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ToggleEm 16 de setembro de 1976, na província de La Plata, a 60 km de Buenos Aires, militares reprimiram violentamente uma manifestação de estudantes que reivindicavam o direito a transporte.
Naquela madrugada, seis deles – María Clara Ciocchini, Claudia Falcone, Claudio de Acha, Daniel Racero, Horacio Húngaro e Francisco López Muntaner – foram retirados de suas casas. Levados para lugar desconhecido, sofrem repetidas torturas. Todos morrem.
Esse episódio ficou conhecido como ‘’La Noche de los Lápices’’ e foi um dos atos de repressão mais conhecidos da ditadura militar argentina, já que os desaparecidos eram, em grande parte, adolescentes menores de 18 anos.
Reprodução: Cadernos do terceiro mundo
’Los Derechos Humanos em Argentina’’ por Lucas Mansilla TERCER MUNDO. Cidade de México: Azteca, ano 2, n. 10, fev-mar. 1977, p. 48
Entre o golpe de Estado de março de 1976 e a entrega do poder a um governo constitucional em 10 de dezembro de 1983, a Argentina foi governada por uma Junta Militar chefiada pelo general Jorge Rafael Videla.
O regime foi caracterizado por uma brutal violência politica contra opositores, tanto de grupos da esquerda quanto do movimento peronista. Nesta reportagem do ano de 1977, ainda em edição em espanhol, é abordada a violação dos direitos humanos no país.
Sequestros, torturas e assassinatos de trabalhadores sindicais, dissidentes políticos, advogados que ofereciam apoio profissional aos perseguidos e até mesmo de padres católicos já estavam fazendo parte do modus operandi da ditadura argentina.
Com um número de mortes e desaparecidos estimados em torno de 30 mil pessoas e dos milhares de presos políticos, a ditadura de Videla deixou um verdadeiro legado de horror. Vale também mencionar o fracasso que foi a Guerra das Malvinas em 1982.
Esses fatos praticamente mancharam a reputação das forças armadas argentinas a ponto de, atualmente, elas possuírem uma força politica menor que em outros países da América Latina.
Porém, seria um erro dizer que não existe mais chances de um golpe ocorrer no país. O motim policial contra o presidente Alberto Fernández na semana passada só nos mostra que não se pode duvidar das forças de reação.
Memória
Tema complexo, que requer uma análise de longo prazo e a compreensão da geopolítica atual. Para uma visão histórica do tema, compartilhamos reportagem publicada na revista Cadernos do Terceiro Mundo de 1980.
A Diálogos do Sul é a continuidade digital da revista fundada em setembro de 1974 por Beatriz Bissio, Neiva Moreira e Pablo Piacentini em Buenos Aires:
A recuperação e tratamento do acervo da Cadernos do Terceiro Mundo foi realizada pelo Centro de Documentação e Imagem do Instituto Multidisciplinar da UFRRJ, fruto de uma parceria entre o LPPE-IFCH/UERJ (Laboratório de Pesquisa de Práticas de Ensino em História do IFCH), o NIEAAS/UFRJ (Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre África, Ásia e as Relações Sul-Sul) e o NEHPAL/UFRRJ (Núcleo de Estudos da História Política da América Latina), com financiamento do Governo do Estado do Maranhão.
Texto publicado originalmente na página Revista Cadernos do Terceiro Mundo – Acervo Digitalizado.
TERCER MUNDO. Cidade de México: Azteca, ano 2, n. 10, fev-mar. 1977, p. 48-51
Confira a edição completa da revista nº 10:
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul