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Educação de qualidade para todos, uma meta ainda muito distante de ser alcançada

Urge garantir mais acesso para as meninas, sobretudo em regiões como a África, onde há uma alta prevalência do matrimônio infantil e da gravidez precoce
Ibis Frade
Prensa Latina

Tradução:

O acesso à educação aparece como uma meta demasiado distante para milhões de crianças e jovens de todo o mundo, especialmente os que vivem em países de escassos recursos em regiões como a África. 

De acordo com o secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, a educação transforma vidas e está no coração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Mas, falta maior compromisso dos líderes mundiais e ações mais fortes para garantir o acesso à educação, coincidiram na ONU representantes de diferentes países e organizações. Reunidos com motivo do Dia Internacional da Educação – 24 de janeiro – diplomatas e especialistas assinalaram que essa é uma data para chamar a atenção sobre o muito que ainda falta por fazer nessa área.

A subdiretora geral de Educação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Stefania Giannini, destacou a necessidade de obter uma formação de qualidade e inclusiva para todos. 

Ante uma pergunta da Prensa Latina, disse que urge garantir mais acesso para as meninas, sobretudo em regiões como a África, onde há uma alta prevalência do matrimônio infantil e da gravidez precoce. 

A brecha de gênero é dramática em muitas áreas, como no caso da África, que é uma prioridade geopolítica para a Unesco, recalcou. 

Além disso, disse que a educação deveria ser colocada no centro das agendas políticas, pois é a base para o desenvolvimento das sociedades. 

Também falou da importância de garantir acesso ao ensino para os refugiados e migrantes: os Governos devem levar em conta esse aspecto e incluí-los em seus sistemas pedagógicos, garantir a eles aulas no idioma da comunidade de acolhida, entre outras iniciativas. 

Giannini se referiu ao papel da educação superior e às variações da qualidade do ensino entre uma região e outros, o que impede que, às vezes, determinadas competências sejam reconhecidas.

A formação de professores e a necessidade de oferecer maiores habilidades digitais são outros dois aspectos destacados entre os problemas detectados pela Unesco. Tudo isso demanda mais apoio da comunidade, recalcou a alta representante dessa organização. 

Por sua parte, o embaixador da Nigéria ante a ONU, Tijjani Muhammad Bande, considerou que ainda falta um longo caminho para garantir a educação para todos. Há grande desafios pela frente, como a capacitação dos professores, um elemento essencial para uma educação de qualidade. 

Outros obstáculos são a falta de espaços adequados nas escolas, como por exemplo, as instalações sanitárias deficientes, o que afeta em maior medida às meninas e às adolescentes. 
O diplomata nigeriano observou que, embora existam grandes brechas entre as diferentes regiões, todos os seres humanos devem receber uma educação de qualidade. 

O vice-ministro de Relações Exteriores da Noruega, Jens Frolich Holte, insistiu na necessidade de garantir educação para as meninas e advertiu sobre a falta de acesso às tecnologias em lugares como a África e a América Latina.

De acordo com dados da Unesco, pelo menos 262 milhões de menores de idade e jovens ainda não frequentam a escola, enquanto que 617 milhões de crianças e adolescentes não atingem um nível mínimo em leitura e matemática. 

Nos países de baixa renda, as crianças e os jovens pobres têm mais de duas vezes menos probabilidade de completar a educação primária que os ricos, indicam dados publicados pelo Instituto de Estatísticas da Unesco e o Informe de acompanhamento da Educação Mundial. 

As crianças nas áreas rurais têm mais do dobro de possibilidades de não frequentar uma escola que as crianças que vivem em áreas urbanas. Apenas dois por cento das meninas mais pobres em países de baixa renda completam a escola secundária. 

Esses dados ressaltam a necessidade de medidas urgente para reduzir as desigualdades e colocar a educação entre as prioridades dos países do mundo. 

O ensino é “uma força para a dignidade, para a oportunidade e para a paz”, considerou o titular do organismo multilateral, que rememorou que muito antes de servir nas Nações Unidas ou de ocupar um cargo público em Portugal, foi professor nos bairros humildes de Lisboa. 

Guterres lançou um chamado a um maior compromisso político nesse setor, considerado uma força impulsora para alcançar os ODS. 

Por primeira vez, depois de sua proclamação no ano anterior, no dia 24 de janeiro passado comemorou-se ao Dia Internacional da Educação com o fim de reconhecer o papel desse setor para a paz e o desenvolvimento. 

A sede da ONU em Nova York acolheu nesta data um evento para chamar a atenção sobre os escassos progressos encaminhados a obter o Objetivo 4 das ODS: Garantir uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade e promover oportunidades de aprendizagem. 

Segundo as Nações Unidas, um ensino de qualidade é a base para melhorar a vida das pessoas e o desenvolvimento sustentável.

O Dia Internacional da Educação foi proclamado pela Assembleia Geral da ONU em uma resolução na qual os Estados membros reconheceram o papel fundamental da formação do ser humano para construir sociedades mais resilientes, inclusivas e pacíficas.

*Correspondente da Prensa Latina nas Nações Unidas.

Especial da Prensa Latina para Diálogos do Sul. Direitos Reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Ibis Frade

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