Em 31 de agosto, o governo venezuelano, sob o comando de Nicolás Maduro, concedeu indulto a 110 presos e pessoas com mandado de prisão no país.
No Brasil, vimos a medida ser noticiada como concessão de liberdade para “presos políticos” ou pessoas presas por motivos políticos. Esse posicionamento é endossado pela oposição anti-chavista, que tem como suas principais figura Juan Guaidó e Henrique Capriles.
No entanto, Carlos Ron, vice-ministro para América do Norte na Venezuela e Presidente do Instituto Simón Bolívar para a Paz e a Solidariedade entre os Povos, afirma que esse não é o caso.
Em entrevista concedida à revista Diálogos do Sul, Ron reitera que na Venezuela não há presos políticos, mas sim pessoas presas por praticarem atos ilegais e violentos por motivos políticos.
“São pessoas que se envolvem em ações de violência com objetivos políticos”, explica. “Não é uma punição política ou por posição política, mas por ações ilegais, de violência, incluindo tentativas de assassinar o presidente”, completa.
Ministerio del Poder Popular para Relaciones Exteriores
Carlos Ron, vice-ministro para América do Norte e Presidente do Instituto Simón Bolívar para a Paz e a Solidariedade entre os Povos
De acordo com o diplomata, a decisão foi tomada em acordo firmado pelo governo de Maduro e a Comissão da Verdade “com espírito de ajudar o diálogo no país”.
Ele reitera que a maioria da população quer resolver as questões políticas por meio do diálogo, sem violência. O governo “tenta construir um caminho de confiança, melhorar o relacionamento com setores da oposição e quer atuar para que a oposição não opte pela via da violência”, explica.
O ato vem em um momento em que o governo venezuelano se esforça para negociar a participação da oposição nas eleições legislativas no fim do ano.
Diferentemente do Brasil, na Venezuela a oposição muitas vezes se abstém da participação no pleito, o que tem sido frequentemente usado, sobretudo fora do país, como crítica em relação à legitimidade do processo eleitoral.
O governo de Maduro busca criar uma estratégia para promover a reconciliação nacional e acabar com o governo paralelo, hoje comandado por Guaidó e reconhecido por algumas Nações, entre elas os Estados Unidos e o Brasil.
A estabilidade política do país poderia significar um afrouxamento dos bloqueios econômicos e comerciais impostos à Venezuela, que tem agravado a situação de crise sanitária diante da pandemia do novo coronavírus.
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Gabriela Beraldo, especial para a Diálogos do Sul
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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