Neste ano, parece que os políticos não tem conseguido conter o seu ódio a classe trabalhadora. Tal qual Paulo Guedes, que atacou as domésticas para defender o dólar alto, Doria atacou os professores em recente declaração em que disse que São Paulo “não remunera professores para ficarem em casa tomando suco de laranja e sendo preguiçosos”.
O governador reacionário ainda tentou usar o discurso de meritocracia para consertar sua frase, alegando que “os professores estão sendo sim bem remunerados, mas remunerados de acordo com a sua produtividade. São Paulo remunera professores que trabalham, esses merecem remuneração, atenção e respeito.”
De fato, SP não paga os professores para tomarem suco de laranja, na verdade, não paga os professores para outras regalias – pois aparentemente suco de laranja virou mordomia – como comer, se vestir e morar dignamente.
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Para Dória, beber suco de laranja é uma mordomia.
Por muitos anos SP, sob as gestões tucanas, desrespeitou o piso salarial nacional para professores. O atual salário de um professor estadual paulista está em torno de R$ 2.577,74, sendo o piso nacional de R$ 2.886,24. Após a absurda frase, Doria tratou de demagogicamente anunciar o aumento de 12,84% equiparando ao piso nacional. Entretanto, manteve a manobra tucana de dar o aumento via abono, o que deixa de impactar no cálculo de vantagens pecuniárias, ou seja, sobre ele não incidirá o adicional local de serviço e a gratificação por função, conforme já denunciou a Apeoesp.
Porém, antes de tudo, é preciso lembrar que seja o piso estadual ou o piso nacional, é vergonhosa a remuneração dada aos professores. Segundo o Dieese o salário mínimo atual deveria ser de R$ 4.347,61, para atender as necessidades básicas do trabalhador e de sua família, como estabelecido na Constituição: moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e Previdência Social.
É preciso lembrar ainda que a categoria de professores trata-se de uma categoria qualificada, com formação superior, o que deveria lhes proporcionar maior renda.
A fala de Doria, porém, revela mais uma vez o desprezo dos políticos pela classe trabalhadora, e em particular pelos professores. As falas de Doria e de Guedes são a expressão da agenda da burguesia para a classe trabalhadora, com o ataque a suas condições de vida. Seja impedir que as empregadas viajem para a Disney, ou até tomar um suco de laranja, o que a burguesia realmente deseja é rebaixar o nível de vida geral da população através de suas reformas.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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