A tentativa da Folha de São Paulo de tomar o processo político húngaro como modelo para o brasileiro revela a tentativa da oposição liberal a Jair Bolsonaro circunscrever a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva dentro dos limites traçados pela economia política da austeridade do golpe de 2016
A Folha apresenta como de extrema competência a escolha da candidatura de Peter Marli Zai para enfrentar Victor Orban nas eleições parlamentares de 2022.
Avanço sobre conquistas: Hungria aprova lei contra direitos de pessoas transexuais
Aponta que a unidade das oposições em torno de um católico liberal conservador representa a sintonia da politica com a sociedade húngara, que seria majoritariamente moderada e de direita.
Por fim, faz alusões ao Brasil, insinuando ser esta a melhor fórmula para aqui enfrentarmos Bolsonaro.
Todavia, cabem várias ponderações:
1) O processo húngaro está longe de sua conclusão e as incertezas sobre seu desfecho são muito altas;
2) Se Orban e Zai se revezam na liderança das pesquisas, no Brasil há uma clara liderança de Lula, o declínio de Jair Bolsonaro, e a incapacidade da auto-proclamada terceira via oferecer qualquer alternativa a essa polarização;
Montagem Diálogos do Sul
Jornal Folha de São Paulo tem tentado tomar o processo político húngaro como modelo para o brasileiro
3) A liderança de Lula tem uma clara motivação social. O desencanto da população brasileira com a Lava-Jato e o contraste entre as promessas do neofascismo de melhoria da vida da população, com o cenário desolador da desigualdade e pobreza crescentes de um povo abandonado a sua própria sorte, recolocou em cena a memória e a esperança em um projeto de desenvolvimento com ascensão social dos mais pobres e fortalecimento internacional do Brasil;
Na Hungria, nova lei obriga pessoas transsexuais a escolherem o exílio, diz Ivett Ördög
4) Se for realmente verdade que o povo virou à direita na Hungria, no Brasil esse giro foi curto e raso e rapidamente corrigido pelas grandes linhas históricas de um capitalismo dependente, baseado na superexploração dos trabalhadores na destruição da natureza e no ódio colonial.
5) Lula e as esquerdas brasileiras nada têm a ganhar aliando-se para as eleições de 2022 com a centro-direita que sujou suas mãos com o golpe de 2016. Essa aliança caberia apenas para viabilizar o impeachment de Bolsonaro, mas sequer isso foi possível. O que precisamos é de uma agenda própria que mobilize nosso povo para formarmos uma bancada de esquerda bem mais expressiva do que a que dispomos hoje no Congresso. As eleições são um momento crucial de nossa autonomia e ofensiva. Só depois é que deveremos analisar a correlação de forças resultante e buscar como lidar com ela.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
Assista na Tv Diálogos do Sul
Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.
A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.
Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:
- Cartão de crédito no Catarse: acesse aqui
- Boleto: acesse aqui
- Assinatura pelo Paypal: acesse aqui
- Transferência bancária
Nova Sociedade
Banco Itaú
Agência – 0713
Conta Corrente – 24192-5
CNPJ: 58726829/0001-56
Por favor, enviar o comprovante para o e-mail: assinaturas@websul.org.br - Receba nossa newsletter semanal com o resumo da semana: acesse aqui
- Acompanhe nossas redes sociais:
YouTube
Twitter
Facebook
Instagram
WhatsApp
Telegram