“La historia es nuestra y la hacen los pueblos”. Proclamada há 48 anos, no dia 11 de setembro de 1973, talvez seja a frase mais marcante do último discurso de Salvador Allende. A via chilena ao socialismo recebia seu golpe fatal promovido por um sistema fascista, neoliberal e subserviente ao imperialismo que recrutaria até mesmo o país dos cangurus.
Nação multicultural, estável, sem polêmicas que causam alarme internacional e com clima parecido com o do Brasil, ninguém poderia imaginar que a Austrália colaborou com a CIA para apoiar a intervenção norte-americana no Chile.
Ainda nos primeiros meses do governo da Unidade Popular (UP), espiões do Serviço de Inteligência Secreta Australiano (ASIS) já observavam o então presidente chileno, em um esforço para desestabilizá-lo.
Divulgada pelo Arquivo de Segurança dos Estados Unidos, a espionagem australiana envolve escritórios secretos em Santiago, métodos de comunicação, aquisição de equipamentos como câmeras e veículos, além da cooperação de informantes chilenos e a apresentação frequente de relatórios de inteligência à CIA.
Sabe-se ainda que o primeiro-ministro australiano William McMahon foi o responsável por aceitar o pedido da CIA para conspirar contra Allende. Depois de 18 meses de operações clandestinas, o sucessor de McMahon, Gough Whitlam, ordenou o encerramento do ASIS no Chile, com medo de um possível vazamento de informações e a falta de provas que justificassem a presença da Austrália. Os registros foram destruídos e a base fechada conforme planejado.
Anatomia de um golpe I: A história do 11 de setembro no Chile, por Paulo Cannabrava Filho
Por conta da destruição e censura dos arquivos, apesar dos dados divulgados, os documentos expõem poucos detalhes das operações secretas, o material coletado por meio das espionagens e a cooperação com o serviço de inteligência norte-americano no Chile.
Durante a ditadura de Augusto Pinochet, centenas de opositores do regime foram obrigados a se exilar justamente no país, que 48 anos depois, seria descoberto como um dos apoiadores do golpe.
Os sobreviventes que ainda residem na Austrália exigem reparação e enviaram uma carta à ministra de Relações Exteriores, Marise Payne, retratando sua decepção e repugnância com a participação do ASIS na derrubada de Allende.
WIKIPEDIA
Sabe-se ainda que o primeiro-ministro australiano William McMahon foi o responsável por aceitar o pedido da CIA para conspirar contra Allend
El Pueblo Unido Jamás Será Vencido
Além de Salvador Allende, em setembro de 1973, o cantor e compositor Victor Jara também perdia a vida. Assassinado pelo horror da ditadura chilena, o militante do Partido Comunista foi uma das vozes do movimento “Nueva Canción Chilena”, que buscava resgatar a música folclórica latino-americana com raízes indígenas.
Levado pelo Exército ao Estádio Nacional do Chile — transformado em centro de tortura de opositores — Victor Jara foi espancado, torturado e assassinado com 44 tiros.
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Suas composições mais famosas “El pueblo unido jamás será vencido”, “El derecho de vivir en paz” e “Vientos del pueblo” demonstram a luta latino-americana contra o imperialismo, a tomada de consciência diante da violência aplicada ao povo e a necessidade de uma revolução na prática.
Assim como Jara, Salvador Allende também lutava pelo bem comum. Por meio da Unidade Popular, propôs a aceleração da reforma agrária, a nacionalização do cobre — sendo o Chile o maior produtor no mundo — e a estatização dos monopólios.
A partir da transição pacífica para o socialismo, as medidas da UP incluíram um aumento significativo dos salários, a diminuição do desemprego, obras públicas e elevação dos benefícios sociais.
Anatomia de um golpe II: A história do 11 de setembro no Chile, por Paulo Cannabrava Filho
Incomodados com a melhora das condições do povo, a burguesia nacional e os imperialistas fizeram o que fazem de melhor: promoveram terror, exílio, corrupção, privatização do ensino superior, aumento dos impostos e desigualdade social.
Beatriz Contelli é estudante de jornalismo e colabora com a equipe de Diálogos do Sul.
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