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ToggleClima. Quem diria? A próprias megaempresas e megabilionários por trás da globalização da economia mundial ao longo das últimas décadas, cuja ânsia para garantir alto valor para as ações e forte redução de custos causaram tantos danos ao nosso meio ambiente, seja no mundo industrial seja em economias subdesenvolvidas da África, Ásia, América Latina, são hoje financiadores chefes de movimentos ‘de base’, de “descarbonização”, da Suécia à Alemanha e aos EUA e para além. São surtos de consciência culpada? Ou podemos estar diante de agenda mais profunda, da financialização do ar que se respira e muito mais?
‘Clima’? Siga o dinheiro!
“The oppressors do not favor promoting the community as a whole,
but rather selected leaders”
(Paulo Freire, Pedagogy of the Oppressed)
(Em inglês para que salles & araujos & moros-dallanhóis & tais compreendam.)
Clima. Quem diria? A próprias megaempresas e megabilionários por trás da globalização da economia mundial ao longo das últimas décadas, cuja ânsia para garantir alto valor para as ações e forte redução de custos causaram tantos danos ao nosso meio ambiente, seja no mundo industrial seja em economias subdesenvolvidas da África, Ásia, América Latina, são hoje financiadores chefes de movimentos ‘de base’, de “descarbonização”, da Suécia à Alemanha e aos EUA e para além. São surtos de consciência culpada? Ou podemos estar diante de agenda mais profunda, da financeirização do ar que se respira e muito mais?
Independente de que alguém acredite nos perigos do CO2 e riscos de o aquecimento global criar a catástrofe global de um aumento de 1,5 a 2 graus Celsius na temperatura média nos próximos 12 anos, sempre vale a pena examinar quem está promovendo a atual torrente de propaganda e de ativismo ‘climático’.
Reprodução
Podemos estar diante de agenda mais profunda, da financeirização do ar que se respira?
Finança Verde
Vários anos antes de Al Gore e outros decidirem usar uma jovem sueca para ser o rosto do pôster que promove ação ‘climática’ urgente, ou nos EUA a convocação de Alexandria Ocasio-Cortez para completa reorganização da economia em torno de um New Deal Verde, os gigantes da finança já celebravam esquemas para canalizar centenas de bilhões de dólares em fundos futuros para investimentos em sua empresas, quase sempre imprestáveis ‘de clima’.
Em 2013, depois de anos de cuidadosa preparação, um empresa imobiliária sueca, Vasak Ronan, lançou o primeiro papel ‘de clima’, a ser comercializado em bolsa, a primeira “Ação Verde”. Na sequência vieram outros, dentre os quais Apple, SNCF e o grande banco francês Crédito Agrícola [fr. Credit Agricole]. Em novembro de 2013, a empresa Tesla, de Elon Musk, então afundada em problemas, lançou o primeiro seguro escorado em patrimônio solar. Hoje, segundo algo que circula sob o nome de Iniciativa de Ações Climáticas [ing. Climate Bonds Initiative, já são mais de $500 bilhões que circulam sob a forma de papéis verdes negociados em bolsa, os Green Bonds. Os criadores desse tipo de papel dizem que seu objetivo é conseguir uma grande fatia dos $45 trilhões de ativos gerenciados globalmente e que assumiram o compromisso nominal de investir em “projetos amigos do clima” [ing. climate friendly]”.
Bonnie Prince Charles, futuro monarca do Reino Unido, com o Banco da Inglaterra e a finança da City de Londres, promoveram “instrumentos financeiros verdes”, liderados pelos Green Bonds, para redirecionar planos de aposentadoria e fundos mútuos no rumo de projetos verdes. Ator chave na conexão entre instituições financeiras e a Agenda Verde é o conhecido presidente do Banco da Inglaterra Mark Carney. Em dezembro de 2015, o Conselho de Estabilização Financeira (CEF) do Banco de Compensações Internacionais [ing. Bank for International Settlements’ Financial Stability Board (FSB)], então presidido por Carney, criou a Força-tarefa sobre Informações Financeiras Relacionadas ao Clima [ing. Task Force on Climate-related Financial Disclosure (TCFD)], para assessorar e aconselhar “investidores, instituições de crédito e seguradoras sobre riscos relacionados ao clima.” Sem dúvida, um ‘foco’ bem esquisito para banqueiros presidentes de bancos centrais.
Em 2016, a Força-tarefa sobre Informações Financeiras Relacionadas ao Clima, com a City of London Corporation e o governo do Reino Unido iniciaram a Iniciativa Finança Verde [ing. Green Finance Initiative, com o objetivo de canalizar trilhões de dólares para investimentos “verdes”. Os banqueiros dos bancos centrais centrais do Conselho de Estabilização Financeira nomearam 31 pessoas para formar a Força-tarefa sobre Informações Financeiras Relacionadas ao Clima. Presidida pelo financista bilionário Michael Bloomberg, a força-tarefa incluía gente chave do conglomerado JP Morgan Chase; de BlackRock – uma das maiores gestoras de ativos do mundo, com quase $7 trilhões; o Banco Barclays; o banco HSBC, o banco Londres-Hong Kong repetidas vezes multado por lavar dinheiro de drogas e outros fundos sujos; a seguradora Swiss Re, a segunda maior empresa mundial de resseguro; o Banco ICBC da China; Tata Steel; a petrolífera ENI; Dow Chemical; a gigante BHP Billington de mineração e David Blood da empresa Generation Investment LLC, de Al Gore. De fato, parece que as raposas estão escrevendo as regras do Novo Galinheiro Verde.
