjetos! pic.twitter.com/ktQIGd5Sg2
— Elisa Brom (@brom_elisa) February 10, 2022
Por isso, nem de longe é correto comparar as duas coisas. Quem faz isso é mal-intencionado ou mal informado e, se você chegou até essa parte do texto, garanto que já não pode ser os dois.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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