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“Afronta para democracia”, diz Fernández sobre Clarín convocar escracho à casa de Kirchner

Mobilizações nas quais se rechaçou a gestão governamental ante a pandemia, o uso de máscaras e a crise econômica também foram realizadas em outros pontos do país
Stella Calloni
Diálogos do Sul Global
Buenos Aires

Tradução:

Em uma marcha convocada pela aliança direitista opositora Juntos por el Cambio e a oposição midiática encabeçada pelo diário Clarín, um grupo de manifestantes rodeou o edifício de apartamentos onde mora a vice-presidenta, Cristina Fernández de Kirchner, cujo endereço foi divulgado na página principal desse jornal, o que foi condenado por funcionário, partidos e movimentos políticos e sociais. 

A principal gestora desta marcha, Patricia Bullrich,  polêmica e denunciada ex-ministra de Segurança do passado governo de Mauricio Macri (2015-2019) insinuou recentemente a possibilidade de “produzir” uma mudança de governo em 2021, pelo qual todas estas ações têm como característica o discurso do ódio violento e intolerante, que se dirige aos jornalistas atacados e ameaçados na cobertura desses acontecimentos e são caracterizados como “desestabilizadores e destruidores”.  

Mobilizações similares nas quais se rechaçou a gestão governamental ante a pandemia da Covid-19, o uso de máscaras e a crise econômica também foram realizadas em Mar del Plata, Corrientes, Salta e Córdoba. 

Mobilizações nas quais se rechaçou a gestão governamental ante a pandemia, o uso de máscaras e a crise econômica também foram realizadas em outros pontos do país

Twitter / Cristina Kirchner
O presidente argentino considerou que rodear a moradia da ex-presidenta Cristina Kirchner “prejudica a convivência democrática”.

O presidente, Alberto Fernández, considerou que rodear a moradia da também ex-presidenta Fernández de Kirchner (2007-2015) “só fomenta a brecha e prejudica a convivência democrática” e agregou que “dissentir com um governo é parte da democracia, mobilizar-se, ainda com o risco que a pandemia implica, também, mas promover uma convocação a um protesto no domicílio de uma pessoa é uma afronta para a democracia”.  

Por sua parte, o chefe de gabinete, Santiago Cafiero questionou severamente que se incluísse o endereço da vice-presidenta como um dos pontos de concentração. Sustentou que é evidente que estes opositores “não defendem a República nem respeitam as instituições, são os profetas do ódio; nós propomos a esperança e a democracia”. 

Por sua vez, o ministro de Defesa, Agustín Rossi, assinalou que tanto Bullrich como Macri ao convocar para a frente da casa de Fernández de Kirchner se mostram como “covardes e canalhas”. Junto com eles cita os diários Clarín e La Nación que “são os que querem socavar nosso governo”.

O ministro do Interior, Wado de Pedro recordou que o governo de Macri deixou um “país quebrado, endividado, com alta inflação. Perderam as eleições. É a primeira vez que um presidente não é reeleito, nem sequer pode passar ao segundo turno. No entanto, há seis meses saem em caravana, insultam, agridem e não se responsabilizam com nada” e agregou que “o macrismo e o Clarín” ao convocar a uma marcha diante do domicílio da vice-presidenta, “não defendem a República nem respeitam as instituições, são os profetas do ódio”. 

Em outra tentativa de escracho, alguns grupos foram decididos a rodear a residência presidencial de Olivos, mas se encontraram com que antes haviam chegado vários movimentos políticos e sociais para resguardar o lugar e esteve a ponto de produzir-se um enfrentamento. Também foi denunciado que um grupo foi diante do sanatório do sindicato do Caminhoneiro convertido em um local para pacientes com Covid-19, e não só gritaram mas bateram panelas, apesar de haver pacientes internados.

Nesta situação, a militância peronista da Frente de Todos, se preparava para sair este 17 de outubro em manifestações multitudinárias como sempre se fez, recordando o mesmo dia de outubro de 1945, quando uma multidão de operários abandonou seu trabalho e marchou para a Praça de Maio para pedir a liberdade do então coronel Juan Domingo Perón encarcerado pelo governo militar de 1943 e quem, como secretário de Trabalho começou a defender os operários.  

Histórico momento foi esse 17 de outubro quando meio milhão de trabalhadores conseguiu a liberdade de Perón. Nesse dia nasceu o peronismo que continua até hoje como o maior partido político do país. 

Para recordar este dia e levando em consideração a situação sanitária o governo de Fernández, centrais sindicais e todos os que apoiam à oficialista Frente de Todos, propuseram reunir virtualmente um milhão de pessoas, em distintos lugares, diante das quais falará o presidente para recordar esse Dia da Lealdade. 

Isto tem sido muito difícil de acertar, porque são milhares de militantes que creem que “já é hora de mostrar a realidade”, a capacidade do peronismo no governo de mover verdadeiras multidões, o que a direita nunca pode conseguir neste país, “nem nesses momentos quando está aproveitando o tema da pandemia e da quarentena, desafiando tudo e sabendo que a Frente de Todos deve mostrar sua responsabilidade perante a população em momentos em momentos em que os contágios dispararam, a partir da saída à rua sem controle como dispõe o governo da cidade”, sustentaram dirigentes sociais. 

Em alguns lugares do interior saíram também alguns tratores em representação dos grande produtores agrários. Embora não tenha havido marchas importantes em números, a forma violenta de agir agregada ao recente protesto policial, quando fardados com armas rodearam a residência presidencial e também em La Plata a casa do governador do província, Axel Kicillof, deixaram uma imagem muito perigosa nestes momentos que vive a região. 

* Stella Calloni é colaboradora de Diálogos do Sul desde Buenos Aires.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Stella Calloni Atuou como correspondente de guerra em países da América Central e África do Norte. Já entrevistou diferentes chefes de Estado, como Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales, Luiz Inácio Lula da Silva, Rafael Correa, Daniel Ortega, Salvador Allende, etc.

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