Carney, do Banco da Inglaterra também era ator chave em esforços para fazer da City de Londres o centro financeiro da Finança Verde global. O chanceler do Tesouro, Philip Hammond, então já em fim de mandato, distribuiu em julho de 2019 um documento intitulado “Estratégia da Finança Verde: Finança Transformadora para um Futuro mais Verde” [ing. Green Finance Strategy: Transforming Finance for a Greener Future. No documento lê-se que “Uma das iniciativas mais influentes que estão por emergir é a Força-tarefa do setor privado do Conselho de Estabilização Financeira sobre Informações Financeiras Relacionadas ao Clima [ing. Financial Stability Board’s private sector Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD)], apoiada por Mark Carney e presidida por Michael Bloomberg. Já foi endossada por instituições que representam $118 trilhões de ativos globalmente.” Aqui se pode entrever um plano. O plano é a financeirização da economia de todo o mundo, usando o medo e um cenário de fim-de-mundo para alcançar metas arbitrárias tipo “emissões zero de gases de efeito estufa”.
Goldman Sachs, ator protagonista
O onipresente banco Goldman Sachs, de Wall Street, que gerou dentre outros o presidente Mario Draghi, do Banco Central Europeu, e Carney, presidente do Banco da Inglaterra, acaba de revelar o primeiro índice global das principais ações ‘ambientais’, feito em colaboração com o CPD, com sede em Londres, antes chamado Carbon Disclosure Project. O CDP, por sua vez, é financiado por investidores como o banco HSBC, JPMorgan Chase, o Banco da América, Merrill Lynch, Goldman Sachs, American International Group e State Street Corp.
Os dois novos índices, chamados CDP Environment EW and CDP Eurozone EW, visam a atrair investimentos, sistemas estatais de aposentadorias e pensões como o CalPERS (ing. California Public Employees’ Retirement System, Sistema de aposentadoria dos empregados do serviço público da Califórnia) e CalSTRS (Sistema de aposentadoria dos professores do Estado da Califórnia) com mais de $600 bilhões em ativos, para investir no seleto conjunto de alvos. Dentre as empresas mais bem cotadas no índice estão Alphabet, proprietária de Google, Microsoft, ING Group, Diageo, Philips, Danone e, muito convenientemente,Goldman Sachs.
Entram Greta, Alexandria Ocasio-Cortez & Co.
Nesse ponto, os eventos fazem um giro cínico, e somos confrontados com ativistas ‘do clima’ furiosamente populares, fortemente promovidas, como Greta Thunberg da Suécia ou Alexandria Ocasio-Cortez, 29 anos, de New York e o New Deal Verde. Por mais sinceras que sejam (ou que fossem) essas ativistas, há máquina financeira ativíssima e bem lubrificada que as promove com finalidades de lucro.
Greta Thunberg é parte de uma rede muito bem relacionada ligada à empresa de Al Gore que está sendo ‘marketada’ cinicamente e profissionalmente por agências como ONU e Comissão Europeia e todos os interesses financeiros que estão por trás da agenda ‘climática’ que está sendo implantada.
Como a pesquisadora e ativista pró-atenção ao clima Cory Morningstar, documenta numa excelente série de postados [“A Construção do consenso em torno de Greta Thunberg” (ing.)], a jovem Greta está operando com uma bem tecida rede de agentes ligados a Al Gore, norte-americano, investidor e extraordinariamente rico aproveitador do ‘clima’. Al Gore é presidente do grupo Generation Investment. Seu sócio, ex-funcionário do banco Goldman Sachs, David Blood, como já anotado, é membro da as noted earlier, is a member da Força-tarefa sobre Informações Financeiras Relacionadas ao Clima criada no Banco de Compensações Internacionais [ing. TCFD].
Greta Thunberg e sua amiga ‘climática’ norte-americana de 17 anos, Jamie Margolin, foram recrutadas como “consultoras e ativistas especiais para a juventude” [ing. “special youth advisor and trustee”] da ONG sueca We Don’t Have Time [Não Temos Tempo], fundada por seu presidente-executivo Ingmar Renzhong. Renzhong é membro do grupo Líderes da Organização Realidade Climática [ing. Climate Reality Organization Leaders], de Al Gore, e integra a Força-tarefa Política Climática Europeia [ing. European Climate Policy Task Force]. Foi treinado em março de 2017 por Al Gore em Denver, e novamente em junho de 2018, em Berlin. O Projeto Realidade Climática, de Al Gore, é organização parceira de We Don’t Have Time.
