Das ditaduras na América Latina se disse que era muito difícil reproduzir a informação devido à repressão e às limitações técnicas, e o que tinham que fazer os jornalistas estrangeiros eram mil malabarismos para que se conseguisse tirar do país, dar a conhecer e, por isso se ficou tanto tempo no silêncio e no esquecimento.
A tecnologia avançou e os tempos mudaram; vemos hoje a própria população usando seus telefones celulares e reproduzindo em tempo real o que acontece em seus países; as imagens se reproduzem no nível mundial em questão de segundos. Tampo que se ganha aos meios de comunicação corporativos que perdem tempo maquiando a informação para manipular à sociedade.
Mas nada acontece, o mundo continua guardando silêncio e virando para o outro lado, porque não se trata de que a informação não lhe chegue, é que a veem e preferem ser tão culpados como os que ordenam os massacres e como os que as realizam, porque com o silêncio se esconde e com a passividade também. Não se envolver é se pronunciar a favor do genocídio, neste caso na Palestina.
O genocídio palestino é realizado há décadas e a atrocidade é incapaz de tocar as fibras mais profundas do nosso ser. As imagens são desoladoras: roubo de terras, destruição de escolas, hospitais, casas. Genocídio constante.
O que necessitamos para reagir? Como é possível que a gente permita que façam isso a um povo sem sequer pronunciarmo-nos? E se fosse conosco? Sem importar a condição social, que chegassem para destruir nossas casas, destruir nossas hortas, que as escolas onde estudam nossos filhos fossem bombardeadas, os hospitais e não existisse um lugar seguro onde abrigar-nos. Gritaríamos ao mundo por ajuda? Lutaríamos como faz o povo palestino? Exigiríamos ao mundo que se pronunciasse?
Reprodução: Flickr Mindia Ninja
Ato em Solidariedade à Luta do Povo da Palestina no Rio de Janeiro
Porque se pode ter uma ideologia, não estar de acordo com as políticas de Estados dos países, mas se debate com ideias, com propostas, não com massacres, não roubando a alimento a uma população, não derrubando hospitais. Não com a imposição. Nenhum país tem o direito a se impor sobre outro. Nenhum ser humano contra outro, nenhum!
E o que estamos vendo na Palestina é o roubo de terras, sequestros, encarceramentos de décadas por um pronunciamento, por levantar a voz, assassinatos em massa, destruição de comunidades inteiras. Um governo que foi tomado por corruptos e genocidas podem apoiar o abuso, porque afinal de contas são bandos de criminosos sem nacionalidade, que trabalham para um só fim: enriquecer-se à custa dos povos. Mas os povos, por que não se pronunciam? Pesa-lhes a religião, as palavras da bíblia? Escritas por homens para a opressão dos povos e das mulheres.
O raciocínio próprio, onde fica? E se na bíblia dissesse que também é lei de Deus que destruam nossas casas, violem nossas filhas e nos matem, também cruzaríamos os braços como fazemos com a Palestina? Dizem-nos que os muçulmanos são violadores e assassinos por sua religião, mas não nos falam dos verdadeiros criminosos, os cobrem, os enchem de louvações, os fazem parecer que são grande humanistas e contribuintes e embora saibamos que isso é falso, preferimos estar do lado da manada porque aí há sombra e comodidade. Não fazer uso de nossa voz e de nosso próprio raciocínio. Ou usá-los para estar do lado dos impostores.
Não nos atrevemos a dizer que isso está mal, isto é injusto, porque tememos perder contatos, que já não nos convidem às festas, e também perder negócios e trabalhos; que nos fechem de repente os benefícios do futuro. O que é a dignidade sem dinheiro, melhor ter dinheiro que dignidade.
O que vive a Palestina é uma imposição e o povo israelense o esconde e se beneficia desse roubo e genocídio. Porque devia ter se pronunciado contra a atrocidade que seu governo realiza à nação vizinha. Não tem nada que ver com religião nem com o Holocausto, nem com memória histórica, é o genocídio de um bando de criminosos sem credo nem nacionalidade que tem como único fim enriquecer-se e mostrar sua superioridade ao mundo. Um mundo fraco, covarde e manipulável.
Na nossa cara se leva a cabo o genocídio palestino e sem escrúpulo algum fechamos a porta ao chamado de ajuda de um povo que tem a coragem de resistir. Fala-se do genocídio armênio, mas se apoia o genocídio palestino. Somos uns grandes covardes.
*Colaboradora de Diálogos do Sul desde território estadunidense
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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