A Chancelaria russa fez, nesta sexta-feira (3), um chamado para que o governo instaurado depois do golpe de Estado de novembro na Bolívia, garanta a participação de todas as forças políticas nas eleições, incluindo o Movimento ao Socialismo (MAS).
“Chamamos todas as forças políticas, antes de mais nada, ao governo transitório da Bolívia, sobre o qual recai uma responsabilidade especial, a garantir ao povo desse país condições para exercer seu direito político para eleger a sua nova direção”, destacou a instituição.
A comunidade internacional espera do governo instaurado pela força “medidas efetivas e responsáveis para a preparação de um processo eleitoral, com a participação de todas as forças políticas”, declarou à Prensa Latina a porta-voz da Chancelaria russa, María Zajorova.
Preocupam as informações de que o recém eleito Tribunal Eleitoral da Bolívia (TEB) poderia suspender o registro do MAS, dirigido pelo ex-presidente Evo Morales, por suposta falsificação dos resultados nas eleições de novembro passado, afirmou a porta-voz.
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Vladimir Putin
A imprensa local recorda que especialistas independentes demonstraram que nas eleições gerais do país sul-americano não houve fraude alguma e reconhecem a vitória de Evo Morales no primeiro turno, com mais de 47% dos votos.
No entanto, ainda que o TEB possua prerrogativas para suspender partidos, a lei eleitoral não contempla nenhuma regulação para proibir a participação de uma entidade política nas eleições pelas razões expostas sobre a suposta fraude, explicou a porta-voz.
Moscou recorda, também, que o MAS reflete uma preferência política de pelo menos 47% (cerca de três milhões) de bolivianos.
Por essa razão, excluir o partido em questão do processo eleitoral colocaria em dúvida sua legalidade e dificultaria qualquer saída a essa crise política, indicou a porta-voz.
A porta-voz da Chancelaria também expressa preocupação pela situação em torno da missão diplomática mexicana em La Paz, que garantiu asilo político a antigos líderes bolivianos.
A embaixada do México está cercada por militares e policiais que revisam quem entra ou sai desse recinto, enquanto se escutam ameaças de membros do governo interino de uma possível operação para tirar à forças as pessoas asiladas, denunciou a funcionária pública.
Nesse sentido, a Rússia fez um chamado a respeitar as normas internacionalmente reconhecidas sobre a imunidade das missões diplomáticas, principalmente, a Convenção de Viena sobre relações diplomáticas de 1961 e as obrigações para respeitar o direito de asilo.