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ToggleMédicos e enfermeiras na primeira linha contra o coronavírus rogam por ajuda imediata, por equipamento de proteção pessoal como máscaras, luvas descartáveis e batas protetoras e os hospitais alertam que não há suficientes respiradores – no país mais rico do mundo.
E apesar de repetidas afirmações do presidente Donald Trump, ainda não há testes suficientes para diagnóstico disponíveis, e em parte, por isso os Estados Unidos estão invadidos pelo coronavírus e ninguém pode precisar que tão grave ou extensa é a contaminação porque o regime de Trump decidiu não começar a fornecer os testes de imediato, aparentemente por considerações políticas.
“Estamos em guerra sem munições”, afirmou um cirurgião na Califórnia.
A Casa Branca continua coordenando só parcialmente a resposta nacional, insistindo em que os governadores de cada estado deveriam resolver essas carências. Embora Trump tenha anunciado há uma semana que invocaria a Lei de Produção de Defesa (DPA) que permite que o governo ordene ao setor privado que fabrique produtos básicos para uma emergência nacional, não o fez.
As principais associações nacionais de médicos (AMA), de enfermeiras (ANA) e de hospitais (AHA), enviaram uma carta conjunta a Donald Trump há dois dias, na qual afirmam que “os hospitais, sistemas de saúde, médicos e enfermeiras dos Estados Unidos lhe instamos que de imediato use o DPA para incrementar a produção doméstica de equipamento médico e os fornecimentos tão desesperadamente necessitados” por todo o setor da saúde.
Todos os dias circulam notícias dessas perigosos carências, bem como solicitações de médicos e hospitais de máscaras, luvas e outros equipamentos necessários para poder administrar testes e tratar pacientes graves em diversos pontos do país.
Em alguns hospitais está sendo reutilizado o equipamento de proteção pessoal, e são usados até lenços e equipamentos feito com o que possa ser encontrado e inventado pelos trabalhadores da saúde.
O grande desafio agora é como evitar que os médicos e enfermeiras atendendo a onda crescente de pacientes se tornem pacientes também. Alguns advertem que se isso acontece “onde colegas estão agora atendendo outros colegas nas UTIs – não há nada mais desestabilizador para os Estados Unidos”, indicou um decano de uma escola de medicina à CNN. “Se não se pode proteger os trabalhadores da saúde e eles ficam doentes, se desmorona o sistema inteiro”, advertiu Nicole Laurie, ex-secretária assistente do Departamento de Saúde durante o governo de Barack Obama, em entrevista ao Washington Post.
Brigham and Womans Hospital
O grande desafio agora é como evitar que os médicos e enfermeiras atendendo a onda crescente de pacientes se tornem pacientes também
Saúde ou Dinheiro?
Enquanto isso, em Washington continua a negociação de um pacote massivo de aproximadamente 1,8 bilhões de dólares para a estabilização e resgate da economia entre líderes legislativos de ambos partidos, em parte uma batalha sobre aqueles que serão os principais beneficiários entre o setor privado e trabalhadores, e comunidades vulneráveis.
A reativação da economia para Trump é obviamente mais importante que controlar o Covid-19, e tem expressado sua crescente impaciência com o fechamento parcial da economia para frear a pandemia afirmando que “não podemos permitir que a cura seja pior que o problema”.
Em entrevista coletiva na Casa Branca, Trump insistiu em que os “Estados Unidos estarão novamente e logo abertos para os negócios”, e indicou que esse “logo” seria antes de três ou quatro meses.
Todo o tempo promoveu medicamentos contra o paludismo para o Covid-19, algo que alarma a especialistas em saúde, ao buscar urgentemente um antídoto para a crise que ele ajudou a detonar.
Los prognósticos sobre a devastação económica são quase incríveis, desde uma caída de 50 por cento em crescimento econômico no segundo trimestre a outros mais otimistas como o do JPMorgan Chase de uma redução de 14 por cento na atividade econômica, enquanto que Goldman Sachs acredita que essa cifra negativa será de 34 por cento e Morgan Stanley de até 30.
Mais estados anunciaram que logo imporão quarentenas parciais, o que levará a que mais de 100 milhões de pessoas, quase um terço do país, viverá sob estas restrições. O número de casos neste país está por chegar a 40 mil, com 458 mortes, segundo cálculos do New York Times.
David Brooks, correspondente de La Jornada em Nova York
La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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