“Nós não sabemos de onde estão vindo esses disparos, mas alguns deles aconteceram em dias diferentes e atingiram apartamentos de frente e de fundo. Está todo mundo em pânico, sem conseguir usar a própria sala de casa, com medo de ser atingido por um desses disparos ou mesmo que eles atinjam as crianças e animais”, afirma a cineasta Caroline Schamall, a Carrô, que teve o apartamento atingido.
Os moradores desconfiam que os disparos tenham sido motivados pelas manifestações e panelaços feitos contra Bolsonaro.
“Nós somos um edifício pequeno, mas a maioria de nós faz panelaço e se manifesta na janela. Os ataques não aconteceram diretamente por causa de um panelaço, mas todo mundo acredita que é alvo porque sempre que há esse tipo de manifestação, a gente percebe alguns poucos vizinhos bolsonaristas colocando hino do Brasil, música alta ou xingando na janela para encobrir as manifestações”, explica Carrô Schamall.
Twitter / Montagem Esquerda Diário
A Polícia Militar nem sequer apareceu para fazer a perícia no local e descobrir se os disparos foram feitos por armas de fogo ou não.
É um absurdo que em plena pandemia, onde quem tem condição de realizar a quarentena, tendo suas casas como seu único refúgio, tenham de passar por tamanha insegurança. Casos como esse, só demonstram o caráter fascistizante de grupos pró-Bolsonaro que encontram em forças como a Polícia Militar, um apoio para uma escalada de violência. Tanto é, que mesmo solicitada após cinco moradores que tiveram suas casas atingidas registrarem boletim de ocorrência na 77º DP da Santa Cecília, a Polícia Militar nem sequer apareceu para fazer a perícia no local e descobrir se os disparos foram feitos por armas de fogo ou não.
“É uma situação muito ultrajante no meio de uma pandemia a gente estar acuado dentro da nossa própria casa, por causa de uma manifestação de ódio assim. Não tem sentido algum, uma pessoa atirar contra o apartamento de outra numa situação como essa, em que todos estão fragilizados pela pandemia do coronavírus. A polícia precisa agir rapidamente e nos ajudar a ter sossego pelo menos dentro da nossa própria casa.
No dia que minha janela foi atingida, chamei a Polícia Militar e eles me orientaram a fazer o boletim de ocorrência e, enquanto isso, evitar usar a sala. Eu estou acuada dentro de casa, sem saber de onde estão vindo esses tiros. Eu não achei nenhum projétil no meu apartamento, mas um dos vizinhos achou uma bala de pressão na calçada e outra na portaria. A gente precisa entender a que risco estamos sendo submetidos”, afirma Schamall.
Redação Esquerda Diário
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