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Disputas e fragmentação política determinam fracasso do distanciamento social no Brasil

Politizar a pandemia fragmenta a sociedade e enfraquece o engajamento da população. Os efeitos destes comportamentos determinará número de mortos
Rogério do Nascimento Carvalho
Diálogos do Sul Global
Caldas Novas

Tradução:

Líder de casos na América Latina, o Brasil busca iniciativas para barrar o crescimento de mortes. A comunicação conflitante das autoridades traz incerteza à população que, insegura, não sabe qual o caminho a seguir e, portanto, vulnerável a exposição.

Como o Brasil possui leitos em quantidade inferior ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde, governadores e prefeitos, cientes desta defasagem induziram a população a seguir o distanciamento social como medida mais eficaz de combate a circulação do vírus, quando, na verdade, atesta a incapacidade acumulada de décadas.

Por outro lado, o discurso genocida do presidente da República que insistentemente afronta o distanciamento social indica o grau de comprometimento que possui com a burguesia capitalista que está ávida pela retomada da economia, mesmo que a custa de vidas inocentes das camadas menos assistidas da nação, cuja incidência está em grau ascendente. 

Politizar a pandemia fragmenta a sociedade e enfraquece o engajamento da população. Os efeitos destes comportamentos determinará número de mortos

© Rovena Rosa/Agência Brasil
As relações entre as esferas de poder encontram-se desarticuladas e deterioradas, o que abre espaço para o discurso autoritário

Impeachment e lockdown agitam bastidores da política

Com a agitação política incomum em Brasília e, visando se blindar de eventual processo de impeachment, o incumbente manobra no sentido de recompor a base parlamentar no Congresso Nacional atrelando-se a ala que outrora demonizava durante a campanha eleitoral, mas que agora é vital para a sobrevivência do governo.

Enquanto isso, as localidades mais atingidas tentam encontrar ações que possam minimizar o colapso iminente e partem para adotar o lockdown que é o isolamento em grau mais duro tendo em vista a obter menores índices de proliferação e mortes nas próximas semanas.

Democracia eclipsada

As relações entre as esferas de poder encontram-se desarticuladas e deterioradas, o que abre espaço para o discurso autoritário do chefe do governo de ocupação que se posiciona acima da Constituição Federal e das leis, dilacerando a democracia com atos agressivos a profissionais dos meios de comunicação, bem como protela imotivadamente a cumprir ordens judiciais e, ainda por cima, promove alterações nos escalões de governo com intuito claro de colher benefícios aos filhos investigados, em detrimento de milhões de brasileiros.

Politizar a pandemia fragmenta a sociedade e enfraquece o engajamento da população o que leva ao descrédito das instituições cujo reflexo será verificado nas urnas como resultado do desastre que se avizinha. Entretanto, não prospera o presidente utilizar-se da bravata do “eu comando” em relação aos demais poderes da República, criando narrativas espúrias para manter os holofotes em si e nas tramas conflituosas de seu governo.

É nesta seara que se combate a pandemia no Brasil. Incertezas quanto ao rumo, dúvidas na utilização de instrumentos de mitigação e sofrimento dos brasileiros que marcham nesta encruzilhada sem liderança e sem ideia clara desta página cujo diagnóstico mostra o caminho por alternativas perigosas ao país.

Rogério do Nascimento Carvalho, colaborador da Diálogos do Sul


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Rogério do Nascimento Carvalho

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