As eleições presidenciais de 2018 foram marcadas por uma profunda polêmica no que diz respeito à educação sexual. Entre as enxurrada de notícias falsas, havia termos como “kit gay”, “ideologia de gênero”, e “sexualização das crianças”, o debate pobre, apagava a seriedade que o assunto merece. Segundo pesquisa do Instituto Datafolha, 54% dos brasileiros são favoráveis a discussão da temática nas salas de aula.
A educação sexual é extremamente importante e deve sim ser matéria obrigatória nas escolas. Por quê? Ora, a escola forma para a vida. A vida em sociedade, a vida laboral, a vida como cidadã(o). Logo, não se deve excluir a dimensão sexual desta formação. É parte inerente e indissociável do ser humano.
Blog Padre Paulo Ricardo
Neste artigo, iremos trazer 5 motivos pelos quais se deve ensinar educação sexual no ensino básico.
1. Controle das DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis)
Sim! Um dos argumentos centrais é justamente este: trazer ao aluno informações úteis que o ajude a entender a gravidade e complexidade de doenças sexualmente transmissíveis e as formas de proteção, como o uso de camisinha e etc. Segundo o Ministério da Saúde, houve o aumento de jovens dos 20 aos 24 anos que contraíram HIV entre os anos de 2005 e 2015. Um dos sinais que mesmo ultra-conectada, a geração mais jovem precisa se conscientizar mais sobre a necessidade do uso de preservativos.
2. Gravidez indesejada
Segundo pesquisas, jovens (garotas) que engravidam em idade escolar têm uma maior dificuldade de completar seus estudos. Muitas destas adolescentes são obrigadas a abandonar a escola para cuidar de seus filhos, e tem dificuldades para conseguir emprego. Esse tipo de gravidez tem uma maior incidência nas camadas mais pobres da população, o que causa um ônus ainda maior.
3. Pedofilia e abusos sexuais
Segundo o jornal “Gazeta Online”, uma menina de apenas 11 anos denunciou o padrasto após assistir uma palestra sobre educação sexual em sua escola, em Vila Velha, no estado do Espírito Santo. O ensino sexual ajuda as alunas a terem uma maior consciência sobre seus corpos e sobre o que é um abuso.
Além disso, é de suma importância para preparar as alunas (principalmente) para o ambiente de trabalho. Em uma sociedade machista em que a mulher é entendida, principalmente, como mero objeto sexual, não são raros os casos de assédio sexual.
4. LGBTfobia
O preparo para a vida em sociedade que é diversa pressupõe uma formação para lidar com o diferente. O Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo inteiro, número maior do que países que têm leis que punem com a morte as pessoas Ts, como é caso da Arábia Saudita.
5. A dimensão sexual
Nossa cultura judaico-cristã entende o corpo como a fonte do mal que deve ser contida a todo o custo. Uma das formas de realizar a contenção é por meio do controle sobre a sexualidade. Porém, não se pode excluir a sexualidade das prioridades humanas. Ela é uma dimensão tão importante quanto a econômica, política e religiosa. Claro, que cada pessoa possui suas especificidades, suas vontades, desejos e também tempos. Não podemos criar um padrão de como deve ou não ser o sexo (como a pornografia faz).
A educação sexual é obrigatória na Alemanha, os pais que não levarem seus filhos para assistir estas aulas correm o risco, inclusive!, de serem presos. O controle de DSTs, a prevenção da gravidez indesejada na adolescência, a luta pelo fim dos abusos sexuais em suas mais variadas facetas, o fim da LGBTfobia e enfatizar a importância da vida sexual são algumas das contribuições da educação sexual.
Projetos como o Escola sem Partido propõe limitar (se não findar) tais discussões. Não devemos voltar para a idade média. A escola forma para a vida em sociedade, e obviamente a família também o faz, sendo um primeiro contato de socialização da criança. Não estamos apagando as mães e pais. Todo o processo educativo deve ser feito em simbiose com a comunidade escolar, que inclui pais e responsáveis.
A educação sexual deve ser entendida com seriedade, e adaptada para a idade do educando.