A deputada Alexandria Ocasio-Cortez (AOC), que causou furor nos seus primeiros dias no Congresso dos EUA, ao propor um “New Deal [lit. Novo Pacto] Verde” para reorganizar completamente a economia dos EUA ao custo de talvez $100 trilhões, tampouco opera sem orientação profissional. AOC admitiu abertamente que se candidatou a uma cadeira no Congresso por insistência de um grupo chamado Justice Democrats. Disse numa entrevista: “Não teria concorrido sem o apoio de Justice Democrats e Brand New Congress [aprox. ‘Congresso Novo em Folha’]. Umm, de fato, não fosse por essas organizações, ambas, que, em primeiro lugar, me pediram que me candidatasse. Essas organizações me telefonaram há um ano e meio…”
Agora, já eleita, Zack Exley, co-fundador dos Justice Democrats é um dos conselheiros de AOC. Exley foi membro da Open Society e recebeu fundos, dentre outros, das Open Society Foundations e da Ford Foundation para criar uma organização da qual nasceram os Justice Democrats para recrutar candidatos ao Parlamento.
A Agenda Real é Econômica
Os elos que conectam os maiores grupos financeiros do mundo, bancos centrais e empresas globais para o impulso atual a favor de estratégia ‘climática’ radical, na direção de abandonar a economia dos combustíveis fósseis, em favor de uma economia verde vaga, jamais satisfatoriamente explicada, parece, têm menos a ver com qualquer genuína preocupação com tornar nosso planeta ambiente limpo e saudável onde viver. Na verdade, há uma agenda, intimamente conectada à UN Agenda 2030 [Agenda 2030 da ONU] para economia ‘sustentável’, e para encaminhar literalmente trilhões de dólares de novas riquezas diretamente para bancos globais e gigantes financeiras que são, esses sim, o verdadeiro poder hoje mobilizado.
Em fevereiro de 2019, depois de Greta discursar para a Comissão Europeia em Bruxelas, o então presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker, depois de galantemente beijar a mão de Greta, pareceu estar realmente decidido a agir. Declarou a Greta e à imprensa, que empregaria centenas de bilhões de euros nos próximos dez anos, para resistir contra a mudança do clima. Juncker propôs que, entre 2021 e 2027, “um, de cada quatro euros gastos no orçamento da União Europeia fosse destinado a ações para mitigar a mudança do clima.” O que o esperto Juncker não disse é que a decisão nada tinha a ver com os pedidos da jovem ativista sueca. A decisão já estava tomada em conjunção com o Banco Mundial há um ano, desde 26/9/2018, na Cúpula One Planet Summit, com Banco Mundial, Fundações Bloomberg, Fórum Econômico Mundial e outros grupos. Juncker serviu-se espertamente da atenção que a mídia dava à jovem sueca, para promover a sua própria agenda ‘climática’.
Dia 17/10/2018, dias depois do acordo da União Europeia na Cúpula One Planet, a UE de Juncker assinou um Memorando de Entendimento com Breakthrough Energy-Europe [Energia Inovadora-Europa] pelo qual corporações-membros de Energia Inovadora-Europa terão acesso preferencial a quaisquer financiamentos.
Entre os membros de Energia Inovadora estão Richard Branson, de Virgin Air; Bill Gates; Jack Ma, de Alibaba; Mark Zuckerberg, de Facebook; Sua Alteza Real Príncipe Al-waleed bin Talal; Ray Dalio, de Bridgewater Associates; Julian Robertson, do hedge fund gigante Tiger Management; David Rubenstein, fundador de Carlyle Group; George Soros, presidente de Soros Fund Management LLC; Masayoshi Son, fundador do Softbank, Japão.
Que ninguém se engane. Quando as mais influentes corporações multinacionais, os maiores investidores institucionais incluindo BlackRock e Goldman Sachs, a ONU, o Banco Mundial, o Banco da Inglaterra e outros bancos centrais da linha de apoio do Banco de Compensações Internacionais para financiar uma chamada Agenda verde, chama-se New Deal Verde ou o que for, é hora de examinar a agenda real, por baixo da superfície das campanhas de ativistas ‘climáticos’. O quadro que emerge é um esforço para reorganizar as finanças da economia mundial, usando ‘o clima’ – processo com o qual a ordem de grandeza do Sol e da energia do Sol tem mais a ver do que o esforço da humanidade –, para tentar nos convencer, a nós, o povo comum, a fazer qualquer sacrifício, até os mais indescritíveis para “salvar nosso planeta”.
Em 2010, o presidente do Grupo de Trabalho 3, do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudança do Clima, Dr. Ottmar Edenhofer, disse a um entrevistador que “é preciso dizer claramente que redistribuímos de fato a riqueza mundial, com política ‘climática’. Temos de nos livrar da ilusão de que política internacional para o clima seria política ambiental. A política internacional para o clima tem quase nada a ver com política para o meio ambiente, com problemas de desflorestamento ou o buraco de ozônio.” Depois disso, a estratégia da política econômica passou a ser desenvolvida com muito maior desenvoltura.*******
* F. William Engdahl é consultor e conferencista especialista em questões de risco estratégico. É graduado em Política pela Universidade de Princeton e é autor de análises sobre petróleo e geopolítica, com exclusividade para a revista online “New Eastern Outlook”.
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