Pesquisar
Pesquisar

Após voto na ONU contra Venezuela, Argentina repudia apoio de Grupo de Lima a Guaidó

Argentina não enviou representante à reunião do Grupo de Lima, e fez chegar sua posição aos países membros desse mecanismo
Stella Calloni
Diálogos do Sul Global
Buenos Aires

Tradução:

Em uma declaração enviada pela Chancelaria argentina foi informado que este país não subscreve a declaração do Grupo de Lima, o qual expressa “seu apoio a um suposto mandatário que a Argentina não reconhece (Juan Guaidó) e que nunca teve o exercício efetivo do governo da República Bolivariana da Venezuela; ademais não compartilha as referências sobre o suposto vínculo da crise desse país com a segurança e estabilidade da região e seu impacto global”, ao advertir sua preocupação pelo apelo que se faz a uma intervenção extra regional, que surge da declaração de hoje do citado grupo.  

O Grupo de Lima, integrado por 13 países do continente que não reconhecem o governo do presidente Nicolás Maduro, pediu à Corte Penal Internacional que inclua em seu “exame preliminar” sobre a Venezuela as denúncias feitas por uma missão da Organização das Nações Unidas (ONU) que assegurou que o “regime” bolivariano comete “crimes de lesa humanidade”. 

Argentina não enviou representante à reunião do Grupo de Lima, e fez chegar sua posição aos países membros desse mecanismo

Prensa Presidencia
Governo argentino também parece tentar acalmar a situação interna da oficialista Frente de Todos.

Venezuela qualificou no mês passado esse informe de “enviesado”; nenhum integrante dessa missão viajou ao país sul-americano dadas as restrições derivadas da pandemia e seus relatórios foram baseados em entrevistas feitas a distância. 

Argentina não enviou representante à reunião do Grupo de Lima, e fez chegar sua posição aos países membros desse mecanismo; e manifestou que preocupa seu apelo “a uma convergência com atores internacionais para uma resposta comum para a restauração da democracia e do Estado de Direito”. 

Para o governo do presidente Alberto Fernández “este apelo a uma intervenção extra regional, que surge de modo quase aberto do comunicado do dia de hoje, não corresponde à gravidade dos problemas nem com o tipo de desafio enfrentado pela Venezuela. Muito menos se pode admitir uma via de ação que possa gerar um precedente de consequências imprevisíveis para a América Latina e o Caribe”.

Em outro tema e a respeito da Venezuela, a Argentina compartilha “com a comunidade internacional a profunda preocupação pela situação de violações aos direitos humanos e exorta o governo venezuelano a investigar, julgar e castigar os responsáveis, tal como vem fazendo a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos”. E nesse sentido reitera seu apoio “ao valioso trabalho que vem realizando a Alta Comissária, Michelle Bachelet, dentro da Venezuela desde 2019, mediante o registro de testemunhos e denúncias, e cuja atualização foi apresentada este ano no Conselho de Direitos Humanos da ONU. A Argentina confia na efetividade dos mecanismos de proteção utilizados nesse marco”. 

Também se refere à situação de país receptor “de um importante fluxo de migrantes venezuelanos”, reafirmando seu compromisso com uma eficiente resposta “à crise migratória e humanitária venezuelana desde um enfoque de direitos humanos” recordando a posição argentina nesse aspecto, ademais da confiança na grande vocação democrática do povo venezuelano. 

“Cremos que só pela via eleitoral se pode estabelecer de maneira pacífica e racional uma rota consensuada e inclusiva para resolver as diferenças políticas na Venezuela, respeitando sua Constituição”, assinalou a Chancelaria e apelou para a comunidade internacional, ante a situação na Venezuela agravada pelo pandemia da Covid-19 “e pelas sanções unilaterais e os bloqueios físicos e financeiros que repercutem sobre os setores mais necessitados” pelo que insiste em colaborar na facilitação do diálogo e sustenta “os princípios de não ingerência, e a resolução política e democrática da crise venezuelana”. 

Além de suas resposta ao Grupo de Lima, o governo argentino também parece tentar acalmar a situação interna da oficialista Frente de Todos,  e das reações que provocou o voto argentino contra a Venezuela no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, há uma semana, o que levou a um forte debate não conveniente ante o constante ataque de um setor duro da aliança opositora Cambiemos, que a cada dia avança mais nas provocações abertas para gerar um conflito. 

No entanto, o problema maior no meio interno é que precisamente o informe de Michelle Bachelet sobre a Venezuela é rechaçado inclusive no nível de organismos de direitos humanos, considerando que não existem provas concretas no informe que foi realizado fora da Venezuela e que parece traçado para conformar o governo dos Estados Unidos que ameaça com um intervenção militar a esse país acompanhado por países latino-americanos. 


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Veja também

   

Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Stella Calloni Atuou como correspondente de guerra em países da América Central e África do Norte. Já entrevistou diferentes chefes de Estado, como Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales, Luiz Inácio Lula da Silva, Rafael Correa, Daniel Ortega, Salvador Allende, etc.

LEIA tAMBÉM

Ultradireita sabota reforma tributária de Petro crucial para saúde, educação e meio ambiente
Colômbia: ultradireita sabota reforma tributária de Petro crucial para saúde e educação
10 anos da libertação dos 5 heróis cubanos presos por lutar contra terrorismo imperialista (1)
10 anos da libertação dos 5 heróis cubanos presos por lutar contra o terrorismo imperialista
Plano de ajude ao Haiti receba apenas 42% da ajuda financeira necessária
Plano de ajuda ao Haiti recebe apenas 42% da ajuda financeira necessária
Navio da amizade Xi Jinping convida América Latina à construção do novo sistema global
Navio da amizade: Xi Jinping convida América Latina à construção do novo sistema global