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ToggleNo dia 31 de março de 1964 a nossa democracia recebeu um golpe mortal. Implantou-se um Estado ditatorial, fruto de um golpe civil-militar. Para se manter teve que montar órgãos de segurança e de repressão que prenderam, sequestraram, torturaram, fizeram desaparecer e assassinaram muitas pessoas. Estas mortes não podem ser esquecidas, pois seu sangue clama aos céus e exigem justiça. Estas pessoas estavam sob a guarda do Estado que tem o dever de salvaguardar suas vidas, independente das razões de sua prisão.
Neste 31 de março despertemos a memória destas vítimas e principalmente reforcemos nossa democracia. Ela está sendo ameaçada por um governo de extrema-direita com práticas autoritárias. Ao que parece, vivemos tempos pós-democráticos, pois a Constituição e as leis são com frequência desrespeitadas.
Imagem: Elyeser Szturm
Ilustração
Conclamação:
Numa situação de pandemia do coronavírus, todos nós somos chamados a viver a solidariedade, o cuidado de uns para com os outros, a generosidade de gestos humanitários de ajuda, especialmente aos mais vulneráveis.
Perplexos, acompanhamos o mau exemplo do atual presidente que se comporta em clara desobediência ao que foi acertado pelo próprio governo, saindo do confinamento, misturando-se ao povo e instando para saia às ruas e volte ao trabalho. Tal gesto pode propagar de forma exponencial o coronavírus e causar um colapso no sistema de saúde.
Não obstante estes gestos irresponsáveis, viveremos e subsistiremos, pois a vida sempre se mostrou, em todas as dizimações do passado, resistente e sobreviveu. Ainda uma vez, a Mãe Terra terá compaixão de seus filhos e filhas afetados e nos salvará. Os cristãos creem que Deus “é o apaixonado amante da vida” (Sabedoria 11,26) e não permitirá que esta crise humanitária ceife demasiadas e incontáveis vidas.
Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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